São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2008

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Petrobras pára pesquisa e acelera exploração do pré-sal

Estatal encerra etapa de perfurações e prioriza as atividades que gerem caixa

Empresa trabalha agora "para alocar duas novas plataformas" que começam a operar entre 2012 e 2013, afirma diretor financeiro

Fabrice Coffrini - 23.jan.08/France Presse
O diretor da Petrobrás Almir Barbassa; para ele, pré-sal segue viável

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Diante das dificuldades com a crise global, a Petrobras encerrou a fase de perfurações de poços no pólo do pré-sal na bacia de Santos e parte agora para desenvolver a produção de óleo nas mais promissoras descobertas da empresa. Para tal, arrendará duas plataformas com capacidade de 100 mil barris/ dia cada.
"No pólo do pré-sal de Santos, já foram perfurados nove poços. Todos com sucesso. Com isso, damos por encerrada essa primeira fase exploratória", disse Almir Barbassa, diretor financeiro da Petrobras ontem em reunião com analistas.
Ele afirmou que começa agora o trabalho "para alocar duas novas plataformas" nos campos descobertos na região. As unidades, diz, não "têm ainda um destino certo", mas iniciarão operação entre 2012 e 2013.
Outra plataforma foi contratada para começar a produzir antecipadamente 100 mil barris/dia em 2012 nos campos de Tupi e Iara -os dois únicos com reservas dimensionadas, que variam de 7 bilhões a 12 bilhões de barris. As reservas atuais do país são de 14 bilhões.
Barbassa não citou diretamente o pré-sal nem disse que a crise antecipou o fim da fase exploratória, mas afirmou que o esforço da companhia neste momento de crise é investir nos projetos que possam gerar caixa mais rapidamente.
Tal conceito se adequa ao pré-sal, especialmente aos campos já descobertos, onde não há necessidade de arcar com custos de novas perfurações. Cada poço custa, em média, US$ 70 milhões. Nos nove poços já perfurados, a estatal investiu US$ 1,5 bilhão.
Segundo a companhia, não é possível quantificar o tamanho do corte de custos com a interrupção das explorações, porque não havia estimativa de investimento nos blocos nessa fase.
Em resposta à preocupação demostrada por alguns analistas, Barbassa disse que a forte queda do preço do petróleo não inviabiliza as descobertas do pré-sal. "Os projetos são rentáveis até mesmo com preços menores do que os vigentes atualmente no mercado."
Entre analistas, existe o receio de que as reservas deixem de ser economicamente viáveis com o petróleo abaixo dos US$ 60 -o barril fechou ontem a US$ 56,16.
Por conta da crise financeira, a Petrobras pretende "revisitar" seus projetos, de forma a priorizar aqueles que tenham maior rentabilidade.
"Temos excesso de projetos. A orientação é dar prioridade àqueles que tragam mais geração de caixa." Barbassa, porém, não especificou quais poderiam ser alvo de cortes. As ações da empresa caíram 13,75% ontem, um dia depois de anúncio do lucro recorde de R$ 10,9 bilhões no terceiro trimestre.
A Petrobras deve investir neste ano R$ 50 bilhões. Até agora, já foram executados R$ 34 bilhões. Segundo Barbassa, a empresa já fez "captações importantes" mesmo depois do recrudescimento da crise.
No ano que vem, Barbassa diz ser possível captar algo entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões. Os investimentos para o ano que vem devem se manter no mesmo patamar deste ano.


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