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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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Preço da nafta aumenta e pressiona embalagens

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A anunciada guerra dos norte-americanos contra o Iraque nem começou e o brasileiro já deve pagar por ela. A expectativa de uma batalha ajudou a pressionar o preço da nafta, insumo básico da indústria, nos dois últimos meses. Uma nova lista com reajustes no valor de produtos que usam essa matéria-prima já chegou às mãos de fabricantes de embalagens e plásticos -o que deve elevar o preço dos alimentos. A Folha teve acesso a essa lista.
Já existem aumentos propostos para insumos, como poliéster e alumínio -usados na embalagem de mercadorias e oriundos da nafta- de 0,6% a 10% em março. Reajustes já foram negociados também para este mês.

Repasses
O processo é simples: a cotação da nafta dispara no exterior, a Petrobras, que vende o insumo para as petroquímicas no país, se baseia nessa cotação internacional e repassa o reajuste. Sem estoque elevado nas fábricas -as reservas bastam para um mês no máximo-, o aumento é sentido quase de forma imediata pelas indústrias da área química.
Para não perder margens de lucro, as indústrias repassam o aumento para os fabricantes de embalagens. E eles, por sua vez, precisam renegociá-lo com as empresas que são suas clientes, como Nestlé, Sadia e Danone, que compram as embalagens.
"Com o aumento total pedido neste ano pelas petroquímicas, será necessário solicitar aumentos às indústrias, como a de alimentos, de 20%", diz Synésio da Costa, presidente da entidade que reúne a indústria de embalagens flexíveis.
"Americano acha que faz guerra em uma semana. Até aí tudo bem. Mas, se essa guerra se prolongar, vamos ter mais problemas ainda. Vai ser um salve-se-quem-puder", diz Merheg Cachum, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico.
Há um grupo de analistas, no entanto, que acredita que o insumo já subiu tudo o que tinha de subir. "Como a expectativa de uma guerra existe há meses, o mercado se "adianta" e a cotação sobe bem antes que a batalha se inicie. Na prática, esse mercado se antecipa aos fatos. Por isso, pode ser que a nafta não dispare tanto", explica Paulo Guilherme Aguiar Cunha, vice-presidente da Abiquim, do setor petroquímico.


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