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Apesar de uso de R$ 56 bi do compulsório, crédito segue curto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Desde o final de setembro,
medidas do Banco Central deram uma folga de aproximadamente R$ 56 bilhões no caixa
dos bancos que atuam no país.
Essa liberação foi feita por
meio de mudanças nas regras
do compulsório e buscam aumentar a oferta de crédito,
mais restrita com o agravamento da crise financeira global.
Compulsório é o nome dado
à parcela dos depósitos bancários que é recolhida pelo BC. De
cada R$ 100 depositados numa
conta corrente, por exemplo,
R$ 42 são retidos. Sua função é
controlar o volume de dinheiro
em circulação no mercado, já
que, em tese, um excesso na
oferta de moeda pode gerar
pressões sobre a inflação.
Essa injeção de recursos, no
entanto, ainda não foi suficiente para reativar o crédito, vital
para o crescimento. Por isso, a
equipe econômica segue adotando medidas para garantir
que haja dinheiro suficiente para financiar o consumo e o investimento das empresas. A
idéia é evitar que um baque no
crédito reduza abruptamente o
crescimento do país em 2009.
O anúncio da Caixa Econômica Federal de usar R$ 2 bilhões no financiamento de geladeiras, fogões e outros bens
de consumo vai nessa linha e
mostra que, ao contrário do
discurso oficial, o crédito está
demorando muito mais do que
esperava o governo para se restabelecer no país e exige mais
ação, como afirmaram em entrevistas recentes à Folha os
presidentes do Bradesco, Márcio Cypriano, e do Santander e
da Febraban, Fábio Barbosa.
Mesmo com reforço no caixa
dos bancos, o dinheiro não é
suficiente para atender a todos
após as linhas externas terem
secado, dizem os banqueiros.
No final de setembro, o valor
recolhido pelo BC por meio do
compulsório era de R$ 272 bilhões, o que correspondia a
24% do volume de crédito disponível no país naquela data.
Desde então, o agravamento
da crise dificultou o acesso de
empresas e bancos ao mercado
financeiro internacional, e esse
fenômeno teve duas conseqüências no crédito. Por um lado, empresas passaram a buscar empréstimos no mercado
interno para substituir as linhas externas. Por outro, os
bancos passaram a enfrentar
dificuldades para captar dinheiro no exterior e, assim,
atender à crescente procura
por financiamentos no Brasil.
O problema foi mais grave
nos bancos de pequeno e médio porte, que, além dos obstáculos para captar no exterior,
também não conseguiam empréstimos de curto prazo normalmente oferecidos por instituições maiores, que ficaram
mais exigentes.
Diante desse problema, o BC
atrelou a liberação de parte do
compulsório à compra de carteiras de crédito das instituições menores para reforçar seu
caixa.
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