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Padrão japonês é o mais adequado para o país
GUNNAR BEDICKS
ESPECIAL PARA A FOLHA
O brasil é um dos países com
maior densidade de canais de
TV analógicos abertos via ar. Segundo a Anatel, são hoje 4.625 canais, de geradoras e retransmissoras de TV, que convivem no congestionado espectro de VHF e
UHF ocupando cada um 6 MHz
de largura de banda. Em São Paulo, por exemplo, não existe sequer
a possibilidade da inclusão de novo canal analógico.
Além da densidade espectral, há
problemas relacionados à transmissão analógica que impedem
que a imagem assistida na tela da
TV seja limpa e sem interferências.
Esses problemas estão relacionados às características morfológicas
das cidades do país. Quanto maior
for a densidade habitacional,
maiores os problemas na qualidade da imagem nas telas. Em São
Paulo, por exemplo, 56% dos domicílios recebem as imagens com
algum tipo de degradação.
Basicamente, esses problemas
estão classificados em três grupos:
a) Chuvisco (área de cobertura),
provocado pelo distanciamento
do receptor de TV da torre de
transmissão;
b) interferência (ruído impulsivo), causada por motores elétricos
(eletrodomésticos, motores industriais, elevadores etc.), veículos automotores, transformadores de
distribuição de energia elétrica e
descargas atmosféricas;
c) fantasmas ou sombras (multipercurso), imperfeições resultantes de reflexões em objetos fixos e/
ou móveis e em edifícios altos.
Além do congestionamento do
espectro e dos problemas relacionados à transmissão no ar, durante a fase de transição, que deverá
durar mais de dez anos, ocorrerá a
convivência dos canais analógicos
com os digitais, agravando ainda
mais a situação já existente.
Desde 1998, o Laboratório de TV
Digital do Mackenzie faz testes para identificar qual o sistema de TV
digital é o mais adequado às características brasileiras.
Essas adequações se devem
principalmente ao tipo de modulação, pois é ela que transporta os
sinais digitais da torre de transmissão até o receptor de TV.
Se ela não for robusta o suficiente, ou seja, não resolver os problemas hoje existentes na transmissão analógica, a tela da TV ficará
sem imagem (tela preta), e, no lugar de uma imagem ruim, não
existirá imagem na TV. Conseqüentemente, esses domicílios estarão fora da audiência.
A escolha feita pelo Brasil ao
adotar a modulação BST-OFDM
(Band Segmented Orthogonal
Frequency Division Multiplex),
utilizada no sistema japonês,
ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting - Terrestrial), é
acertada, haja vista ser a modulação mais robusta para resolver os
problemas aqui relacionados.
Essa escolha já havia sido apontada no relatório "Testes em Sistemas de TV Digital", apresentado
em 2001 pela Anatel, resultado dos
testes realizados em conjunto por
Mackenzie, SET, Abert, CpqD e
Anatel. Também nos relatórios
entregues pelas instituições que
estudaram a modulação no Sistema Brasileiro de TV Digital, em
dezembro de 2005, houve a indicação da modulação com banda segmentada como a mais propícia para as características brasileiras.
Além disso, a modulação BST-OFDM é a única que permite a flexibilidade com robustez, ou seja,
transmitir no mesmo canal de TV,
de 6 Mhz, vários tipos de serviços,
como: um programa HDTV (High
Definition TV); um programa
HDTV e um programa para dispositivos móveis e portáteis; um
programa HDTV e um programa
SDTV (Standard Definition TV)
ou quatro programas SDTV.
Gunnar Bedicks é pesquisador-chefe
do Laboratório de TV Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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