|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Usina pede recuperação judicial por causa da crise
Companhia Albertina, criada há 86 anos, emprega 1.800
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Com uma dívida de US$ 100
milhões, a Companhia Albertina, usina localizada em Sertãozinho (SP), na região de Ribeirão Preto, anunciou ontem que
entrou com pedido de recuperação judicial da empresa. A
usina, que pertence à família
Carolo, é a primeira desde o início da crise internacional a recorrer à Justiça para conseguir
refinanciar suas dívidas.
Segundo Gabriel Andrade,
assessor financeiro da Arsenal
Investimentos e contratado pela usina para comandar o processo, a dívida decorre principalmente de contratos de pré-pagamento de exportação -linhas de financiamento de longo prazo que concedem créditos às empresas antes da fase de
embarque das mercadorias,
que no caso da Albertina é principalmente açúcar.
"Qualquer empresa que dependa de financiamento, não
só aqui mas em todo o mundo,
encontra muito mais dificuldade neste cenário. E particularmente o setor sucroalcooleiro
depende do preço das commodities, que caiu, o que dificulta
ainda mais a obtenção de recursos para manter o capital de giro da empresa", disse Andrade.
Segundo Fabiano Calil Colussi, gerente de Negócios e Assuntos Jurídicos da Albertina,
o pedido de recuperação judicial foi apresentado à 1ª Vara
Cível de Sertãozinho na última
segunda-feira -até as 18h de
ontem não havia decisão.
A partir da sentença judicial,
as empresas que pedem processo de recuperação judicial
ganham prazo para apresentar
um plano de recuperação de
suas finanças. Esse plano, ao
ser homologado judicialmente,
passa a valer como um novo
contrato de financiamento junto aos credores.
"O que podemos dizer é que a
esmagadora maioria dos nossos credores [bancos privados],
eu diria 95%, apóia o plano de
restruturação que a usina está
costurando com eles", afirmou
Andrade. Segundo ele, o plano
não inclui a demissão de nenhum dos cerca de 1.800 funcionários da empresa.
Procurado pela Folha, o diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) em
Ribeirão Preto, Sérgio Prado,
disse que não comentaria "setorialmente uma questão particular". Para o empresário e
conselheiro da Unica Maurilio
Biagi, a culpa não é inteiramente da crise. "A crise só precipitou esse desfecho. É uma pena
porque [o pedido de recuperação] coincide com um momento negativo, de expectativas negativas. Nenhuma empresa que
estava bem ficou mal por causa
da crise, mas, se havia um resfriado, a crise provoca uma
pneumonia", disse Biagi.
A Companhia Albertina,
uma das mais tradicionais da
região de Ribeirão, foi fundada
há 86 anos. Ela produz 150 mil
toneladas de açúcar por ano e
37 milhões de litros de álcool.
Texto Anterior: Captação da previdência privada aumenta 23,3% em setembro Próximo Texto: Confederação diz que crédito não chegou ao campo Índice
|