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Vale enxuga estrutura e reduz equipe de diretores
Ex-dirigente do BNDES, Demian Fiocca também deixa cargo; empresa diz que foi a pedido
Redução de custos teria desagradado a Fiocca; Vale contratou consultoria e diz que está promovendo
"um ajuste de estrutura"
SAMANTHA LIMA
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Diante da dificuldade em retomar as vendas de minério, a
Vale acelerou a reorganização
de seu organograma para eliminar sobreposições de atuação.
Na semana passada, quatro
executivos deixaram a empresa, entre eles o ex-presidente
do BNDES Demian Fiocca, que
ocupava a diretoria de gestão e
sustentabilidade.
A Vale afirma que, no caso de
Fiocca, foi um pedido de demissão. Segundo a Folha apurou,
ele teria ficado insatisfeito com
a redução de recursos de sua
área. Com a saída de Fiocca,
que chegou à Vale em 2007, o
número de diretores-executivos cai de 6 para 5, e suas atribuições serão redistribuídas.
Os outros três executivos
que deixaram a companhia foram Olinta Cardoso, diretora
de comunicação, Marco Dalpozzo, diretor global de recursos humanos, e Walter Cover,
este último ex-assessor de José
Dirceu quando era chefe da Casa Civil. Os três situavam-se
um nível abaixo dos diretores
executivos. Segundo a Vale,
"Olinta saiu para cuidar de projetos pessoais".
A companhia nada comentou sobre os outros dois, mas
confirma que "está em curso
um ajuste de estrutura, para
buscar maior eficiência". Uma
das empresas responsáveis pela refomulação é a Gradus Consultoria, de São Paulo.
Sob a diretoria de Dalpozzo
ficava a área que conduziu
acordo de licença remunerada
fechado com trabalhadores em
Minas Gerais. No acordo, os
funcionários parariam, mas receberiam metade do salário e
benefícios garantidos. O acordo acaba em 1º de maio. Não se
sabe se os 17 mil trabalhadores
serão demitidos.
Cinco meses depois de o
mercado externo ter reduzido
fortemente encomendas, a Vale ainda não retomou o ritmo
de embarques pré-crise. Executivos do setor de mineração
afirmam que, desde novembro,
a ArcelorMittal, maior mineradora do mundo, não comprou
praticamente minério da Vale.
As encomendas da China teriam verificado uma alta nos
últimos meses porque, diante
da crise, a Vale vem buscando
atender pequenas siderúrgicas
chinesas que querem comprar
diretamente da mineradora.
Especialistas em mineração e
pessoas próximas à Vale dizem
que, nos anos de explosão do
consumo de minério de ferro, a
empresa cresceu de forma demasiada. Hoje, a companhia
tem 62 mil funcionários. Há
dois anos, eram 42 mil pessoas.
Entre 2006 e 2008, período
em que o lucro cresceu 61%, de
R$ 13 bilhões para R$ 21 bilhões, as despesas administrativas avançaram 85%, de R$ 1,9
bilhão para R$ 3,6 bilhões.
Recuperação
Ontem, o diretor financeiro
da Vale, Fábio Barbosa, afirmou que a empresa vem estudando formas de tornar viável,
junto a bancos privados, a criação de linhas de financiamento
para os fornecedores da companhia, sufocados pela crise no
crédito. Barbosa afirma que o
mercado vem dando sinais de
recuperação.
"As vendas de imóveis na
China estão em expansão, o que
nos permite prever uma reaceleração no ciclo da construção
civil do país".
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