São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 2005

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PERFIL

Novo controlador da Varig, Nelson Tanure adquiriu outras empresas em dificuldades financeiras

Polêmico, empresário atua em vários setores

DA SUCURSAL DO RIO

O empresário baiano Nelson Tanure, 53, é visto no mercado como um empresário que assume empresas falidas ou concordatárias e, de forma polêmica, tenta recuperá-las. Sua empresa de participações, a Docas Investimentos S.A., atua nos mais diversos setores, como portos, turismo e multimídia.
O empresário já adquiriu os estaleiros Emaq e Verolme, além do "Jornal do Brasil" e da "Gazeta Mercantil". No site do "Jornal do Brasil", comprado por Tanure da família Nascimento Brito, em 2001, o empresário afirma que "a tarefa de reestruturar e consolidar" o jornal poderia ser a última de sua vida profissional. A operação teria girado em torno de R$ 80 milhões. De acordo com o site, Tanure pretende se dedicar totalmente à "vida contemplativa" antes de completar 60 anos.
No mesmo ano de 2001, Tanure se envolveu numa disputa com o grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. O empresário representava o grupo canadense TIW (Telesystem International Wireless), que entrou na Justiça contra o Opportunity, reivindicando participar do controle acionário das empresas Telemig Celular e Tele Norte Celular, privatizadas em 1998. Tanure, porém, acabou afastado pela TIW depois que grampos telefônicos de conversas sobre a disputa vieram a público.
O empresário começou com uma pequena empresa de construção civil na Bahia, a Cinassa, que passou por dificuldades financeiras, fez dívidas e teve problemas com os clientes. No final da década de 70, comprou uma companhia de equipamentos de prospecção de petróleo, a Sequip. Nos anos 80, adquiriu a Sade, de equipamentos industriais, como turbinas para hidrelétricas.
Durante o governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello (de 1990 a 1992), surgiram suspeitas de que a ex-ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, amiga de Tanure, teria obrigado fundos de pensão a investir na Sade. Em 1991, um grupo de fundos de pensão de estatais comprou US$ 12 milhões em ações da Sade. Ele sempre negou suposto favorecimento.
No setor naval, Tanure investiu e, em seguida, fechou a Indústria Verolme Ishibrás (IVI). No site do "Jornal do Brasil", ele diz que "o setor ficou inviável por culpa do governo, que decidiu fazer encomendas na Ásia e, além disso, mantém cargas tributária e previdenciária absurdas". Foram demitidos cerca de 11 mil operários da indústria.
No "Jornal do Brasil", o empresário também fez reestruturações e demissões. Enfrenta diversos processos judiciais de ex-funcionários, que reclamam na Justiça direitos trabalhistas que teriam sido violados.
Tanure é o caçula dos seis filhos de um comerciante libanês. Saiu de Salvador em 1977, aos 25 anos, para o Rio. Trazia um diploma de administração de empresas. Mais tarde, cursou história e filosofia na Universidade Columbia, em Nova York. O empresário é casado com Patrícia, tem quatro filhos e mora na Gávea (zona sul do Rio de Janeiro).


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