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Embraer revisa vendas; ações caem 12%
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
As ações preferenciais da Embraer despencaram 11,98% ontem
na Bovespa depois de a empresa
informar uma revisão, para baixo,
na previsão de entrega de aeronaves até 2004. De forma anormal, a
Embraer terminou a jornada como a empresa com o segundo
maior volume negociado, sinal de
que investidores decidiram ""desfazer-se" de ações da companhia.
A revisão ocorreu porque uma
das clientes da Embraer, a ExpressJet Airlines, braço da Continental Airlines, pediu o adiamento das entregas de aviões previstas, em princípio, para ocorrer entre 2003 e 2005. Pelo novo calendário, o prazo final da entrega será 2006. Em seu pedido, a ExpressJet argumentou que tem sido afetada pela piora na economia global e pela má situação do
setor de aviação.
O novo cronograma prevê que,
neste ano, em vez de 48 aeronaves, a Embraer entregará aos norte-americanos 36 e que, em 2004,
serão apenas 21 -quando o estipulado no contrato eram 36. O
alento ocorreria em 2005 -quando, em vez de duas aeronaves, seriam entregues 21. As demais oito
seriam entregues em 2006.
Por conta disso, a Embraer foi
obrigada a rever suas projeções de
entregas. Para 2003, caíram de 148
aviões para 136 e, para 2004, de
155 para 140. Em síntese: a companhia vai registrar menor faturamento nos próximos dois anos.
No ano passado, a fabricante de
aviões já havia sofrido com a retração no mercado: foram 131 entregas, contra 161 de 2001.
Ainda pela manhã, o banco de
investimento Merrill Lynch, além
de reduzir as estimativas de lucro
da Embraer, em 2003 e 2004, rebaixou o chamado preço-alvo (o
que indica valorização a longo
prazo) dos papéis da empresa.
Outro banco de investimento, o
Salomon Smith Barney, também
reduziu de US$ 14 para US$ 17 o
preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipt), os papéis da Embraer que são negociados na Bolsa de Nova York.
Em seu relatório, a Merrill
Lynch manteve a recomendação
de compra de papéis da companhia brasileira, mas não sem ressaltar que o adiamento das entregas foi uma ""surpresa negativa".
Já o Salomon Smith Barney foi taxativo: sustentou que o segmento
de jatos regionais está saturado.
É justamente nesse mercado
que a Embraer, quarta maior fabricante de aeronaves do mundo,
e sua principal concorrente, a
Bombardier, têm se destacado
nos últimos dez anos. São modelos como o da família ERJ 145, da
Embraer, com capacidade de entre 37 e 50 passageiros.
Para não perder sua participação, a fabricante brasileira decidiu
investir em modelos de maior autonomia, como o ERJ 145 XR, que
permite transportar 50 pessoas à
distância de 3.700 quilômetros.
Em dezembro, firmou contrato
com a estatal Avic 2 para instalar
na China sua primeira linha de
montagem fora do país.
Mas a grande aposta são os modelos da linhas 170, 175, 190 e 195,
com capacidade para até 108 passageiros. Não sem apuros: com
atraso na certificação do 170, por
problemas no desenvolvimento, a
Embraer decidiu atrasar a entrega
das primeiras aeronaves.
Colaborou Sérgio Ripardo,
da Folha Online
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