|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
País recorre a financiamento externo
Com queda do saldo comercial, economia precisa de recursos do exterior para fechar suas contas, o que não ocorria desde 2001
No PIB do 3º trimestre, setor externo teve contribuição negativa; para IBGE, efeitos ainda não representam problemas no curto prazo
DA SUCURSAL DO RIO
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Desde o primeiro trimestre
do ano passado, as importações
sobem num ritmo mais acelerado do que as exportações,
mas a tendência se acentuou no
terceiro trimestre deste ano. As
compras externas de bens e
serviços cresceram 20,4%, enquanto o volume exportado aumentou apenas 1,8%.
Desse modo, a contribuição
negativa do setor externo ficou
em dois pontos percentuais no
PIB do terceiro trimestre
-5,7% na comparação com
igual período de 2006.
Com o aumento das importações, o Brasil registrou necessidade de financiamento externo
no terceiro trimestre de R$ 255
milhões, pela primeira vez desde 2001. Ou seja, o país precisou captar recursos no exterior
para fechar suas contas.
Segundo o IBGE, o Brasil necessitou de recursos do exterior em razão da redução do
saldo comercial de bens e serviços -de R$ 22,8 bilhões no terceiro trimestre de 2006 para
R$ 10 bilhões em igual período
deste ano. Rebeca Palis, gerente das Contas Nacionais do IBGE, atribuiu ao câmbio valorizado e ao aquecimento do consumo doméstico o aumento das
importações e a conseqüente
diminuição do saldo comercial.
Para ela, o fato de o país precisar novamente de recursos do
exterior para fechar suas contas não é um problema no curto
prazo, dado o alto volume de reservas internacionais -US$
178 bilhões. Ressalva, porém,
que a situação depende de
quanto tempo e de qual a intensidade da necessidade de financiamento externo do país. "Hoje, há um colchão muito grande,
que são as reservas."
Tomás Goulart, economista
do banco Modal, também não
vê entraves. Diz que há um fluxo positivo de capitais no mundo e que o Brasil não terá dificuldades para capitar recursos.
O economista Francisco Pessoa, da LCA, afirma que, no curto prazo, a necessidade de buscar recursos no exterior "não é
preocupante", pois não se espera um déficit comercial no próximo ano. O Ipea estima um superávit da balança de US$ 31,6
bilhões em 2008, abaixo dos
cerca de US$ 40 bilhões que devem ser alcançados neste ano.
Além disso, diz Pessoa, a dívida externa está caindo em proporção ao PIB, e o Brasil deve
ter mais facilidade de captar recursos a custo menor com o
grau de investimento, esperado
para 2008. "Não se imagina o
país numa situação de insolvência. Haverá um déficit, mas
será financiado." O Ipea projeta
déficit em conta corrente de
2,5% do PIB para 2008.
Para José Ronaldo Souza Jr.,
economista do Ipea, o crescimento das importações não é
algo necessariamente ruim. "O
consumo interno e os investimentos estão crescendo, e essa
demanda adicional está sendo
complementada pelas importações. Sem a oferta dos importados, poderia haver inflação
porque a capacidade de produção está perto do limite."
Segundo ele, nos últimos
anos do Plano Real, período de
câmbio fixo e saldo comercial
negativo, a maior parte das importações era de bens de consumo. Agora, diz, o destaque
são as compras de máquinas e
equipamentos no exterior, o
que impulsiona investimentos.
"As empresas buscam melhorar, com isso, sua produtividade", disse Pessoa, da LCA.
Texto Anterior: Com alta de 5%, indústria puxa expansão Próximo Texto: Mais uma vez, avanço fica atrás do obtido pelos demais Brics Índice
|