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Preço da nafta aumenta e pressiona embalagens
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A anunciada guerra dos norte-americanos contra o Iraque nem
começou e o brasileiro já deve pagar por ela. A expectativa de uma
batalha ajudou a pressionar o preço da nafta, insumo básico da indústria, nos dois últimos meses.
Uma nova lista com reajustes no
valor de produtos que usam essa
matéria-prima já chegou às mãos
de fabricantes de embalagens e
plásticos -o que deve elevar o
preço dos alimentos. A Folha teve
acesso a essa lista.
Já existem aumentos propostos
para insumos, como poliéster e
alumínio -usados na embalagem de mercadorias e oriundos
da nafta- de 0,6% a 10% em
março. Reajustes já foram negociados também para este mês.
Repasses
O processo é simples: a cotação
da nafta dispara no exterior, a Petrobras, que vende o insumo para
as petroquímicas no país, se baseia nessa cotação internacional e
repassa o reajuste. Sem estoque
elevado nas fábricas -as reservas
bastam para um mês no máximo-, o aumento é sentido quase
de forma imediata pelas indústrias da área química.
Para não perder margens de lucro, as indústrias repassam o aumento para os fabricantes de embalagens. E eles, por sua vez, precisam renegociá-lo com as empresas que são suas clientes, como
Nestlé, Sadia e Danone, que compram as embalagens.
"Com o aumento total pedido
neste ano pelas petroquímicas, será necessário solicitar aumentos
às indústrias, como a de alimentos, de 20%", diz Synésio da Costa, presidente da entidade que
reúne a indústria de embalagens
flexíveis.
"Americano acha que faz guerra
em uma semana. Até aí tudo bem.
Mas, se essa guerra se prolongar,
vamos ter mais problemas ainda.
Vai ser um salve-se-quem-puder", diz Merheg Cachum, presidente da Associação Brasileira da
Indústria do Plástico.
Há um grupo de analistas, no
entanto, que acredita que o insumo já subiu tudo o que tinha de
subir. "Como a expectativa de
uma guerra existe há meses, o
mercado se "adianta" e a cotação
sobe bem antes que a batalha se
inicie. Na prática, esse mercado se
antecipa aos fatos. Por isso, pode
ser que a nafta não dispare tanto",
explica Paulo Guilherme Aguiar
Cunha, vice-presidente da Abiquim, do setor petroquímico.
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