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MERCADO ABERTO
Real forte afeta lucro da indústria
A supervalorização do real já
começa a custar caro à indústria. O ganho dessas
companhias caiu significativamente no terceiro trimestre,
segundo estudo do Iedi com o resultado no período de 24 empresas de dez diferentes setores.
O lucro das empresas caiu de
R$ 2,7 bilhões para R$ 2,3 bilhões
na comparação com o terceiro
trimestre de 2004 (-14,3%). Ou
seja, a valorização do real respondeu por parte significativa da
perda de R$ 400 milhões.
De acordo com o Iedi, o lucro
dessas empresas sobre a receita
líquida caiu de 16,44% para
13,74%. A queda da rentabilidade
sobre o patrimônio líquido foi de
7,44% para 5,99%.
Apesar do lucro menor, a receita cresceu 3,4% em média na
comparação dos períodos. As
empresas estão vendendo mais,
mas seus lucros são menores.
O economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Iedi, diz que
cerca de 70% das empresas do estudo são afetadas de forma direta
pela situação cambial. Segundo o
Iedi, o real se valorizou 20,4% no
período. O trabalho avaliou os
seguintes setores: bebidas e fumo, papel, siderurgia, química,
metalurgia, material de transporte, têxtil, máquinas e equipamentos, calçados e cosméticos.
São setores, segundo ele, que
sofrem influência do câmbio seja
por serem exportadores ou por
enfrentarem a concorrência de
empresas de fora do país.
A boa notícia é que a dívida das
empresas caiu com a valorização
do câmbio, já que parte expressiva desses recursos sofre efeito da
variação cambial. O endividamento total dessas empresas caiu
de 27% para 25,21% sobre o ativo
total, e de 59,1% para 54,2% sobre o patrimônio líquido.
Ele observa que o cenário de
valorização cambial é pouco propício a estimular novos investimentos, devido ao risco iminente
de desvalorização. "Com isso, os
agentes empresariais têm tendência ao conservadorismo com
relação a investimentos."
AMEAÇA AO NATAL
As greves de funcionários públicos com cargo vitalício, como a dos
fiscais do Ministério da Agricultura em Manaus, têm preocupado as
empresas. O movimento ameaça paralisar a produção de eletroeletrônicos de consumo no pólo industrial de Manaus já nesta semana
por falta de componentes importados. Centenas de processos de importação estão parados nos portos e aeroportos do Estado, e a volta
de 30% dos fiscais não vai amenizar a situação, diz Paulo Saab, presidente da Eletros (associação do setor). "As empresas e os consumidores são os maiores prejudicados com essa situação", afirma Saab,
que lembra ser este um período importante devido ao Natal.
PARCERIA
Em meio ao "vendaval" de
CPIs, o BMG, envolvido nas acusações a Marcos Valério, acaba
de fechar um acordo com o Citibank. O banco americano irá repassar US$ 100 milhões para serem aplicados em linhas de crédito consignado pelo BMG, uns
dos que mais emprestam recursos nessa modalidade no país.
VOLTA ÀS ORIGENS
Depois de dois anos, o Mercado Mundo Mix volta a São
Paulo no próximo fim de semana, na praça Roosevelt, no
centro. Nesse intervalo, o
criador e até hoje organizador
do evento de moda, música e
design, Beto Lago, levou-o
para Portugal, onde realizou
oito edições, com apoio de
empresas e prefeituras. "Estava num ritmo em que organizava o evento três vezes por mês, em 15 cidades. Nem sabia mais por que fazia aquilo.
Recomeçar em Portugal me
fez ver novamente a importância de dar espaço a jovens
criadores e de aglutinar tendências." A volta a SP, onde a
feira nasceu, em 1994, deu-se
a partir de convite da prefeitura para ajudar na revitalização do centro e terá como novidade um caráter mais social
-foram acertadas, por
exemplo, parcerias com entidades do terceiro setor.
DESAQUECIMENTO
A produção de papelão ondulado, tido como um dos termômetros da economia, deve evoluir 2% neste ano ante 2004, diz
Paulo Sérgio Peres, presidente da
associação nacional do setor,
com base nos resultados de janeiro a outubro. O dado pode ser
interpretado como um sinal de
desaquecimento da atividade.
CUSTO MALUF
A construção da avenida
Roberto Marinho (ex-Águas
Espraiadas) está no centro das
acusações de desvios de dinheiro ao ex-prefeito de São
Paulo Paulo Maluf. Ao redor
dela, cerca de 18 mil pessoas
vivem precariamente em favelas como as do Buraco Quente, Zoião, Comando e Piolho.
"Dá tristeza ver que o dinheiro que poderia ajudar
tanta gente é usado em proveito próprio de só uma pessoa",
diz Denise Alves, presidente
da ONG Gotas de Flor com
Amor, que atende 350 crianças dessas comunidades.
Pelas investigações do Ministério Público, o custo total
da obra foi de US$ 600 milhões. O desvio, segundo o
promotor Sílvio Marques, que
acompanha o caso, pode chegar a US$ 350 milhões.
A solução dos problemas
das favelas teria valor aproximado. O professor de planejamento urbano da USP Nabil
Bonduki diz que, na época da
construção da avenida, havia
um projeto para remover as
8.000 famílias que viviam lá
por cerca de R$ 300 milhões.
Os números da ONG são
bem mais modestos. Segundo
Denise, R$ 60 mil mensais são
suficientes para custear oficinas profissionalizantes, atendimento médico, alimentação
e laboratório de informática.
Para ela, a falta de saneamento básico e de opções de
lazer são os grandes problemas da comunidade. O tráfico
de drogas é outro distúrbio.
Na quarta à tarde, durante a
visita da reportagem à favela,
jovens vendiam drogas nas
margens da avenida.
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