São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para especialistas, política de preços não segue a lógica do mercado internacional

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na avaliação de consultores, a Petrobras está cobrando demais pela gasolina vendida na refinaria (preço sem impostos). Em tese, a estatal deveria seguir uma paridade com o preço internacional dos derivados.
Segundo cálculo da consultoria Tendências, a gasolina da Petrobras estaria 8,57% mais cara. Para a RC Consultores, esse descolamento seria bem maior: 18%. Os números variam muito em função dos parâmetros usados pelos consultores nas comparações.
Para a Petrobras, pode estar havendo um descolamento momentâneo, mas o preço estaria compatível com cotações médias, de longo prazo. "Não repassamos qualquer oscilação de preços em respeito ao consumidor. Fazer isso seria ter lucro especulativo", disse Raul Campos, gerente de Relações com Investidores da estatal.
Segundo ele, outros derivados, como nafta (usado no setor petroquímico), querosene de aviação e óleos combustíveis são reajustados com mais freqüência que a gasolina e o diesel porque, nesses casos, há mais opções de suprimento.
Isso não acontece com a gasolina e o diesel por conta da presença dominante da estatal. Apesar disso, diz Campos, a Petrobras não estaria fazendo política de controle de inflação.
Para especialistas e analistas de mercado, no entanto, a Petrobras trabalha o preço politicamente. "A Petrobras ficou muito tempo sem reajustar no ano passado, por ser um ano eleitoral. Ela poderia ter lucrado mais do que de fato lucrou", afirma o pesquisador Giuseppe Bacoccoli, da Coppe/UFRJ.
Para a consultora Fabiana D'Atri, da Tendências, é difícil entender os critérios da estatal. "Analisamos o histórico e verificamos que não há regra nenhuma para o reajuste." Para ela, os reajustes (para cima ou para baixo) deveriam seguir mais o mercado externo, como é feito com outros derivados.
Já para Fábio Silveira, da RC Consultores, o fato de a Petrobras não repassar as oscilações internacionais não é, necessariamente, ruim. "Isso criaria uma instabilidade na economia e poderia alimentar a inflação."
Para os consultores ouvidos pela Folha, a participação da Petrobras no execução do PAC não vai implicar nenhum investimento que necessariamente dê prejuízo. Nessa análise, as obras do programa já constavam do plano de investimentos da empresa e seriam feitas de qualquer maneira.


Texto Anterior: Estatal tem maior resultado na América Latina nos últimos 20 anos, diz estudo
Próximo Texto: Paulo Rabello de Castro: Estacas e estacamento (Piripaque 2)
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.