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São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2003

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INTEGRAÇÃO

Presidente brasileiro sugere a ministros de países em desenvolvimento criar área comum para os membros do G20

Lula propõe livre comércio entre pobres

WILSON SILVEIRA
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs ontem a criação de uma área de livre comércio entre os membros do G20 -grupo de países em desenvolvimento, liderados pelo Brasil, que busca a ampliação do comércio de produtos agrícolas com a União Européia e EUA e combate os subsídios que eles concedem à agricultura.
"Creio que podemos ser mais ousados e pensar no lançamento de uma área de livre comércio entre os países do G20, aberta a outros países em desenvolvimento", disse Lula, ao discursar para as delegações de ministros de países do G20, no Palácio do Planalto. "Afinal, muitos dos nossos países já estão engajados individualmente e coletivamente em processos desse tipo na América do Sul, na África e na Ásia", disse.
Lula lembrou que o Mercosul já negocia áreas de livre comércio com a Índia e a África do Sul -ambos membros do grupo, ao lado, entre outros, da China, da Argentina e do México.
"Por que, então, não tentar levar essa lógica às suas consequências naturais e tratar de termos uma grande área de livre comércio dos países do Sul? Não para que deixemos de lado os mercados dos países desenvolvidos, que continuarão a ser fundamentais, mas para explorar plenamente o potencial que existe entre nós e que não depende de concessões dos países ricos", afirmou Lula.
O presidente pediu aos ministros do G20 que reflitam sobre sua proposta, que voltará a ser discutida na 11ª reunião da Unctad (Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento), em junho, em São Paulo.
Segundo Lula, a voz do grupo, além de se fazer ouvir na OMC (Organização Mundial do Comércio), ganha ressonância em todos os debates sobre o aperfeiçoamento do multilateralismo.
A proposta de Lula, da criação da área de livre comércio, é de difícil execução. Há anos, por exemplo, se arrastam as negociações para a criação de uma área de livre comércio entre o Mercosul e a Comunidade Andina (Peru, Bolívia, Colômbia, Venezuela e Equador).
Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, disse, ao comentar a proposta de Lula, que "no mundo de hoje é importante o Brasil ter uma política de "geometria variável".
"Nós temos uma política prioritária com o Mercosul. Temos uma política para Alca, que saiu do compromisso de Miami, temos uma negociação do Mercosul com a União Européia, temos uma negociação do Mercosul com África do Sul com a Índia. Essa última iniciativa simplesmente procura tirar proveito de uma aliança positiva que nós conseguimos desenvolver em Cancún", disse.
Segundo ele, a proposta não interfere nas negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).


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