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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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Embraer revisa vendas; ações caem 12%

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

As ações preferenciais da Embraer despencaram 11,98% ontem na Bovespa depois de a empresa informar uma revisão, para baixo, na previsão de entrega de aeronaves até 2004. De forma anormal, a Embraer terminou a jornada como a empresa com o segundo maior volume negociado, sinal de que investidores decidiram ""desfazer-se" de ações da companhia.
A revisão ocorreu porque uma das clientes da Embraer, a ExpressJet Airlines, braço da Continental Airlines, pediu o adiamento das entregas de aviões previstas, em princípio, para ocorrer entre 2003 e 2005. Pelo novo calendário, o prazo final da entrega será 2006. Em seu pedido, a ExpressJet argumentou que tem sido afetada pela piora na economia global e pela má situação do setor de aviação.
O novo cronograma prevê que, neste ano, em vez de 48 aeronaves, a Embraer entregará aos norte-americanos 36 e que, em 2004, serão apenas 21 -quando o estipulado no contrato eram 36. O alento ocorreria em 2005 -quando, em vez de duas aeronaves, seriam entregues 21. As demais oito seriam entregues em 2006.
Por conta disso, a Embraer foi obrigada a rever suas projeções de entregas. Para 2003, caíram de 148 aviões para 136 e, para 2004, de 155 para 140. Em síntese: a companhia vai registrar menor faturamento nos próximos dois anos. No ano passado, a fabricante de aviões já havia sofrido com a retração no mercado: foram 131 entregas, contra 161 de 2001.
Ainda pela manhã, o banco de investimento Merrill Lynch, além de reduzir as estimativas de lucro da Embraer, em 2003 e 2004, rebaixou o chamado preço-alvo (o que indica valorização a longo prazo) dos papéis da empresa. Outro banco de investimento, o Salomon Smith Barney, também reduziu de US$ 14 para US$ 17 o preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipt), os papéis da Embraer que são negociados na Bolsa de Nova York.
Em seu relatório, a Merrill Lynch manteve a recomendação de compra de papéis da companhia brasileira, mas não sem ressaltar que o adiamento das entregas foi uma ""surpresa negativa". Já o Salomon Smith Barney foi taxativo: sustentou que o segmento de jatos regionais está saturado.
É justamente nesse mercado que a Embraer, quarta maior fabricante de aeronaves do mundo, e sua principal concorrente, a Bombardier, têm se destacado nos últimos dez anos. São modelos como o da família ERJ 145, da Embraer, com capacidade de entre 37 e 50 passageiros.
Para não perder sua participação, a fabricante brasileira decidiu investir em modelos de maior autonomia, como o ERJ 145 XR, que permite transportar 50 pessoas à distância de 3.700 quilômetros.
Em dezembro, firmou contrato com a estatal Avic 2 para instalar na China sua primeira linha de montagem fora do país.
Mas a grande aposta são os modelos da linhas 170, 175, 190 e 195, com capacidade para até 108 passageiros. Não sem apuros: com atraso na certificação do 170, por problemas no desenvolvimento, a Embraer decidiu atrasar a entrega das primeiras aeronaves.


Colaborou Sérgio Ripardo, da Folha Online


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