São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2008

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Apesar de uso de R$ 56 bi do compulsório, crédito segue curto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Desde o final de setembro, medidas do Banco Central deram uma folga de aproximadamente R$ 56 bilhões no caixa dos bancos que atuam no país. Essa liberação foi feita por meio de mudanças nas regras do compulsório e buscam aumentar a oferta de crédito, mais restrita com o agravamento da crise financeira global.
Compulsório é o nome dado à parcela dos depósitos bancários que é recolhida pelo BC. De cada R$ 100 depositados numa conta corrente, por exemplo, R$ 42 são retidos. Sua função é controlar o volume de dinheiro em circulação no mercado, já que, em tese, um excesso na oferta de moeda pode gerar pressões sobre a inflação.
Essa injeção de recursos, no entanto, ainda não foi suficiente para reativar o crédito, vital para o crescimento. Por isso, a equipe econômica segue adotando medidas para garantir que haja dinheiro suficiente para financiar o consumo e o investimento das empresas. A idéia é evitar que um baque no crédito reduza abruptamente o crescimento do país em 2009.
O anúncio da Caixa Econômica Federal de usar R$ 2 bilhões no financiamento de geladeiras, fogões e outros bens de consumo vai nessa linha e mostra que, ao contrário do discurso oficial, o crédito está demorando muito mais do que esperava o governo para se restabelecer no país e exige mais ação, como afirmaram em entrevistas recentes à Folha os presidentes do Bradesco, Márcio Cypriano, e do Santander e da Febraban, Fábio Barbosa.
Mesmo com reforço no caixa dos bancos, o dinheiro não é suficiente para atender a todos após as linhas externas terem secado, dizem os banqueiros.
No final de setembro, o valor recolhido pelo BC por meio do compulsório era de R$ 272 bilhões, o que correspondia a 24% do volume de crédito disponível no país naquela data.
Desde então, o agravamento da crise dificultou o acesso de empresas e bancos ao mercado financeiro internacional, e esse fenômeno teve duas conseqüências no crédito. Por um lado, empresas passaram a buscar empréstimos no mercado interno para substituir as linhas externas. Por outro, os bancos passaram a enfrentar dificuldades para captar dinheiro no exterior e, assim, atender à crescente procura por financiamentos no Brasil.
O problema foi mais grave nos bancos de pequeno e médio porte, que, além dos obstáculos para captar no exterior, também não conseguiam empréstimos de curto prazo normalmente oferecidos por instituições maiores, que ficaram mais exigentes.
Diante desse problema, o BC atrelou a liberação de parte do compulsório à compra de carteiras de crédito das instituições menores para reforçar seu caixa.


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