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Investidor acredita
em alta maior do dólar
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
As suspeitas sobre as dificuldades que o governo deve enfrentar
para renovar sua dívida corrigida
pelo dólar foram reforçadas ontem pelo mercado. O reforço veio
com a forte alta do chamado cupom cambial, que é a taxa de juros
que os investidores cobram a
mais do Banco Central para comprar títulos indexados à moeda
norte-americana.
"O temor de não pagamento da
dívida começa a levar ao aumento
do cupom", afirmou Emanuel Pereira, da GAP Asset Management.
Os investidores que haviam
comprado contratos de swap
cambial (operações de troca de
rentabilidade que oferecem como
retorno a variação do dólar mais
uma remuneração em juros) resolveram se desfazer destes.
Com isso o cupom cambial disparou ontem. Esse movimento
reflete tanto uma percepção de
que o mercado vai cobrar taxas
mais altas de juros, daqui para a
frente, para comprar papéis do
governo corrigidos pelo câmbio,
como uma demanda maior dos
investidores por proteção.
"Se o investidor está tomado em
um cupom que rende câmbio
mais uma determinada taxa de juros e ele acha que, no futuro, essa
taxa vai subir, ele se desfaz da posição para não perder dinheiro. É
isso o que está acontecendo", diz
Rodrigo Trotta, analista do banco
Banifi Primus.
Os cupons cambiais referentes a
abril de 2003, por exemplo, saltaram de 3,97% para 5,1% ao ano. Já
aqueles que vencem entre 2005 e
2006 passaram de, aproximadamente, 10% para 13% ao ano.
Essa alta coloca o BC-que
anunciou ontem que fará leilão de
swap cambial hoje- em uma situação delicada. Se aumenta a
oferta de papéis cambiais, a dívida
pública explode. Atualmente, cerca de 28% da dívida interna federal é corrigida pelo dólar. Mas,
por outro lado, se o BC não injeta
mais papéis cambiais no mercado, a tendência é que o dólar suba
ainda mais. Resta ao BC avaliar
qual remédio é o menos amargo.
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