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Apagão tira do ar fórum
de internet da ONU no Rio
Sistema cai em evento que discute rumos da rede
ITALO NOGUEIRA
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Na abertura do Fórum de
Governança da Internet, promovido pela ONU (Organização das Nações Unidas), os
computadores e a internet pifaram e saíram do ar por mais de
uma hora em ao menos três salas do hotel Windsor, que abriga o evento internacional, com
mais de 1.200 participantes.
Segundo técnicos de informática que davam suporte ao
sistema, um dos geradores destinados a garantir energia parou de funcionar, o que ocasionou o problema -gerando a situação irônica de a internet não
funcionar durante o fórum que
discute as diversas implicações
de seu uso no mundo.
A queda de energia ocorreu
às 15h40, e um dos locais atingidos pelo apagão foi a sala de
imprensa, com 20 computadores destinados a profissionais
de todo o mundo. Os dois aparelhos de TV de plasma da sala
de imprensa, que deveriam
transmitir ao vivo as discussões, tampouco funcionaram
durante todo o dia.
A abertura do fórum contou
com a presença dos ministros
Mangabeira Unger (Assuntos
Estratégicos), Gilberto Gil
(Cultura) e Sérgio Rezende
(Ciência e Tecnologia) e a do
chinês Sha Zukang, secretário-geral da ONU para Assuntos
Econômicos e Sociais, que representou o secretário-geral do
órgão, Ban Ki-moon, também
no Brasil ontem.
Zukang protagonizou um
momento embaraçoso, durante entrevista coletiva, ao evitar
responder à pergunta de um
jornalista italiano sobre censura do governo da China ao uso
da internet naquele país. Ele
argumentou que a pergunta havia sido dirigida à pessoa errada
e talvez devesse ter sido feita há
quatro meses, quando era embaixador da China.
"Agora, na ONU, sou neutro:
não vou defender ou não. Individualmente, sou pela liberdade de informação, é um direito
humano básico. Mas liberdade
não significa liberdade para fazer tudo. Você não está livre para divulgar terrorismo pela rede ou divulgar pedofilia. Liberdade, sim, porém com certas
regras, chame você de censura
ou não. Mas deveria ver a produção de internet na China e
veria como está difundida a rede por lá e poderia dizer se gosta ou não", disse.
A Anistia Internacional divulgou nota em que critica o
aumento das restrições à liberdade de expressão e o crescente
desrespeito aos direitos humanos na internet.
Outro painel tratou do tema
segurança na rede de computadores. Para a subsecretária-geral do Conselho da Europa,
Maud de Boer-Buquicchio, a
busca por segurança na internet pode, paradoxalmente,
"criar um ambiente menos seguro do que seguro", sacrificando direitos, privacidade e outras liberdades em nome da segurança. "Queremos segurança
com o máximo de direitos e o
mínimo de restrições, enquanto buscam garantir certo nível
de segurança. Queremos acesso
a preço razoável, irrestrito, seguro e diverso", disse ela.
Os ministros brasileiros assinaram ontem uma portaria interministerial que tem como
objetivo o desenvolvimento da
"infovia nacional" e criar iniciativas para fortalecer a capacitação da população no acesso
à rede, de modo a não restringi-lo apenas à "elite qualificada",
disse Unger. Segundo pesquisa
do Comitê Gestor da Internet
no Brasil, apenas 19% das residências têm computadores e
14,5%, com acesso à internet
(metade via telefone). Não há
estimativa do valor a ser gasto
com a iniciativa, disse Unger.
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