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Recessão na zona do euro se aprofunda
PIB do bloco, um dos principais destinos das exportações do Brasil, encolhe 1,5% no 4º tri de 08; UE também entra em recessão
Principal economia do bloco, a Alemanha teve o maior recuo desde 1990; queda no PIB da França é a mais aguda em 34 anos
DA REDAÇÃO
O agravamento da crise global no fim de 2008 aprofundou
ainda mais a recessão na economia da zona do euro, arrastando todos os grandes países
do bloco para a retração e encolhendo mais até que os EUA, o
epicentro dos problemas.
Com a Alemanha, a sua principal economia, registrando a
maior retração desde a reunificação, em 1990, o PIB dos 15
países da zona do euro (neste
ano, a entrada da Eslováquia levou o número de integrantes do
bloco a 16) encolheu 1,5% no
quarto trimestre do ano passado em relação aos três meses
anteriores. A região já vinha de
dois trimestres seguidos de
contração (que é a definição
técnica de recessão), mas, em
comparação, ela era muito mais
amena: de 0,2%.
No começo do ano passado, o
principal problema para a desaceleração europeia eram os altos preços das commodities
(como petróleo), mas a concordata do banco americano Lehman Brothers, em setembro, e
os temores em relação ao sistema financeiro global criaram
um "choque global de incertezas", segundo Jörg Krämer,
economista-chefe do Commerzbank. "A lição dos últimos
seis meses é que todo país foi
afetado -tivesse uma bolha no
mercado imobiliário ou não."
A deterioração da economia
europeia, um dos principais
destinos das exportações brasileiras, chama ainda mais a
atenção porque desde a adoção
do euro, em 1999, ela nunca havia encolhido -até o segundo
trimestre de 2008. Mesmo tendo em conta dados desde 1995,
a retração era fato inédito.
E, além de se aprofundar, a
recessão continua a se espalhar. A União Europeia (composta por 27 países) entrou oficialmente em recessão, após
dois trimestres consecutivos de
retração, e Holanda e Portugal
também fazem parte agora do
grupo em recessão, que conta,
entre outros, com Alemanha,
Reino Unido, Itália e Espanha.
E, ao contrário do que se imaginava no começo de 2008, a
Europa não está resistindo à
crise melhor que os EUA. Enquanto zona do euro e União
Europeia se retraíram em 1,5%
no quarto trimestre, a queda do
PIB americano foi de 1%. Com
consumidores e empresas diminuindo as suas compras no
mundo, economias exportadoras, como a Alemanha, têm sofrido ainda mais.
Para ter uma ideia dos problemas alemães, mesmo levando em conta os dados da Alemanha Ocidental, uma retração maior que 2,1% só vai ser
encontrada em 1987, mas aquele caso foi sazonal, com a indústria de construção civil prejudicada por um forte inverno. A
queda da economia alemã foi
maior que a das rivais, que também tiveram retrações não vistas há décadas. O PIB francês
caiu 1,2%, o maior recuo em 34
anos, e o italiano, com queda de
1,8%, teve o pior resultado desde pelo menos o início da série
estatística, em 1980.
Na Europa, entre os que já divulgaram os dados dos últimos
três meses do ano passado, pior
que a Alemanha só a Lituânia,
que encolheu 2,4%.
Mesmo com os governos
aprovando bilhões de euros para tentar estimular suas economias, a previsão é que a Europa
tenha neste ano a maior retração desde o final da Segunda
Guerra, em 1945.
A recessão também deve
pressionar o BCE (Banco Central Europeu) a aprofundar o
corte de juros, já os mais baixos
desde 2005, ainda mais numa
economia que, além de encolher, deixou de ter a inflação como preocupação imediata e em
que a taxa de desemprego continua a crescer.
Com "Financial Times" e agências internacionais
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