São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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Recessão na zona do euro se aprofunda

PIB do bloco, um dos principais destinos das exportações do Brasil, encolhe 1,5% no 4º tri de 08; UE também entra em recessão

Principal economia do bloco, a Alemanha teve o maior recuo desde 1990; queda no PIB da França é a mais aguda em 34 anos


DA REDAÇÃO

O agravamento da crise global no fim de 2008 aprofundou ainda mais a recessão na economia da zona do euro, arrastando todos os grandes países do bloco para a retração e encolhendo mais até que os EUA, o epicentro dos problemas.
Com a Alemanha, a sua principal economia, registrando a maior retração desde a reunificação, em 1990, o PIB dos 15 países da zona do euro (neste ano, a entrada da Eslováquia levou o número de integrantes do bloco a 16) encolheu 1,5% no quarto trimestre do ano passado em relação aos três meses anteriores. A região já vinha de dois trimestres seguidos de contração (que é a definição técnica de recessão), mas, em comparação, ela era muito mais amena: de 0,2%.
No começo do ano passado, o principal problema para a desaceleração europeia eram os altos preços das commodities (como petróleo), mas a concordata do banco americano Lehman Brothers, em setembro, e os temores em relação ao sistema financeiro global criaram um "choque global de incertezas", segundo Jörg Krämer, economista-chefe do Commerzbank. "A lição dos últimos seis meses é que todo país foi afetado -tivesse uma bolha no mercado imobiliário ou não."
A deterioração da economia europeia, um dos principais destinos das exportações brasileiras, chama ainda mais a atenção porque desde a adoção do euro, em 1999, ela nunca havia encolhido -até o segundo trimestre de 2008. Mesmo tendo em conta dados desde 1995, a retração era fato inédito.
E, além de se aprofundar, a recessão continua a se espalhar. A União Europeia (composta por 27 países) entrou oficialmente em recessão, após dois trimestres consecutivos de retração, e Holanda e Portugal também fazem parte agora do grupo em recessão, que conta, entre outros, com Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha.
E, ao contrário do que se imaginava no começo de 2008, a Europa não está resistindo à crise melhor que os EUA. Enquanto zona do euro e União Europeia se retraíram em 1,5% no quarto trimestre, a queda do PIB americano foi de 1%. Com consumidores e empresas diminuindo as suas compras no mundo, economias exportadoras, como a Alemanha, têm sofrido ainda mais.
Para ter uma ideia dos problemas alemães, mesmo levando em conta os dados da Alemanha Ocidental, uma retração maior que 2,1% só vai ser encontrada em 1987, mas aquele caso foi sazonal, com a indústria de construção civil prejudicada por um forte inverno. A queda da economia alemã foi maior que a das rivais, que também tiveram retrações não vistas há décadas. O PIB francês caiu 1,2%, o maior recuo em 34 anos, e o italiano, com queda de 1,8%, teve o pior resultado desde pelo menos o início da série estatística, em 1980.
Na Europa, entre os que já divulgaram os dados dos últimos três meses do ano passado, pior que a Alemanha só a Lituânia, que encolheu 2,4%.
Mesmo com os governos aprovando bilhões de euros para tentar estimular suas economias, a previsão é que a Europa tenha neste ano a maior retração desde o final da Segunda Guerra, em 1945.
A recessão também deve pressionar o BCE (Banco Central Europeu) a aprofundar o corte de juros, já os mais baixos desde 2005, ainda mais numa economia que, além de encolher, deixou de ter a inflação como preocupação imediata e em que a taxa de desemprego continua a crescer.


Com "Financial Times" e agências internacionais


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