São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2006

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TECNOLOGIA

Costa critica fato de empresas de telefonia serem estrangeiras e ataca pressão por padrão europeu na TV digital

Ministro vê monopólio e lobby das teles

Sergio Lima - 10.mar.06/Folha Imagem
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, durante entrevista


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, fez ontem, durante palestra, defesa da posição dele e do governo na questão da escolha do modelo de TV digital. Para isso, ele criticou a privatização do sistema de telefonia, a "falta de coragem" do governo Fernando Henrique Cardoso em escolher o padrão de TV digital, as teles (por fazerem "lobby" e "comprar consciências) e a mídia.
A palestra, realizada no auditório da Escola de Ciência de Informação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), teve na platéia aproximadamente 150 pessoas da comunidade universitária. O ministro tem sido criticado por "defender" o padrão japonês de TV digital, que é o preferido das emissoras de TV do país.
Ele começou sua fala dizendo que, da receita anual de R$ 100 bilhões do mercado de comunicações no Brasil, "R$ 90 bilhões estão nas mãos das companhias telefônicas e R$ 10 bilhões nas mãos das de comunicação de massa". Criticou o fato de quase todas as companhias de telefonia serem estrangeiras e disse que países como Espanha, Portugal e Itália limitam que estrangeiros assumam as suas empresas desse setor.

Curral
Segundo Costa, as privatizações na gestão FHC permitiram o "monopólio" regional da telefonia fixa, que ele chamou de "curral", enquanto o governo ficou com "todas as dívidas trabalhistas e previdenciárias" das teles vendidas, dívida que hoje soma R$ 1,6 bilhão. "Agora, as empresas estão redondinhas, enxutinhas, sem um tostão de dívida."
Enquanto isso, disse ele, o que se vê agora é o "lobby" das empresas de telefonia, que defendem o modelo europeu.
"Agora começamos a ver que essas empresas de telefonia começam a comprar até a consciência das pessoas. Isso sem dizer o percentual que já tem de publicações importantes nacionais. Já estão entrando no setor de rádio, televisão, jornais, e por isso é que nós, o ministro das Comunicações, defendemos a empresa nacional."
Costa negou que defenda o modelo japonês e que as discussões sobre o sistema não sejam amplas e abertas. Disse que esse modelo é o que melhor atende ao que o país propõe, que é fortalecer a indústria nacional e propiciar a TV digital aberta e de graça, inclusive para transmissão via aparelhos celulares, o que não ocorreria no modelo europeu, de acordo com o ministro.
A Folha publicou, na semana passada, que o governo já se definiu pelo padrão japonês.
"Essa é uma das principais controvérsias da TV digital. Tem um sistema que te permite fazer isso [transmissão via celular] de graça e os outros dois [europeu e americano] tem que pagar às companhias telefônicas. Evidentemente, as companhias telefônicas estão fazendo lobby nacional, estão usando todo o recurso que têm, comprando consciências, e muitas se vendem, nós sabemos."


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