São Paulo, Sábado, 13 de Novembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONJUNTURA
Ministro afirma que meta inflacionária para este ano será cumprida", pois alta é localizada
Inflação não vai voltar, afirma Malan

da Sucursal do Rio

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que, apesar da alta verificada em outubro, a inflação deste ano ficará dentro da meta traçada pelo governo, de 8% com margem de dois pontos percentuais para baixo ou para cima. "Os 8% deste ano nós vamos alcançar, dentro da margem", disse o ministro.
Segundo Malan, "a maioria esmagadora" dos preços que puxaram a alta de 1,19% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) -o índice adotado nas metas do governo- é formada por "aumentos transitórios que não se pode projetar para o futuro".
Malan destacou os automóveis novos, com contribuição de aproximadamente 0,4% na composição do índice, como um aumento que não deve se repetir a curto prazo. O aumento de 12%, segundo o ministro, foi consequência do fim do regime que dava isenções de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os carros.
Ele citou a carne (contribuição de 0,2%) como um produto que subiu pressionado por uma entressafra muito forte. O aumento do álcool, segundo ele, foi consequência de mudanças na política para o produto e "de algum abuso".
"O índice não sugere que isso aqui seja o início de uma trajetória ascendente para o futuro", afirmou Malan. As declarações foram feitas em discurso de 50 minutos em almoço em sua homenagem promovido por 28 entidades empresariais do Rio.
Malan não deu entrevista, mas em resposta a perguntas rápidasfeitas pelos jornalistas disse que "o tempo dirá" qual o nível de inflação que vai permitir a retomada da queda dos juros e afirmou que "a inflação no Brasil não voltará".
No discurso, Malan defendeu a margem de oscilação de dois pontos percentuais adotada nas metas inflacionárias do governo, relacionando dois motivos para isso
O fato de o Brasil não ter um sistema de núcleo inflacionário (inflação expurgada de fatores temporários ou voláteis); e a necessidade de proteger as metas contra os efeitos de acontecimentos externos sobre a economia do país.

Manchete
Sem citar a Folha, Malan afirma que "um jornal menciona hoje (ontem), em grande manchete em oito (sic) colunas a idéia de que a "Fazenda vai controlar tarifas públicas". Queria aproveitar a oportunidade para dizer que não é correta a manchete".
Na realidade, o ministro está equivocado, pois Folha não afirma isso, a manchete diz: "Fazenda quer limitar alta der tarifas", o que o próprio secretário de Acompanhamento Econômico, Cláudio Considera confirma (leia reportagem ao lado).
O próprio ministro confirma a informação da Folha ao afirmar que "o que estamos discutindo é simplesmente a questão da aplicação dos contratos que existem hoje e que presidem os processos de correção desses preços".
Pouco depois o ministro diz que "não vamos utilizar a capacidade de eventual interferência do governo em sistemas de tarifas públicas como mecanismo de controlar a inflação". "Os contratos serão respeitados, mas não mais que isso", disse o ministro.
O ministro Malan traçou um panorama favorável para a economia nos próximos anos, caso o país não cometa erros, realçando que "no Brasil isso é sempre possível".
Disse que a economia vai crescer cerca de 4% no próximo ano e em uma média superior a 4% em 2001 e 2002. Para este ano, previu que será "ligeiramente positivo".


Texto Anterior: Mercado financeiro: Dólar acumula alta de 0,73% na semana
Próximo Texto: Novo índice é descartado por ministro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.