São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 2002

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Investidor acredita em alta maior do dólar

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

As suspeitas sobre as dificuldades que o governo deve enfrentar para renovar sua dívida corrigida pelo dólar foram reforçadas ontem pelo mercado. O reforço veio com a forte alta do chamado cupom cambial, que é a taxa de juros que os investidores cobram a mais do Banco Central para comprar títulos indexados à moeda norte-americana.
"O temor de não pagamento da dívida começa a levar ao aumento do cupom", afirmou Emanuel Pereira, da GAP Asset Management.
Os investidores que haviam comprado contratos de swap cambial (operações de troca de rentabilidade que oferecem como retorno a variação do dólar mais uma remuneração em juros) resolveram se desfazer destes.
Com isso o cupom cambial disparou ontem. Esse movimento reflete tanto uma percepção de que o mercado vai cobrar taxas mais altas de juros, daqui para a frente, para comprar papéis do governo corrigidos pelo câmbio, como uma demanda maior dos investidores por proteção.
"Se o investidor está tomado em um cupom que rende câmbio mais uma determinada taxa de juros e ele acha que, no futuro, essa taxa vai subir, ele se desfaz da posição para não perder dinheiro. É isso o que está acontecendo", diz Rodrigo Trotta, analista do banco Banifi Primus.
Os cupons cambiais referentes a abril de 2003, por exemplo, saltaram de 3,97% para 5,1% ao ano. Já aqueles que vencem entre 2005 e 2006 passaram de, aproximadamente, 10% para 13% ao ano.
Essa alta coloca o BC-que anunciou ontem que fará leilão de swap cambial hoje- em uma situação delicada. Se aumenta a oferta de papéis cambiais, a dívida pública explode. Atualmente, cerca de 28% da dívida interna federal é corrigida pelo dólar. Mas, por outro lado, se o BC não injeta mais papéis cambiais no mercado, a tendência é que o dólar suba ainda mais. Resta ao BC avaliar qual remédio é o menos amargo.



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