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Liberação de tarifa não reduz passagem
Preço de voos para o exterior é superior ao do piso de abril do ano passado, quando a Anac autorizou redução do valor
Companhias aéreas alegam "leis de mercado" e ainda problemas financeiros como motivos para não terem reduzido valor das tarifas
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
A liberação dos preços das
passagens aéreas internacionais pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), iniciada
em abril do ano passado, até
agora tem sido letra morta.
Pesquisa feita pela Folha mostra que companhias que operam voos do Brasil para dez capitais no exterior ainda cobram
preços acima do antigo piso.
O processo de liberação das
tarifas aéreas será concluído
em 22 de abril, quando não
existirá nenhum preço mínimo
em vigor. Hoje, as empresas aéreas devem respeitar um piso
que equivale a 20% daquele
existente até abril passado.
O objetivo da redução gradual era dar às companhias
tempo de adaptação à nova realidade de mercado totalmente
livre. Até agora, porém, é como
se nada tivesse sido feito. Os
preços mínimos foram criados
nos anos 1990, para atender ao
pedido das empresas brasileiras, que alegavam temer a concorrência das estrangeiras.
A pesquisa da Folha foi realizada entre os dias 8 e 9 deste
mês, nos sites das companhias
aéreas, com dólar a R$ 1,88, saída de São Paulo prevista para
25 de abril e volta em 5 de
maio, período considerado de
baixa temporada -quando, pela lei da oferta e da procura, a
baixa demanda deveria forçar a
queda dos preços. Não foram
consideradas as taxas.
Para Nova York, o bilhete
mais em conta entre quatro
companhias é o da Delta Airlines: R$ 1.910, 43% acima do antigo preço mínimo em vigor, de
R$ 1.331, e 615% além do atual
piso, de R$ 267. Os bilhetes
mais caros foram os da United
Airlines e da TAM. Também foram pesquisados bilhetes na
American Airlines.
Na viagem a Paris, a passagem mais barata é a da espanhola Iberia, R$ 1.674 -2,4%
acima do piso antigo e 411%
mais que o atual preço mínimo.
A passagem mais cara é da portuguesa TAP. Foram pesquisadas também Air France e TAM.
Para Respício Espírito Santo,
diretor do Instituto Cepta, especializado em estudos sobre o
setor aéreo, as grandes companhias ainda estão às voltas com
problemas financeiros antigos,
acentuados com a crise. "Elas
ainda estão buscando o equilíbrio, por isso não têm espaço
para brigar por passageiros
com tarifas mais baixas."
Contribui, segundo ele, o fato de o Brasil ter pouca relevância estratégica para as estrangeiras, em termos de mercado, "porque o tráfego é muito
pequeno em comparação com
outras rotas que operam".
Para Espírito Santo, a concorrência das companhias estrangeiras no Brasil só vai se
traduzir em queda de preços
"quando vierem dias melhores
na aviação mundial".
Procuradas, as companhias
alegam "leis de mercado" e
problemas financeiros para
não terem reduzido as tarifas.
A Delta disse que as empresas ainda estão se recuperando
da crise e que qualquer "movimento brusco" pode resultar
em perda de receita. TAP e Air
France afirmaram que as tarifas são determinadas segundo
a lei de oferta e demanda.
A Iberia afirmou que o consumidor sentirá mais o efeito
em momentos de menor demanda, "a exemplo do que
ocorreu nos meses mais duros
da crise". A TAM se diz favorável à liberação das tarifas, "desde que sejam garantidas às empresas brasileiras condições de
competir em situações de
igualdade com as estrangeiras".
A American Airlines diz que
não comenta questões ligadas à
liberação tarifária, e a United,
procurada, não ligou de volta. A
Anac disse que não tem como
determinar às empresas que
reduzam as passagens, pois o
ambiente é de livre negociação.
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