São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2008

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Usina pede recuperação judicial por causa da crise

Companhia Albertina, criada há 86 anos, emprega 1.800

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Com uma dívida de US$ 100 milhões, a Companhia Albertina, usina localizada em Sertãozinho (SP), na região de Ribeirão Preto, anunciou ontem que entrou com pedido de recuperação judicial da empresa. A usina, que pertence à família Carolo, é a primeira desde o início da crise internacional a recorrer à Justiça para conseguir refinanciar suas dívidas.
Segundo Gabriel Andrade, assessor financeiro da Arsenal Investimentos e contratado pela usina para comandar o processo, a dívida decorre principalmente de contratos de pré-pagamento de exportação -linhas de financiamento de longo prazo que concedem créditos às empresas antes da fase de embarque das mercadorias, que no caso da Albertina é principalmente açúcar.
"Qualquer empresa que dependa de financiamento, não só aqui mas em todo o mundo, encontra muito mais dificuldade neste cenário. E particularmente o setor sucroalcooleiro depende do preço das commodities, que caiu, o que dificulta ainda mais a obtenção de recursos para manter o capital de giro da empresa", disse Andrade.
Segundo Fabiano Calil Colussi, gerente de Negócios e Assuntos Jurídicos da Albertina, o pedido de recuperação judicial foi apresentado à 1ª Vara Cível de Sertãozinho na última segunda-feira -até as 18h de ontem não havia decisão.
A partir da sentença judicial, as empresas que pedem processo de recuperação judicial ganham prazo para apresentar um plano de recuperação de suas finanças. Esse plano, ao ser homologado judicialmente, passa a valer como um novo contrato de financiamento junto aos credores.
"O que podemos dizer é que a esmagadora maioria dos nossos credores [bancos privados], eu diria 95%, apóia o plano de restruturação que a usina está costurando com eles", afirmou Andrade. Segundo ele, o plano não inclui a demissão de nenhum dos cerca de 1.800 funcionários da empresa.
Procurado pela Folha, o diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) em Ribeirão Preto, Sérgio Prado, disse que não comentaria "setorialmente uma questão particular". Para o empresário e conselheiro da Unica Maurilio Biagi, a culpa não é inteiramente da crise. "A crise só precipitou esse desfecho. É uma pena porque [o pedido de recuperação] coincide com um momento negativo, de expectativas negativas. Nenhuma empresa que estava bem ficou mal por causa da crise, mas, se havia um resfriado, a crise provoca uma pneumonia", disse Biagi.
A Companhia Albertina, uma das mais tradicionais da região de Ribeirão, foi fundada há 86 anos. Ela produz 150 mil toneladas de açúcar por ano e 37 milhões de litros de álcool.


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