São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EXUBERÂNCIA NACIONAL

Empresa lucra R$ 17,8 bi em 2003, 120% a mais do que em 2002; preços altos asseguram recorde

Lucro da Petrobras dobra e é o maior do país

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras anunciou ontem o maior lucro da história de todas as companhias abertas (com ação em Bolsa) do país: R$ 17,795 bilhões em 2003. O resultado é 120% maior do que o de 2002, quando havia sido de R$ 8,098 bilhões.
Segundo o diretor financeiro da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o preço mais alto do óleo e dos derivados praticado pela companhia em 2003 assegurou o desempenho recorde. Na média de 2003, o preço praticado pela empresa ficou 16% maior do que em 2002.
A Petrobras conseguiu elevar o lucro num ano em que a venda de combustíveis caiu 6% por causa da retração da renda. No quarto trimestre, o lucro ficou em R$ 5,546 bilhões -96% maior do que o obtido no mesmo período de 2002 (R$ 2,829 bilhões).
Segundo Gabrielli, também contribuíram para o lucro recorde o crescimento da produção, a expansão das vendas internacionais e a redução das importações.
O faturamento da Petrobras em 2003 ficou em R$ 95,743 bilhões -38% a mais do que os R$ 69,176 bilhões de 2002.
A produção total de óleo e gás da companhia (no Brasil e no exterior) cresceu 12%, para 2,036 milhões de barris/dia. Boa parte do aumento se deve à incorporação da argentina Petrobras Energia (ex-Perez Companc), adquirida em 2002. A produção local de óleo subiu menos: 3%.
Com a redução das importações de óleo e derivados -em parte, por causa do menor consumo doméstico-, a Petrobras teve, em 2003, seu primeiro superávit comercial: US$ 103 milhões. Ou seja: exportou mais do que importou.
Descontadas as importações, a estatal exportou 22 mil barris/dia de óleo e derivados em 2003. "Nos próximos anos, as importações vão continuar caindo", prevê Gabrielli.
Não quer dizer, porém, que o país seja auto-suficiente, o que só deve acontecer em 2006. A estatal ainda importa óleo leve e alguns tipos de derivados (como diesel). Outras empresas, especialmente as centrais petroquímicas, também compram no exterior.

Provisões e investimentos
A Petrobras poderia ter obtido um ganho ainda maior. É que teve de provisionar (reservar recursos) por perdas, principalmente com termelétricas nas quais é sócia. Em 2003, a provisão foi de R$ 2,1 bilhões. Para 2004, já está provisionado mais R$ 1,7 bilhão também em razão das térmicas, além de perdas com transporte de óleo no Equador.
"Já estamos resolvendo isso, procurando vender mais energia e comprar a participação dos sócios nas usinas", disse Gabrielli.
Em 2003, a estatal investiu R$ 21,089 bilhões. Para 2004, está previsto um investimento maior: R$ 28 bilhões. "É uma previsão, que pode não ser toda executada", explica Gabrielli.
Quem tem ações da Petrobras, inclusive as pessoas que as compraram com FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), vai receber R$ 5,15 por papel. A Petrobras pagará, ao todo, R$ 5,647 bilhões em dividendos -mais do que os R$ 2,761 bilhões distribuídos em 2002.
Segundo o diretor da Petrobras, a empresa cortou gastos em 2003, o que permitiu aumentar o pagamento de dividendos.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Energia: ENI negocia venda para a Petrobras
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.