São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 2002

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PROTECIONISMO

Para o presidente, lei é essencial para o sucesso da economia dos EUA

Bush sanciona a nova lei agrícola

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Ao sancionar ontem a nova lei agrícola norte-americana, o presidente dos EUA, George W. Bush, disse estar assegurando subsídios "generosos e uma rede de proteção aos produtores rurais". Segundo Bush, a lei é "essencial para o sucesso da economia americana" e beneficiará o setor agrícola do país "em tempos difíceis".
A nova "farm bill", como são chamadas as leis agrícolas nos EUA, concede subsídios de cerca de US$ 190 bilhões aos produtores rurais nos próximos dez anos.
São quase US$ 60 bilhões a mais que o volume de subsídios autorizado pela lei anterior, de 1996, mas praticamente o mesmo patamar que já vinha sendo desembolsado ao setor agrícola de forma emergencial desde 1998, em virtude da queda dos preços de produtos agrícolas no mercado internacional.
"Não é uma lei perfeita, eu sei", disse ontem Bush durante cerimônia de assinatura discreta e rápida. "Mas vocês sabem, nenhuma lei é. Não existem leis perfeitas. Se existisse, eu redigiria cada uma delas", disse, rindo, o presidente.
A lei beneficia os Estados agrícolas norte-americanos onde candidatos republicanos ao Senado travam uma campanha difícil para as eleições parlamentares de novembro. A Casa Branca pretende retomar o controle do Senado, que perdeu para os democratas no ano passado.

OMC
A União Européia e demais exportadores tradicionais de produtos agrícolas, como o Brasil e a Austrália, protestaram e ameaçam contestar a nova lei agrícola na OMC (Organização Mundial de Comércio).
Eles alegam que a nova "farm bill" fere limites de subsídios autorizados pela OMC e contraria o espírito do acordo que lançou, em novembro passado, uma nova rodada de negociações comerciais globais. Nesse acordo, os 144 países da OMC se comprometeram a reduzir subsídios às exportações de forma escalonada.
Os subsídios norte-americanos tendem a prejudicar países exportadores de produtos agrícolas porque os fazendeiros norte-americanos deverão produzir mais para recebê-los -mesmo que não haja compradores para consumir a produção excedente.
Com isso os preços internacionais tendem a cair, reduzindo receitas de exportação de países que, como o Brasil, precisam da entrada de dólares externos para estabilizar a economia.



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