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COMBUSTÍVEIS
Para sindicato de postos, aumento do produto levou motoristas a optarem pelo uso da gasolina em seus carros
Consumo de álcool cai 23% em posto de SP
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento do preço do álcool,
que é comercializado por em média R$ 1,99 o litro na bomba, levou
a uma redução de 23% do consumo do combustível em postos da
Grande São Paulo que vendem
com nota fiscal, segundo pesquisa
do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivado de
Petróleo do Estado de São Paulo).
O levantamento foi feito por telefone ao longo das últimas duas
semanas em cem postos e mostra
que parte dos consumidores já
considera que vale mais a pena
abastecer com gasolina. Segundo
o presidente do sindicato, José Alberto Paiva Gouvêia, pode ser
também que uma parcela dos
motoristas tenha migrado para o
álcool vendido sem nota fiscal.
"Há alguns postos que vendem
álcool a R$ 1,65, mas esse é o chamado álcool "molhado", vendido
sem nota", diz.
"De qualquer forma, muitos
consumidores passaram a usar
gasolina. Quem sabe fazer conta
hoje não abastece com álcool",
completa Gouvêia.
De acordo com números do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da
Esalq-USP, é menos vantajoso
abastecer com álcool sempre que
seu preço corresponder a mais do
que entre 60% e 70% do custo da
gasolina -o percentual varia de
acordo com o modelo do carro.
Segundo o presidente do sindicato, considerando-se essa relação de preços já não é vantajoso
abastecer com álcool em São Paulo. "Com um litro de gasolina, é
possível rodar de 7,5 km a 9 km,
dependendo do modelo do automóvel. Com um litro de álcool, de
4 km a 5 km", afirma.
O Sincopetro ainda não tem dados que mostrem o quanto cresceu o consumo da gasolina por
conta da queda do álcool.
Não se pode presumir que o aumento da venda de gasolina foi na
mesma proporção da queda na
comercialização do álcool porque
parte dos consumidores pode ter
passado a abastecer em postos
sem nota fiscal, que não são pesquisados pelo sindicato. Além
disso, como a gasolina rende
mais, o consumidor abastece menos ao trocar de combustível.
Queda maior na zona sul
A queda no consumo de álcool
detectada pela pesquisa do Sincopetro foi mais acentuada nos postos localizados em bairros de
maior poder aquisitivo. Na zona
sul da capital de São Paulo, por
exemplo, a redução chegou a
35%, em média. Já nos bairros da
zona leste da cidade a queda média foi de 18%, a menor redução
entre os bairros pesquisados.
A razão é que nos bairros de
maior poder aquisitivo há mais
automóveis novos, ou seja, mais
carros "flex fuel" (bicombustíveis), que podem ser abastecidos
com gasolina ou com álcool.
A participação dos veículos bicombustíveis no total de carros
vendidos no Brasil explodiu no
ano passado, e continua crescendo: foi para 76,5% em fevereiro,
ante 72,7% em janeiro, segundo
dados da Fenabrave (a federação
que reúne as concessionárias de
veículos).
A tendência, segundo Gouvêia,
é que a redução do consumo de
álcool aumente ainda mais se o
combustível não cair de preço.
"Há pessoas que demoram mais
para perceber que a relação custo-benefício não vale a pena. E essas
ainda vão se dar conta."
Segundo analistas do setor, o
preço do álcool deve voltar aos
patamares anteriores apenas
quando entrar a safra de cana-de-açúcar, ou seja, a partir de abril.
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