São Paulo, terça-feira, 14 de abril de 2009

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Vale enxuga estrutura e reduz equipe de diretores

Ex-dirigente do BNDES, Demian Fiocca também deixa cargo; empresa diz que foi a pedido

Redução de custos teria desagradado a Fiocca; Vale contratou consultoria e diz que está promovendo "um ajuste de estrutura"


SAMANTHA LIMA
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Diante da dificuldade em retomar as vendas de minério, a Vale acelerou a reorganização de seu organograma para eliminar sobreposições de atuação. Na semana passada, quatro executivos deixaram a empresa, entre eles o ex-presidente do BNDES Demian Fiocca, que ocupava a diretoria de gestão e sustentabilidade.
A Vale afirma que, no caso de Fiocca, foi um pedido de demissão. Segundo a Folha apurou, ele teria ficado insatisfeito com a redução de recursos de sua área. Com a saída de Fiocca, que chegou à Vale em 2007, o número de diretores-executivos cai de 6 para 5, e suas atribuições serão redistribuídas.
Os outros três executivos que deixaram a companhia foram Olinta Cardoso, diretora de comunicação, Marco Dalpozzo, diretor global de recursos humanos, e Walter Cover, este último ex-assessor de José Dirceu quando era chefe da Casa Civil. Os três situavam-se um nível abaixo dos diretores executivos. Segundo a Vale, "Olinta saiu para cuidar de projetos pessoais".
A companhia nada comentou sobre os outros dois, mas confirma que "está em curso um ajuste de estrutura, para buscar maior eficiência". Uma das empresas responsáveis pela refomulação é a Gradus Consultoria, de São Paulo.
Sob a diretoria de Dalpozzo ficava a área que conduziu acordo de licença remunerada fechado com trabalhadores em Minas Gerais. No acordo, os funcionários parariam, mas receberiam metade do salário e benefícios garantidos. O acordo acaba em 1º de maio. Não se sabe se os 17 mil trabalhadores serão demitidos.
Cinco meses depois de o mercado externo ter reduzido fortemente encomendas, a Vale ainda não retomou o ritmo de embarques pré-crise. Executivos do setor de mineração afirmam que, desde novembro, a ArcelorMittal, maior mineradora do mundo, não comprou praticamente minério da Vale.
As encomendas da China teriam verificado uma alta nos últimos meses porque, diante da crise, a Vale vem buscando atender pequenas siderúrgicas chinesas que querem comprar diretamente da mineradora. Especialistas em mineração e pessoas próximas à Vale dizem que, nos anos de explosão do consumo de minério de ferro, a empresa cresceu de forma demasiada. Hoje, a companhia tem 62 mil funcionários. Há dois anos, eram 42 mil pessoas.
Entre 2006 e 2008, período em que o lucro cresceu 61%, de R$ 13 bilhões para R$ 21 bilhões, as despesas administrativas avançaram 85%, de R$ 1,9 bilhão para R$ 3,6 bilhões.

Recuperação
Ontem, o diretor financeiro da Vale, Fábio Barbosa, afirmou que a empresa vem estudando formas de tornar viável, junto a bancos privados, a criação de linhas de financiamento para os fornecedores da companhia, sufocados pela crise no crédito. Barbosa afirma que o mercado vem dando sinais de recuperação.
"As vendas de imóveis na China estão em expansão, o que nos permite prever uma reaceleração no ciclo da construção civil do país".


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