São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2006

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MÍDIA

Knight Ridder, 2ª maior do país, foi comprada por US$ 4,5 bi por concorrente

Cadeia de jornais dos EUA é vendida

LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

No que foi considerada uma transação sintomática do futuro incerto do setor, foi anunciada ontem a venda da gigante Knight Ridder Inc., segunda maior rede de jornais impressos dos Estados Unidos, por US$ 4,5 bilhões à McClatchy Co., oitava e única do ramo a fazer uma oferta.
Após finalizar a compra, a McClatchy anunciou ontem que pretende vender 12 dos 32 diários da Knight Ridder e enxugar os custos da empresa. A reestruturação já era esperada desde que a rede foi colocada à venda em novembro, suscitando pouco interesse entre "publishers" e potenciais compradores.
Além do preço de compra -US$ 67,50 por ação-, a McClatchy assumirá US$ 2 bilhões em dívidas da Knight Ridder, empresa que tem três vezes o seu porte, com circulação diária total de 3,3 milhões e ingresso anual de US$ 3 bilhões. A McClatchy, porém, tem grande reputação de eficiência e qualidade jornalística, com margem de lucro de 22,8% no ano passado.
A venda da Knight Ridder foi, na realidade, um leilão. Porém não houve muitas propostas formais, apesar de o grupo ter alto fluxo de caixa que poderia ser revertido para abater suas dívidas e o preço de suas ações estar abaixo de seu potencial valor.
Todos os dados envolvendo o negócio suscitaram um debate sobre o futuro dos jornais impressos naquele país -tema, aliás, em pauta por todo o mundo-, com a baixa de publicidade, os custos de impressão e a ascensão de noticiários na internet.

Preço aceitável
Para a analista Lauren Fine, do banco Merril Lynch, avaliou que o interesse de uma outra empresa de jornais foi um fator positivo, mas que o preço "não deve levantar muitos aplausos" em Wall Street. O preço foi considerado justo e "aceitável" por investidores do ramo. A proposta da McClatchy foi aceita em reunião da diretoria no domingo em Nova York. Pelo menos uma outra proposta, de um consórcio de fora do ramo, foi feita.
Outros observadores do mercado avaliam que o resultado morno da venda não se é um veredicto sobre o futuro do jornal imprenso, apenas uma avaliação sincera sobre a baixa margem de produtividade da Knight Ridder, dona, entre outros, de dois diários da Filadélfia que serão vendidos, o Inquirer e o Daily News.
O presidente da McClatchy, Gary Pruitt disse ontem que a reestruturação deverá poupar US$ 60 milhões em custos anuais e que não há planos para enxugar as folhas de pagamento.
A operação deve ser finalizada em um período de três a quatro meses e o novo grupo terá 32 diários e outras 50 publicações. Será o segundo do setor, atrás da Gannett, publisher do jornal "USA Today", entre outros.
A estratégia da McClatchy Co. será manter os jornais regionais com maior potencial de crescimento de mercado. "Somos líderes em mídia local e nossos mercados estão crescendo 50% mais rápido que a média do país", afirmou Pruitt.
Dois diretores da Knight Ridder devem integrar o conselho do novo grupo, mas o presidente Tony Ridder deve se retirar, embolsando ao menos US$ 94 milhões apenas em ações.
Ele colocou a empresa à venda por pressão de investidores. Sua família começou no setor em 1892.
Já a família McClatchy está em sua quinta geração no conselho de administração da empresa.


Com agências internacionais

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