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INTEGRAÇÃO
Presidente brasileiro sugere a ministros de países em desenvolvimento criar área comum para os membros do G20
Lula propõe livre comércio entre pobres
WILSON SILVEIRA
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva propôs ontem a criação de
uma área de livre comércio entre
os membros do G20 -grupo de
países em desenvolvimento, liderados pelo Brasil, que busca a ampliação do comércio de produtos
agrícolas com a União Européia e
EUA e combate os subsídios que
eles concedem à agricultura.
"Creio que podemos ser mais
ousados e pensar no lançamento
de uma área de livre comércio entre os países do G20, aberta a outros países em desenvolvimento",
disse Lula, ao discursar para as
delegações de ministros de países
do G20, no Palácio do Planalto.
"Afinal, muitos dos nossos países
já estão engajados individualmente e coletivamente em processos desse tipo na América do
Sul, na África e na Ásia", disse.
Lula lembrou que o Mercosul já
negocia áreas de livre comércio
com a Índia e a África do Sul
-ambos membros do grupo, ao
lado, entre outros, da China, da
Argentina e do México.
"Por que, então, não tentar levar
essa lógica às suas consequências
naturais e tratar de termos uma
grande área de livre comércio dos
países do Sul? Não para que deixemos de lado os mercados dos países desenvolvidos, que continuarão a ser fundamentais, mas para
explorar plenamente o potencial
que existe entre nós e que não depende de concessões dos países
ricos", afirmou Lula.
O presidente pediu aos ministros do G20 que reflitam sobre sua
proposta, que voltará a ser discutida na 11ª reunião da Unctad
(Conferência das Nações Unidas
para Comércio e Desenvolvimento), em junho, em São Paulo.
Segundo Lula, a voz do grupo,
além de se fazer ouvir na OMC
(Organização Mundial do Comércio), ganha ressonância em
todos os debates sobre o aperfeiçoamento do multilateralismo.
A proposta de Lula, da criação
da área de livre comércio, é de difícil execução. Há anos, por exemplo, se arrastam as negociações
para a criação de uma área de livre
comércio entre o Mercosul e a Comunidade Andina (Peru, Bolívia,
Colômbia, Venezuela e Equador).
Marco Aurélio Garcia, assessor
especial da Presidência para assuntos internacionais, disse, ao
comentar a proposta de Lula, que
"no mundo de hoje é importante
o Brasil ter uma política de "geometria variável".
"Nós temos uma política prioritária com o Mercosul. Temos
uma política para Alca, que saiu
do compromisso de Miami, temos uma negociação do Mercosul com a União Européia, temos
uma negociação do Mercosul
com África do Sul com a Índia.
Essa última iniciativa simplesmente procura tirar proveito de
uma aliança positiva que nós conseguimos desenvolver em Cancún", disse.
Segundo ele, a proposta não interfere nas negociações da Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas).
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