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Aumento de custos na produção segura lucro da Petrobras
Empresa registra ganho de R$ 25,9 bi em 2006, alta de 9% em relação ao ano passado, mas lucro do 4º tri cai 36%
Estatal destaca aumento de preços e da produção para explicar resultado maior, mas gastos com refino, pessoal e produção crescem
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras registrou lucro
recorde de R$ 25,919 bilhões
em 2006. O resultado representa um aumento de 9% em
relação ao ano anterior. Mas
analistas o classificaram como
"decepcionante", em razão do
resultado do quarto trimestre,
abaixo das expectativas.
Segundo o diretor financeiro
da Petrobras, Almir Barbassa, o
resultado de 2006 pode ser
atribuído a dois fatores: aumento de preços e de produção.
O preço médio de realização do
petróleo subiu 21% no ano passado. As vendas de derivados
no Brasil cresceram 3%.
"A venda de gasolina cresceu
em volume desde o início de
2006 porque houve uma redução no percentual de álcool
acrescido ao combustível. Além
disso, houve crescimento natural da frota de veículos e do
PIB", afirmou Barbassa.
Segundo Barbassa, o atraso
no início da produção da plataforma P-34 e crescimento abaixo do esperado em outras explicam frustração de expectativas.
A produção nacional de petróleo e gás natural liquefeito
cresceu 5,6% com a entrada das
plataformas P-50 (abril),
FPSO-Capixaba (maio) e P-34
(dezembro). A produção passou de 1,684 milhão de barris/
dia para 1,778 milhão de barris.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e
amortizações) cresceu 9% e somou R$ 52,06 bilhões. Segundo
Barbassa, suficiente para sustentar os projetos de investimento da empresa. Em 2006,
ela investiu R$ 33,686 bilhões,
aumento de 31% em relação a
2005. A maior parcela, de R$
15,3 bilhões, foi destinada à
área de exploração e produção.
Para 2007, a previsão é de investimentos de R$ 55 bilhões,
em linha com os planos do PAC,
segundo Barbassa.
De outubro a dezembro, a
Petrobras lucrou R$ 5,2 bilhões, uma queda de 36% em
relação ao último trimestre de
2005. Segundo a estatal, o desempenho foi prejudicado pela
queda do preço do petróleo,
com um recuo médio de 14%, e
também pelo custo elevado de
formação de estoques.
"O resultado foi bom, mas
poderia ter sido muito melhor,
se a Petrobras tivesse feito com
que a gasolina e o diesel acompanhassem o mercado internacional ao longo do ano", disse
Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura.
O custo de extração no Brasil,
sem o pagamento de royalties,
cresceu 15% em dólares. Segundo a estatal, por causa de
gastos maiores com sondas e
pessoal (incluindo admissões e
o acordo coletivo de trabalho) e
da entrada em operação da
FPSO-Capixaba e da P-34, com
custos mais elevados. Incluindo os royalties, o aumento chegou a 20%, porque as participações governamentais acompanharam o preço do petróleo.
"Só poderemos ver o aspecto
gerencial quando os preços do
petróleo caírem. Qualquer petrolífera dá pouca atenção ao
custo operacional em períodos
de alta cotação", disse Pires.
O custo de refino aumentou
21% em dólares por conta de
mais investimentos para processar óleo pesado e para pagar
pessoal após acordo coletivo.
No exterior, o custo de extração subiu 16%, o de refino, 33%.
"A empresa não está cumprindo metas que estipulou.
Houve aumento de custos na
indústria, mas existe também o
aspecto de gestão da despesa",
afirmou Luiz Otávio Broad, da
corretora Ágora Senior.
Em 2006, a estatal buscava
superávit de US$ 3 bilhões na
balança comercial -obteve
US$ 423 milhões. O saldo de
exportações líquidas foi de 93
mil barris/dia, alta de 21%.
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