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SP libera mais R$ 1,2 bi para a indústria
Pacote de alívio fiscal também dá ao consumidor possibilidade de usar créditos de nota fiscal para abater contas de água e energia
Autopeças e máquinas terão
linha da Nossa Caixa; plano
prevê mais prazo para
pagar ICMS e devolução do
imposto para microempresa
CLAUDIA ROLLI
TATIANA RESENDE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo lançou ontem uma linha de crédito de R$ 1,2 bilhão para as empresas de autopeças e máquinas, além de uma série de medidas tributárias -como a devolução em dinheiro do ICMS pago pelas microempresas e
maior prazo para recolhimento
desse imposto. O objetivo é
amenizar os efeitos da crise financeira internacional na indústria e comércio paulistas.
Ao permitir que as microempresas recebam de volta, em dinheiro, o ICMS pago nas compras feitas na indústria e no
atacado, o governo vai abrir
mão de R$ 350 milhões anuais
arrecadados com o imposto.
O pacote do governador José
Serra, anunciado um dia após o
governo Lula divulgar um plano de estímulo de R$ 8,4 bilhões, sinaliza a preocupação
do Estado com o impacto da
crise na economia paulista. No
pacote, estão incluídos quatro
decretos que serão publicados
na próxima semana e um projeto de lei, que foi enviado à Assembléia Legislativa para aliviar a tributação das empresas.
"O país precisa estar preparado para uma crise mundial de
que ainda não se conhecem o
volume, o tempo e os efeitos",
disse Serra, ao detalhar ontem
as medidas a representantes da
indústria e do comércio.
O empréstimo de R$ 1 bilhão
para 396 autopeças paulistas
associadas ao Sindipeças (sindicato do setor) e de R$ 200 milhões para 99 empresas de máquinas filiadas à Abimaq (associação das indústrias) será oferecido pela Nossa Caixa. Os
programas de financiamento
do banco paulista serão mantidos após a sua venda para o
Banco do Brasil, prevista para
ser concretizada em março.
É a segunda linha de crédito
para o setor industrial lançada
pelo governo estadual nos últimos 30 dias. Em novembro, foi
anunciada ajuda paulista de R$
4 bilhões aos bancos de montadoras. Desse total, R$ 2,5 bilhões já foram aprovados, mas
apenas R$ 100 milhões foram
de fato liberados, segundo o
presidente da Nossa Caixa,
Milton Luiz de Melo Santos. "O
que falta agora são as pessoas
comprarem [veículos]", disse o
governador, ao reconhecer que
um dos maiores desafios no
momento é fazer manter a confiança do consumidor. "Podemos relaxar impostos, como
acertadamente fez o governo
federal, refinanciar dívidas,
mas, se não houver confiança,
não adianta." Outros setores,
como o imobiliário e o agrícola,
poderão ser beneficiados por
novas medidas do governo.
Uma das principais medidas
tributárias do pacote paulista é
a devolução do ICMS para 516
mil microempresas que faturam por ano até R$ 240 mil.
Juntas, empregam 2,5 milhões
de pessoas. "É uma medida importante dado o peso que as microempresas paulistas têm no
emprego", afirmou Serra.
As microempresas poderão
ser ressarcidas do ICMS pago
nas compras feitas na indústria
e no atacado. Para isso ocorrer,
o governo enviou um projeto de
lei à assembléia que altera o
programa Nota Fiscal Paulista
-hoje, só se aplica às compras
feitas do varejo. A expectativa é
que o projeto seja aprovado em
fevereiro. "Na prática, as microempresas não pagarão mais
ICMS", disse o secretário da
Fazenda, Mauro Ricardo Costa.
O projeto de lei enviado pelo
governo também prevê mais
benefícios aos consumidores
que pedem a nota fiscal. Eles
poderão usar os créditos para
pagar contas de água, energia,
telefone, gás, entre outras -até
então podia abater no IPVA ou
receber o dinheiro na conta
corrente. Para 2009, haverá
sorteio de R$ 140 milhões em
dinheiro para quem aderiu ao
programa e pede nota fiscal.
Mais prazo
O comércio e a indústria
também ganharam mais prazo
para recolher o ICMS de dezembro -o imposto deveria ser
pago em janeiro. Um decreto de
lei permitirá que metade do recolhimento (R$ 2 bilhões) seja
feita em janeiro e metade em
fevereiro para garantir mais capital de giro às empresas.
Outro decreto do governo vai
prorrogar até junho de 2009 a
redução da alíquota de ICMS
de 18% para 12% para alguns
segmentos. Também foi estendido, para o final de 2009, o
prazo para as empresas que recolhem ICMS por meio do regime de substituição tributária.
Durante o anúncio do pacote,
Serra criticou severamente a
decisão do BC de manter os juros em 13,75% ao ano. "Essa recusa de não mexer nos juros
não tem cabimento econômico.
Revela desconhecimento de
como funciona a economia",
disse, ao questionar o preparo
da diretoria do Copom, que, em
sua análise, cometeu "um erro
de economia".
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