São Paulo, terça-feira, 14 de abril de 2009

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Inadimplência se acelera e aumenta 17% em março

Serasa vê maior financiamento do consumidor por meio de cheque pré-datado

Bancos respondem pela maior parcela de clientes com débitos em atraso, seguidos pelas empresas de cartões e financeiras

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Reflexo do aumento no desemprego, da queda na renda e da desaceleração na economia, a inadimplência do consumidor se acelerou em março, mês que combina os efeitos dos pagamentos em atraso das compras de dezembro com o das despesas do início do ano. Pesquisa da Serasa Experian mostra que a inadimplência saltou 17% em março ante o mesmo período de 2008. Em fevereiro, o índice havia subido 4,7% na mesma base de comparação.
Para Luiz Rabi, gerente de Indicadores da Serasa, além dos efeitos conhecidos da crise (menos emprego, renda e atividade econômica), a inadimplência cresce também devido ao aperto do crédito, que se traduz por meio de limites e prazos menores e juros maiores.
A maior evidência é o aumento no valor médio dos cheques sem fundos no primeiro trimestre, que subiu 31% em relação ao mesmo período de 2008 e atingiu R$ 828,70. Nos cartões de crédito e nas financeiras, o valor das dívidas em atraso era menos da metade disso, de R$ 386,86 -13% menor do que em 2008.
"Dessa vez, não é só o desemprego [que propaga a inadimplência]. A coisa está diferente porque tivemos uma crise de crédito. Muita gente que teve o limite cortado no banco foi para o cheque pré-datado", disse.
"O cheque torna-se uma maneira rápida de obter financiamento. A possibilidade de negociação, além da flexibilidade de prazos e dos parcelamentos, explica o crescimento da preferência pelo cheque pré-datado", disse Marcos Crivelaro, professor da Fiap.
Na pesquisa, março de 2009 já aparece como um dos piores meses para o consumidor manter as contas em dia desde o início de 1999, quando começa a série histórica. Na comparação com fevereiro, mês com menos dias úteis, houve alta de 23% na inadimplência. Isolando o primeiro trimestre, a elevação foi de 11% ante 2008.
Os bancos foram os mais afetados pelos atrasos. As instituições financeiras tinham 43,4% do total da inadimplência no primeiro trimestre -há um ano, era 42,9%. Os bancos preveem para 2009 a maior inadimplência em nove anos, de 5,4% do total da carteira de crédito. Para se precaverem, fizeram provisões de R$ 65 bilhões para devedores duvidosos.
A inadimplência reportada pelos bancos supera a das empresas de cartões e as financeiras, que somam 37,1% do total. Os cheques sem fundos são hoje 17,6% do total, e os títulos em protesto, o 1,9% restante.
Para a Serasa, a inadimplência deve continuar subindo ao lado do desemprego. "Dificilmente, a gente vai ter uma reversão no desemprego antes do meio do ano", disse Rabi.


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