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PERFIL
Novo controlador da Varig, Nelson Tanure adquiriu outras empresas em dificuldades financeiras
Polêmico, empresário atua em vários setores
DA SUCURSAL DO RIO
O empresário baiano Nelson
Tanure, 53, é visto no mercado
como um empresário que assume empresas falidas ou concordatárias e, de forma polêmica,
tenta recuperá-las. Sua empresa
de participações, a Docas Investimentos S.A., atua nos mais diversos setores, como portos, turismo e multimídia.
O empresário já adquiriu os estaleiros Emaq e Verolme, além
do "Jornal do Brasil" e da "Gazeta Mercantil". No site do "Jornal
do Brasil", comprado por Tanure
da família Nascimento Brito, em
2001, o empresário afirma que "a
tarefa de reestruturar e consolidar" o jornal poderia ser a última
de sua vida profissional. A operação teria girado em torno de R$
80 milhões. De acordo com o site,
Tanure pretende se dedicar totalmente à "vida contemplativa"
antes de completar 60 anos.
No mesmo ano de 2001, Tanure se envolveu numa disputa
com o grupo Opportunity, do
banqueiro Daniel Dantas. O empresário representava o grupo
canadense TIW (Telesystem International Wireless), que entrou
na Justiça contra o Opportunity,
reivindicando participar do controle acionário das empresas Telemig Celular e Tele Norte Celular, privatizadas em 1998. Tanure, porém, acabou afastado pela
TIW depois que grampos telefônicos de conversas sobre a disputa vieram a público.
O empresário começou com
uma pequena empresa de construção civil na Bahia, a Cinassa,
que passou por dificuldades financeiras, fez dívidas e teve problemas com os clientes. No final
da década de 70, comprou uma
companhia de equipamentos de
prospecção de petróleo, a Sequip. Nos anos 80, adquiriu a Sade, de equipamentos industriais,
como turbinas para hidrelétricas.
Durante o governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello
(de 1990 a 1992), surgiram suspeitas de que a ex-ministra da
Economia, Zélia Cardoso de Mello, amiga de Tanure, teria obrigado fundos de pensão a investir
na Sade. Em 1991, um grupo de
fundos de pensão de estatais
comprou US$ 12 milhões em
ações da Sade. Ele sempre negou
suposto favorecimento.
No setor naval, Tanure investiu
e, em seguida, fechou a Indústria
Verolme Ishibrás (IVI). No site
do "Jornal do Brasil", ele diz que
"o setor ficou inviável por culpa
do governo, que decidiu fazer encomendas na Ásia e, além disso,
mantém cargas tributária e previdenciária absurdas". Foram
demitidos cerca de 11 mil operários da indústria.
No "Jornal do Brasil", o empresário também fez reestruturações e demissões. Enfrenta diversos processos judiciais de ex-funcionários, que reclamam na Justiça direitos trabalhistas que teriam sido violados.
Tanure é o caçula dos seis filhos
de um comerciante libanês. Saiu
de Salvador em 1977, aos 25 anos,
para o Rio. Trazia um diploma de
administração de empresas.
Mais tarde, cursou história e filosofia na Universidade Columbia,
em Nova York. O empresário é
casado com Patrícia, tem quatro
filhos e mora na Gávea (zona sul
do Rio de Janeiro).
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