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Para especialistas, política de preços não segue a lógica do mercado internacional
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na avaliação de consultores,
a Petrobras está cobrando demais pela gasolina vendida na
refinaria (preço sem impostos).
Em tese, a estatal deveria seguir uma paridade com o preço
internacional dos derivados.
Segundo cálculo da consultoria Tendências, a gasolina da
Petrobras estaria 8,57% mais
cara. Para a RC Consultores, esse descolamento seria bem
maior: 18%. Os números variam muito em função dos parâmetros usados pelos consultores nas comparações.
Para a Petrobras, pode estar
havendo um descolamento
momentâneo, mas o preço estaria compatível com cotações
médias, de longo prazo. "Não
repassamos qualquer oscilação
de preços em respeito ao consumidor. Fazer isso seria ter lucro especulativo", disse Raul
Campos, gerente de Relações
com Investidores da estatal.
Segundo ele, outros derivados, como nafta (usado no setor
petroquímico), querosene de
aviação e óleos combustíveis
são reajustados com mais freqüência que a gasolina e o diesel porque, nesses casos, há
mais opções de suprimento.
Isso não acontece com a gasolina e o diesel por conta da
presença dominante da estatal.
Apesar disso, diz Campos, a Petrobras não estaria fazendo política de controle de inflação.
Para especialistas e analistas
de mercado, no entanto, a Petrobras trabalha o preço politicamente. "A Petrobras ficou
muito tempo sem reajustar no
ano passado, por ser um ano
eleitoral. Ela poderia ter lucrado mais do que de fato lucrou",
afirma o pesquisador Giuseppe
Bacoccoli, da Coppe/UFRJ.
Para a consultora Fabiana
D'Atri, da Tendências, é difícil
entender os critérios da estatal.
"Analisamos o histórico e verificamos que não há regra nenhuma para o reajuste." Para
ela, os reajustes (para cima ou
para baixo) deveriam seguir
mais o mercado externo, como
é feito com outros derivados.
Já para Fábio Silveira, da RC
Consultores, o fato de a Petrobras não repassar as oscilações
internacionais não é, necessariamente, ruim. "Isso criaria
uma instabilidade na economia
e poderia alimentar a inflação."
Para os consultores ouvidos
pela Folha, a participação da
Petrobras no execução do PAC
não vai implicar nenhum investimento que necessariamente dê prejuízo. Nessa análise, as obras do programa já
constavam do plano de investimentos da empresa e seriam
feitas de qualquer maneira.
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