|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo muda política cambial; mercado reage com ceticismo
da Redação
O governo cedeu ontem às intensas pressões do mercado e deu
uma guinada na política cambial,
permitindo uma desvalorização
imediata de 8,26% do real.
Mantida a política anterior
-que era o principal pilar de sustentação do Plano Real-, essa
desvalorização só seria atingida
em mais de um ano.
A principal mudança, anunciada
pelo futuro presidente do Banco
Central, Francisco Lopes, que
substitui o demissionário Gustavo
Franco, foi o alargamento da faixa
de flutuação do câmbio e a eliminação das chamadas minibandas.
O piso subiu de R$ 1,12 para R$
1,20 e o teto, de R$ 1,22 para R$ 1,32
(com valorização de 9% da dólar).
O governo atuou no mercado, por
meio de leilões, empurrando a cotação para o maior patamar.
A primeira reação do mercado
foi de pânico, refletido no comportamento da Bolsa de Valores de
São Paulo, que caiu mais de 10%
em poucos minutos, logo após o
pronunciamento de Lopes.
A Bovespa acabou fechando em
baixa de 5,04%, depois que o nervosismo inicial dissipou-se em ceticismo generalizado.
A grande dúvida é se a medida
será suficiente para contornar a
crise ou se o governo será levado a
permitir nova desvalorização.
A resposta será dada pela evasão
de divisas nos próximos dias. Se
for controlada, as chances de sucesso crescem. Ontem, saíram cerca de US$ 1 bilhão até as 20h00 (o
mercado funciona até 21h30).
A intranquilidade no Brasil provocou quedas nas principais Bolsas de Valores. Em Nova York, a
baixa foi de 1,32%. Na Espanha, a
Bolsa de Madri, sensível aos recentes investimentos no Brasil, desvalorizou 6,9%.
O mercado que mais sentiu a
mudança no Brasil foi a de Buenos
Aires, onde a Bolsa declinou mais
de 10%. A desvalorização do real
prejudica as exportações argentinas para o Brasil.
A reação dos empresários também foi marcada pelo ceticismo.
Acredita-se que a mexida no câmbio poderá ter impacto inflacionário ao pressionar os preços dos
produtos importados.
O presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, disse sobre a mudança no Real: "Espero que os problemas sejam resolvidos de maneira satisfatória. Não só para os brasileiros mas para toda a América."
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|