São Paulo, terça-feira, 13 de novembro de 2007

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Apagão tira do ar fórum de internet da ONU no Rio

Sistema cai em evento que discute rumos da rede

ITALO NOGUEIRA
RAPHAEL GOMIDE

DA SUCURSAL DO RIO Na abertura do Fórum de Governança da Internet, promovido pela ONU (Organização das Nações Unidas), os computadores e a internet pifaram e saíram do ar por mais de uma hora em ao menos três salas do hotel Windsor, que abriga o evento internacional, com mais de 1.200 participantes.
Segundo técnicos de informática que davam suporte ao sistema, um dos geradores destinados a garantir energia parou de funcionar, o que ocasionou o problema -gerando a situação irônica de a internet não funcionar durante o fórum que discute as diversas implicações de seu uso no mundo.
A queda de energia ocorreu às 15h40, e um dos locais atingidos pelo apagão foi a sala de imprensa, com 20 computadores destinados a profissionais de todo o mundo. Os dois aparelhos de TV de plasma da sala de imprensa, que deveriam transmitir ao vivo as discussões, tampouco funcionaram durante todo o dia.
A abertura do fórum contou com a presença dos ministros Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), Gilberto Gil (Cultura) e Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) e a do chinês Sha Zukang, secretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais, que representou o secretário-geral do órgão, Ban Ki-moon, também no Brasil ontem.
Zukang protagonizou um momento embaraçoso, durante entrevista coletiva, ao evitar responder à pergunta de um jornalista italiano sobre censura do governo da China ao uso da internet naquele país. Ele argumentou que a pergunta havia sido dirigida à pessoa errada e talvez devesse ter sido feita há quatro meses, quando era embaixador da China.
"Agora, na ONU, sou neutro: não vou defender ou não. Individualmente, sou pela liberdade de informação, é um direito humano básico. Mas liberdade não significa liberdade para fazer tudo. Você não está livre para divulgar terrorismo pela rede ou divulgar pedofilia. Liberdade, sim, porém com certas regras, chame você de censura ou não. Mas deveria ver a produção de internet na China e veria como está difundida a rede por lá e poderia dizer se gosta ou não", disse.
A Anistia Internacional divulgou nota em que critica o aumento das restrições à liberdade de expressão e o crescente desrespeito aos direitos humanos na internet.
Outro painel tratou do tema segurança na rede de computadores. Para a subsecretária-geral do Conselho da Europa, Maud de Boer-Buquicchio, a busca por segurança na internet pode, paradoxalmente, "criar um ambiente menos seguro do que seguro", sacrificando direitos, privacidade e outras liberdades em nome da segurança. "Queremos segurança com o máximo de direitos e o mínimo de restrições, enquanto buscam garantir certo nível de segurança. Queremos acesso a preço razoável, irrestrito, seguro e diverso", disse ela.
Os ministros brasileiros assinaram ontem uma portaria interministerial que tem como objetivo o desenvolvimento da "infovia nacional" e criar iniciativas para fortalecer a capacitação da população no acesso à rede, de modo a não restringi-lo apenas à "elite qualificada", disse Unger. Segundo pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, apenas 19% das residências têm computadores e 14,5%, com acesso à internet (metade via telefone). Não há estimativa do valor a ser gasto com a iniciativa, disse Unger.


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