São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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RETOMADA

Revistas, projeções de crescimento da economia no ano apontam para 4% com aquecimento do mercado interno

Analistas vêem expansão de até 2% no 1º trimestre

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia brasileira cresceu entre 1,5% e 2% no primeiro trimestre, esperam economistas e analistas do setor privado. No cenário menos otimista, de crescimento de 1,5%, será a maior taxa de crescimento para o primeiro trimestre desde 2004, ano em que a economia cresceu 4,9%. Caso a taxa chegue a 2%, será o melhor desempenho para o período desde pelo menos 1994.
Não são comparações muito rigorosas, já que não consideram o ritmo em que vinha a economia nos períodos imediatamente anteriores. A atividade estava em desaceleração até o terceiro trimestre de 2005. De qualquer maneira, não resta dúvida de que o reaquecimento começou relativamente forte e muitos analistas já revisaram suas projeções: neste ano, é bem provável que a economia cresça 4%.
"Estamos revisando os números, mas certamente migraremos para algo em torno de 4%", diz Roberto Padovani, sócio da Consultoria Tendências. O primeiro trimestre, avalia ele, desanuviou o cenário para consumidores e empresários. A recuperação do último trimestre do ano passado concentrou-se basicamente no mês de dezembro, o que deixou em dúvida se isso era um movimento claro de recuperação ou um "ponto fora da curva".
"Agora, no segundo trimestre, as pessoas têm mais clareza de que o crescimento vem mais forte. Já sabemos que o resultado de dezembro não foi pontual, foi uma tendência", diz Padovani.
A tendência é de aceleração ao longo do segundo semestre. Isso se não houver algum desastre -hipótese por ora descartada pelos analistas. Nos últimos meses do ano, a economia deverá crescer a uma taxa equivalente a 4% ou 5% ao ano -nada desprezível para um país que tem crescido, em média, 2,5% ao ano nos últimos vinte anos.
Confirmado o resultado, os três anos de crescimento entre 2004 e 2006 só seriam comparáveis ao desempenho do período imediatamente posterior ao Plano Real. Isso elevará a taxa média de crescimento para algo muito próximo a 3%. Nada que se possa chamar de espetáculo do crescimento, mas superior à média histórica de 2,5% das últimas décadas.
Fábio Silveira, da RC Consultores, lembra de outro indicador que deve aumentar a sensação de bem-estar material da população neste ano: desde tempos de crise asiática não havia recuperação de emprego e renda, algo que ocorre agora. "Não são desprezíveis três anos com resultados positivos no mercado de trabalho." Usando a analogia com o mundo automotivo, ele descreve o comportamento do nível de atividade a partir do último trimestre do ano passado: "No primeiro trimestre engatamos a primeira. O segundo trimestre está engatando uma segunda. No final do ano deveremos estar em quarta".
Após três anos com papel importante das exportações no crescimento, o mercado interno será predominante neste ano. Queda de juros e crédito em expansão já tornam o consumo das famílias o propulsor da atividade neste ano. "O que vai segurar um pouco são as importações, que podem roubar um pouco de consumo doméstico", diz Padovani.
Quando importa, o país compra bens e serviços produzidos no exterior. Por isso o aumento das importações contribuiu negativamente para o crescimento do PIB. O contrário ocorre com as exportações. O que interessa é a velocidade em que os dois aumentam: se as importações crescem mais rápido do que as exportações, a contribuição do setor externo no PIB acaba sendo negativa.

Investimento
A LCA Consultores está entre os menos otimistas: projeta crescimento de 1,4% no trimestre. A boa notícia, na opinião dos analistas da consultoria, é que o investimento cresce a uma taxa maior, em torno de 3,4%. Medido pela FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), esse fator é importante porque mostra que a economia ganha fôlego para crescer mais no futuro, já que o investimento de hoje aumenta a capacidade produtiva de amanhã.
A projeção da Tendências é ainda mais forte: a expansão do investimento deve atingir taxa de 4,4%. Confirmada a recuperação dos investimentos, abre-se caminho para queda mais significativas das taxas de juros, já que com expansão da capacidade produtiva não há risco de o aumento do consumo levar à inflação.


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