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Governo cede, e compra de bancos é aprovada
Oposição impõe restrições para aprovar a MP que autoriza BB e Caixa a adquirir instituições e empresas em dificuldades
Principal mudança no texto estabelece junho de 2011 como limite para as compras e para a criação de uma comissão de fiscalização
MARIA CLARA CABRAL
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados
aprovou ontem, com algumas
restrições, a medida provisória
que autorizou os bancos estatais a adquirirem instituições
financeiras e empresas em dificuldades e que viabiliza a venda
da Nossa Caixa para o BB (Banco do Brasil). O governo aceitou
algumas mudanças exigidas pela oposição, como a determinação do prazo até junho de 2011
para as compras e a criação de
uma comissão de fiscalização,
mas conseguiu manter as principais propostas do Executivo.
A negociação política exigiu
que o governo cedesse à pressão do PMDB, partido com a
maior bancada na Câmara (94
deputados). A MP incluiu a autorização para a criação de uma
linha de crédito para que o
BNDES empreste R$ 3 bilhões
a empreiteiras que têm obras
do PAC, proposta de autoria do
líder do partido, Henrique
Eduardo Alves (RN).
A oposição, que tentou sem
sucesso derrubar a emenda do
PAC em votação nominal no
plenário, reclamou. "É uma estupidez. É óbvio que isso está
direcionado, estão usando uma
causa positiva, como o PAC, para contrabando. Isso envergonha o parlamento", disse o líder
tucano na Câmara, deputado
José Aníbal (SP). Segundo o relator, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), a autorização não
obriga o Executivo a regulamentar a medida.
A oposição também tentou
limitar as compras de construtoras pela Caixa, mas acabou
sendo derrotada em outra votação nominal.
DEM e PSDB queriam que os
bancos estatais comprassem
apenas participações acionárias em empreendimentos específicos, sem que se tornassem sócios das construtoras.
A proibição acabou válida para a Caixa ou uma empresa de
participação que seja criada,
mas não há nenhuma restrição
a que o banco de investimento
criado na medida provisória
compre ações dessas empresas.
"O banco de investimento atua
de forma livre, seguindo as regras do Banco Central. Se quiser comprar ações de construtoras, pode", disse Cunha.
No mesmo dia da aprovação
da MP na Câmara, o PSDB já
articulava para tentar derrubar
esse ponto específico no Senado. Apesar de reclamações pontuais, os deputados da oposição
votaram com o governo no texto principal da MP e o mesmo
deve ocorrer com os senadores.
Uma das exigências dos tucanos acatada ontem pelo relator
tornou obrigatória a contratação de empresas de avaliação
para determinar o preço das
empresas e de bancos que vierem a ser adquiridos. No projeto do governo, isso era opcional
e poderia ser feito sem licitação. O texto da Câmara, no entanto, deixou uma brecha para
que a contratação dispense licitação em caso de urgência.
Outra exigência da oposição
acatada foi a de que BB e Caixa
ficassem proibidos de comprar
carteiras de empresas de previdência privada que tenham planos com benefícios definidos,
cujas aposentadorias são predefinidas e independem do
rendimento das aplicações do
fundo. Foi uma forma de evitar
que a União acabe responsável
por cobrir eventuais rombos
nessas instituições.
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