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Preço do álcool não cai para os consumidores
DA ENVIADA ESPECIAL A
PERNAMBUCO
Na queda-de-braço entre
os produtores de álcool e as
distribuidoras, um ponto é
inequívoco: a queda dos preços não é transferida aos
consumidores.
Enquanto para o produtor
o litro de álcool baixou
16,48% de maio a setembro,
o preço médio nos postos de
combustível de Pernambuco
recuou apenas 1,86%.
Segundo dados do Sindicom (Sindicato Nacional das
Empresas Distribuidoras de
Combustíveis e Lubrificantes), enquanto o preço de
compra na usina esteve em
R$ 0,76 por litro em setembro, o consumidor pagou, em
média, R$ 1,58 pelo litro do
combustível em Pernambuco. Com quem ficou a diferença de 108%?
Para tentar responder à
pergunta, a Assembléia Legislativa de Pernambuco fez
audiência pública na última
quarta-feira, com a presença
de fornecedores de cana, usineiros, distribuidores, postos de combustíveis, Procon
e do governo do Estado.
Ao final de quase três horas de discussão, não houve
consenso. Para as distribuidoras, o vilão é o Estado, que
recolhe R$ 0,56 de impostos
em cada litro de álcool vendido, e os usineiros sonegadores que vendem álcool de forma clandestina, sem nota fiscal, a preços menores do que
o mercado oficial.
Para a Secretaria estadual
da Fazenda, os impostos não
explicam a manutenção dos
preços altos na bomba, porque a alíquota e a base de cálculo foram as mesmas em
maio e em setembro.
Os usineiros e os fornecedores de cana reclamam da
concentração do mercado de
distribuição e a falta de regulação pelo governo.
O presidente do Sindicato
dos Cultivadores de Cana do
Estado, Gerson Carneiro
Leão, diz que a cana está sendo vendida às usinas a R$ 29
a tonelada, contra R$ 50 praticados no ano passado. Para
ele, as distribuidoras agem
como cartel. O Sindicom diz
que há 170 distribuidoras no
país, e nega haver cartel.
Margem
A comparação da estrutura de custos do álcool mostra
aumento da margem das distribuidoras. Segundo dados
apresentados pelo diretor de
Defesa da Concorrência do
Sindicom, Elvio Rebeschini,
as distribuidoras saíram de
uma suposta margem negativa de R$ 0,06 por litro em
maio para uma margem positiva de R$ 0,04 em setembro. Ou seja, ganharam R$
0,10 por litro em quatro meses. A margem dos postos,
naquele mês, foi de R$ 0,20
por litro, segundo dados do
Sindicom.
O aumento do ganho dos
distribuidores é atribuído à
resolução nº 7, da ANP, de
março deste ano, que obriga
os postos a só comprarem
combustíveis da distribuidora de sua bandeira, e limita a
5% a venda de álcool entre as
distribuidoras. A medida diminuiu a concorrência na
distribuição, e as chamadas
"distribuidoras de aluguel".
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