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CRISE NO AR
Nelson Tanure adquire da Fundação Ruben Berta o controle da companhia aérea; negócio ainda precisa de aprovação
Empresário assume Varig por US$ 112 mi
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O empresário Nelson Tanure,
dono da companhia Docas Investimentos S.A. e arrendatário do
"Jornal do Brasil" e da "Gazeta
Mercantil", comprou ontem, por
US$ 112 milhões, 25% das ações
ordinárias e o controle do capital
votante da Fundação Ruben Berta-Par, a controladora da Varig. O
negócio garante a Tanure a gestão
da Varig.
Para ser sacramentada, no entanto, a proposta de Tanure precisa ser aprovada pela DAC (Departamento de Aviação Civil) e pelo
comitê de credores da Varig. O
Tribunal de Justiça do Rio já foi
informado da proposta e ficou de
se pronunciar. A Varig passa por
processo de recuperação judicial.
O negócio foi apresentado ontem ao vice-presidente e ministro
da Defesa, José Alencar, e ao presidente da Infraero, Carlos Wilson. A Infraero, que administra os
aeroportos, é um dos principais
credores da Varig. O anúncio da
transação estava previsto para ontem depois de encontro com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas foi adiado por problemas
de agenda do presidente.
Participaram das reuniões, em
Brasília, com José Alencar e Carlos Wilson, Nelson Tanure e Paulo Marinho, pelo grupo Docas, e
Celso Rodrigues da Costa, presidente da FRB-Par, e César Cury,
presidente do conselho de Curadores da FRB-Par, pela Varig.
Ao final das reuniões ontem,
César Cury e Paulo Marinho informaram que o negócio foi fechado durante a madrugada passada. O grupo Docas se comprometeu a pagar a quantia de US$
112 milhões em dez parcelas -a
primeira foi desembolsada ontem. Com a aquisição, além dos
25% das ações ordinárias, o grupo
Docas também terá direito a 67%
do capital votante da FRB-Par em
regime de usufruto por dez anos.
A proposta de Tanure também
inclui a compra, por US$ 139 milhões, da VEM (Varig Engenharia
e Manutenção) e da VarigLog, a
empresa de logística da Varig.
O grupo Docas estava disputando a compra da Varig com a TAP,
que chegou a acertar com a administração anterior da Varig a
compra da VarigLog e da VEM
por US$ 62 milhões. O não-fechamento do negócio com a TAP implicaria à Varig multa de US$ 12
milhões, que o grupo Docas afirmou que irá contestar na Justiça.
Segundo Paulo Marinho, diretor da Docas, o negócio com a Varig não prevê, pelo menos no primeiro momento, pedido de empréstimo ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A operação com
a TAP previa um financiamento
de US$ 40 milhões do BNDES.
"Não queremos dinheiro do governo", disse Marinho.
O plano de reestruturação da
Varig será apresentado pelos novos gestores neste mês ao comitê
de credores da empresa. Para a recuperação da companhia, Tanure
está confiante em conseguir abater parte dos mais de R$ 7 bilhões
da dívida reconhecida pela Varig
com os cerca de R$ 4,5 bilhões de
créditos fiscais com o governo. A
operação de encontro de contas
enfrenta fortes resistências do Ministério da Fazenda e foi, até agora, um dos grandes empecilhos
para que a venda da Varig acontecesse.
Colaborou Cláudia Dianni, da Sucursal de Brasília
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