São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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Emprego na indústria de SP tem pior janeiro desde 2002

Setor perdeu 32,5 mil vagas no mês passado, aponta Fiesp; corte afeta quase todos os setores

Dado reforça a previsão de que o mercado de trabalho no Brasil passa pelo pior janeiro desde 99; pesquisa antecipa o Caged, diz LCA


VERENA FORNETTI
NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No mês em que tradicionalmente começa a recompor o quadro de funcionários reduzido no fim do ano, a indústria paulista reverteu a tendência de geração de postos de trabalho e registrou o pior saldo em janeiro desde o início da série histórica, em dezembro de 2002, segundo a Fiesp (Federação da Indústria Paulista).
Na série ajustada à nova metodologia, aplicada pela primeira vez sobre os dados do mês passado, é o pior janeiro desde 2006. A nova metodologia ampliou a amostra de 1.992 para 3.039 empresas e separou os resultados do setor de alimentos dos de bebidas, entre outras mudanças. As modificações, porém, não produziram resultados muito discrepantes aos registrados anteriormente.
A Fiesp também mostra que, na comparação com dezembro de 2008, a indústria de São Paulo perdeu 32,5 mil vagas. As piores quedas foram vistas nos setores automotivo, com saldo negativo de 7.804 vagas, e de confecção de artigos de vestuário e acessórios, com 4.309 postos de trabalho eliminados.
O dado reforça a previsão de que o mercado de trabalho no Brasil passa pelo pior janeiro desde 1999. "Na pior das hipóteses, havia estabilidade na criação de postos de trabalho no mês de janeiro", disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.
No mês passado, 19 dos 22 setores da indústria paulista tiveram queda no nível de emprego. Apenas produtos diversos (como brinquedos e bijuterias) e farmoquímicos e farmacêuticos tiveram desempenho positivo (0,5%). Com exceção de dezembro, quando todos os setores da indústria perderam vagas, nunca houve resultado similar desde julho de 2005.
Francini afirma que o setor de autopeças é um dos principais responsáveis pela perda de vagas, mas que o processo deve se espalhar. "Setores que mais dependem de crédito sofrem primeiro, mas depois começam a sofrer os setores que dependem de renda, que diminui em razão da perda de empregos."
Para Fábio Romão, consultor da LCA, os dados da Fiesp tanto refletem o movimento de ajuste no quadro de funcionários iniciado em novembro quanto antecipam os números do Caged, que devem ser divulgados nos próximos dias. "Contudo, acredito que boa parte do ajuste da indústria já foi feito, em termos de demissões", diz.
Ontem a Fiesp divulgou o indicador Sensus, que monitora a percepção dos empresários. O indicador ficou em 41,4 pontos na primeira quinzena deste mês -50 indica neutralidade. O pior dado foi a perspectiva para os estoques, de 32 pontos. "O dado é preocupante porque mostra que a indústria está superestocada", afirma Francini.


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