São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Itaú amplia lucro em 14% e alcança R$ 6,2 bi em 2006

Puxado pelo crédito, resultado fica perto do obtido pelo Bradesco, com R$ 6,3 bi

Se consideradas operações extraordinárias, como a compra do BankBoston, balanço aponta queda de 17,9% em relação a 2005


MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Itaú teve um lucro de R$ 6,19 bilhões no ano passado, cifra 13,8% maior do que a alcançada em 2005. O resultado foi ligeiramente menor do que o do Bradesco -que divulgou anteontem um lucro de R$ 6,3 bilhões.
Como em outros períodos, o lucro do Itaú foi menor, mas teve rentabilidade maior do que a do seu rival. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido do Itaú foi de 32,6%, enquanto a do Bradesco ficou em 30%.
Todas as comparações consideram o lucro líquido recorrente, que exclui, para cálculo do lucro, operações extraordinárias. Assim, no caso do Itaú, o lucro consolidado, que considera essas operações, foi de R$ 4,31 bilhões em 2006, registrando queda de 17,9% em relação ao ano anterior.
Grande parte da diferença entre o lucro recorrente e o consolidado, no caso do Itaú, ocorre por conta da decisão do banco de amortizar o ágio pago pelas operações do BankBoston no Brasil, no Chile e no Uruguai, adquiridas pelo banco brasileiro em maio e agosto do ano passado. "Nós sempre tivemos a política de amortizar o ágio quando fazemos aquisição", explica Roberto Setubal, presidente do Itaú.
Como no caso de seu grande rival -o Bradesco-, o Itaú registrou forte aumento das operações de crédito. A carteira de crédito da instituição chegou a R$ 93,6 bilhões no final do ano passado, volume 38% superior ao do final de 2005.
Está incluída no total a carteira "herdada" do Boston. Mas, mesmo sem considerar o impacto dela, o crédito cresceu bastante, aumentando 24,7% em relação a 2005.
O crescimento mais expressivo foi o da carteira de empréstimos para pessoas físicas, que cresceu 37,5%, ou 42% se consideradas as operações do Boston. A alta nas operações foi vitaminada principalmente pela expansão dos financiamentos de veículos, que chegaram a R$ 18 bilhões no final do ano passado, cifra 64,7% superior à do final de 2005. O aumento expressivo da carteira de crédito de financiamento e leasing de automóveis, diz o Itaú, dá ao banco participação de 23% do mercado para esse tipo de operação.
Segundo Setubal, a projeção é que a carteira de crédito do banco deva crescer cerca de 20% neste ano, velocidade um pouco menor, portanto, do que os 24,7% de 2006. A inadimplência, que subiu de forma significativa em 2006, diz ele, deve ficar sob controle. No ano passado, o índice de atrasos com mais de 60 dias chegou a 5,3%, contra algo em torno de 4% no ano anterior.
O indicador, no entanto, esconde uma divergência grande entre os índices para pessoas físicas e para empresas. No caso das pessoas jurídicas, o índice de inadimplência ficou em 2,2%, enquanto no de pessoas físicas, ele atingiu 8,1%.
Na avaliação de Setubal, desde o final do ano passado já há indicadores de que os níveis de inadimplência devem ceder. Ele aponta, por exemplo, para a perspectiva de crescimento da economia, da renda e do emprego, como indicadores de que a capacidade de pagamento do brasileiro deve reduzir a proporção de créditos em atraso.
O crédito para pequenas e médias empresas também deve crescer, diz o presidente do Itaú. Além da tendência de crescimento dos empréstimos para esse tipo de cliente, o Itaú soma grande carteira de empréstimos para médias empresas herdada do BankBoston.
Apenas com a incorporação do Boston, a carteira para pequenas e médias empresas do Itaú aumentou em R$ 4,8 bilhões no ano passado, chegando a R$ 20,4 bilhões. Com o aumento, a participação delas na carteira de empréstimos do Itaú saltou de 19% em 2005 para 22% no ano passado.


Texto Anterior: Corte no Orçamento deve chegar a R$ 16,5 bi
Próximo Texto: Para Setubal, crescimento do PIB não deverá passar de 4%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.