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Aécio, Cabral, TAM e Gol vêem Anac a favor da Azul
Para governadores e concorrentes, agência favorece nova empresa aérea
Anac nega acusações; governos de RJ e MG
temem que as mudanças em aeroportos prejudique Galeão e Cofins
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A entrada da companhia aérea Azul no mercado colocou a
Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) sob pressão. A
TAM e Gol questionaram a
agência sobre medidas adotadas recentemente e que teriam
beneficiado a nova empresa.
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), também pôs em dúvida a atuação
da agência, ao afirmar que ela
está propondo o fim das restrições no aeroporto de Pampulha, em Belo Horizonte, atendendo a uma demanda da nova
empresa aérea.
Outro crítico da atual direção
da Anac é o governador do Rio
de Janeiro, Sérgio Cabral
(PMDB). Os dois governadores
argumentam que a mudança
nas regras (no caso do Rio de
Janeiro, a Anac propõe a "abertura" de Santos Dumont, no
centro do Rio), irá inviabilizar
os aeroportos de Galeão (RJ) e
Cofins (MG), que são distantes
do centro das duas capitais.
"A solicitação para abrir
Pampulha é da Azul. Só estariam abrindo para ela, e a partir
daí as outras, obviamente, reivindicariam", disse Aécio. Para
ele, a medida transformará o
aeroporto de Cofins "num elefante branco".
A Folha apurou que há um
mês Aécio teve uma conversa
ríspida com Solange Vieira,
presidente da Anac, que tentou
convencê-lo do contrário. Técnica, Solange já disse que não
irá ceder às pressões políticas.
O problema já causa dor de cabeça no Planalto, que não quer
se indispor com Aécio ou Cabral, dois nomes importantes
na sucessão presidencial de
2010.
A Anac informou que a legislação a impede de manter restrições de vôos nos aeroportos,
a não ser por questões de segurança ou condições operacionais. Apesar disso, tanto Pampulha quanto Santos Dumont
operam com restrições desde
2005, medida adotada justamente para beneficiar Cofins e
Galeão.
Na Pampulha, por exemplo,
somente podem operar aeronaves com, no máximo, 50 assentos. Se a restrição for revogada, poderão ser feitos, a partir desses terminais, vôos para
qualquer lugar do país e com
aeronaves maiores.
"Está na lei"
O presidente da Azul, Pedro
Janot, disse que o governador
mineiro está desinformado e
citou o mesmo argumento da
Anac em defesa da abertura de
Pampulha. "O Aécio não está
bem informado. A agência está
abrindo o aeroporto para TAM,
Gol, Webjet, para todo mundo,
não é para a Azul. É uma obrigação, está na lei", disse. E continuou: "Além das duas companhias, que têm 93% do mercado [TAM e Gol], têm outras
nascendo".
Em e-mail para a direção da
Anac, a TAM questionou o fato
de a Azul ter sido autorizada a
voar antes dos 30 dias previstos
nas regras da agência que passam a contar depois de recebida a hotrans (horário de vôo).
Em reunião com a Anac ontem, TAM e Gol expuseram as
críticas. Oficialmente as duas
empresas não comentam o assunto. Nesse sentido, a Azul só
poderia voar no dia 27 de dezembro, mas o fará no dia 15. A
Anac confirmou que o prazo é
de 30 dias, mas disse que é possível pedir antecipação e que
outras empresas, inclusive a
TAM, já foram beneficiadas por
essa decisão.
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