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Indicador social piora após máxi, diz Dieese
FÁBIA PRATES
da Reportagem Local
O efeito positivo da desvalorização do real nos indicadores econômicos, deixando-os no final de
99 mais favoráveis à retomada do
crescimento do que no ano anterior, não se repetiu nos indicadores sociais.
Essa é a principal conclusão de
uma pesquisa sobre o primeiro
ano de mudança cambial, feita
pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos).
"Estamos neste ano com dados
conjunturais melhores, mas ficou
evidente que mais uma vez o trabalhador pagou o preço do ajuste", afirmou Reginaldo Muniz
Barreto, coordenador técnico da
entidade.
A pesquisa, divulgada ontem,
constata que, no final do ano passado, o desemprego era maior do
que no ano anterior (cresceu
11,1% nas seis regiões pesquisadas
pelo Dieese até outubro); a renda
e o poder de compra, menores; e,
diferentemente do que as centrais
sindicais esperavam, piorou o balanço das negociações salariais.
Os sindicatos esperavam ter poder de barganha com os patrões,
argumentando que os salários estavam corroídos pela inflação,
acumulada em 8,43%, segundo o
IBGE -INPC (Índice Nacional
de Preços ao Consumidor).
Algumas categorias tiveram
reajustes considerados significativos - como os metalúrgicos de
São Paulo, que fecharam em torno de 10%-, mas o balanço geral
indica retração na comparação
com 1998.
De acordo com o Dieese, no primeiro semestre de 98, 66% das categorias profissionais conseguiram reajustar seus salários igual
ou acima do INPC. No mesmo
período do ano passado, 51,1%
conseguiram.
No segundo semestre, o balanço
foi ainda pior. Em 99, apenas 31%
das categorias que têm data-base
entre agosto e dezembro conseguiram recompor os salários. Em
98, 60,9% tinham conseguido.
O número de greves no ano passado também foi menor do que
em 98. Foram 404, contra 550.
O poder aquisitivo do trabalhador caiu 4,4% no ano. O rendimento médio trimestral, que era
de R$ 906, em janeiro, estava em
R$ 852 em outubro (último dado
disponível).
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