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RETOMADA
Revistas, projeções de crescimento da economia no ano apontam para 4% com aquecimento do mercado interno
Analistas vêem expansão de até 2% no 1º trimestre
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia brasileira cresceu
entre 1,5% e 2% no primeiro trimestre, esperam economistas e
analistas do setor privado. No cenário menos otimista, de crescimento de 1,5%, será a maior taxa
de crescimento para o primeiro
trimestre desde 2004, ano em que
a economia cresceu 4,9%. Caso a
taxa chegue a 2%, será o melhor
desempenho para o período desde pelo menos 1994.
Não são comparações muito rigorosas, já que não consideram o
ritmo em que vinha a economia
nos períodos imediatamente anteriores. A atividade estava em desaceleração até o terceiro trimestre de 2005. De qualquer maneira,
não resta dúvida de que o reaquecimento começou relativamente
forte e muitos analistas já revisaram suas projeções: neste ano, é
bem provável que a economia
cresça 4%.
"Estamos revisando os números, mas certamente migraremos
para algo em torno de 4%", diz
Roberto Padovani, sócio da Consultoria Tendências. O primeiro
trimestre, avalia ele, desanuviou o
cenário para consumidores e empresários. A recuperação do último trimestre do ano passado concentrou-se basicamente no mês
de dezembro, o que deixou em
dúvida se isso era um movimento
claro de recuperação ou um
"ponto fora da curva".
"Agora, no segundo trimestre,
as pessoas têm mais clareza de
que o crescimento vem mais forte. Já sabemos que o resultado de
dezembro não foi pontual, foi
uma tendência", diz Padovani.
A tendência é de aceleração ao
longo do segundo semestre. Isso
se não houver algum desastre
-hipótese por ora descartada pelos analistas. Nos últimos meses
do ano, a economia deverá crescer a uma taxa equivalente a 4%
ou 5% ao ano -nada desprezível
para um país que tem crescido,
em média, 2,5% ao ano nos últimos vinte anos.
Confirmado o resultado, os três
anos de crescimento entre 2004 e
2006 só seriam comparáveis ao
desempenho do período imediatamente posterior ao Plano Real.
Isso elevará a taxa média de crescimento para algo muito próximo
a 3%. Nada que se possa chamar
de espetáculo do crescimento,
mas superior à média histórica de
2,5% das últimas décadas.
Fábio Silveira, da RC Consultores, lembra de outro indicador
que deve aumentar a sensação de
bem-estar material da população
neste ano: desde tempos de crise
asiática não havia recuperação de
emprego e renda, algo que ocorre
agora. "Não são desprezíveis três
anos com resultados positivos no
mercado de trabalho." Usando a
analogia com o mundo automotivo, ele descreve o comportamento do nível de atividade a partir do
último trimestre do ano passado:
"No primeiro trimestre engatamos a primeira. O segundo trimestre está engatando uma segunda. No final do ano deveremos estar em quarta".
Após três anos com papel importante das exportações no crescimento, o mercado interno será
predominante neste ano. Queda
de juros e crédito em expansão já
tornam o consumo das famílias o
propulsor da atividade neste ano.
"O que vai segurar um pouco são
as importações, que podem roubar um pouco de consumo doméstico", diz Padovani.
Quando importa, o país compra
bens e serviços produzidos no exterior. Por isso o aumento das importações contribuiu negativamente para o crescimento do PIB.
O contrário ocorre com as exportações. O que interessa é a velocidade em que os dois aumentam:
se as importações crescem mais
rápido do que as exportações, a
contribuição do setor externo no
PIB acaba sendo negativa.
Investimento
A LCA Consultores está entre os
menos otimistas: projeta crescimento de 1,4% no trimestre. A
boa notícia, na opinião dos analistas da consultoria, é que o investimento cresce a uma taxa maior,
em torno de 3,4%. Medido pela
FBCF (Formação Bruta de Capital
Fixo), esse fator é importante porque mostra que a economia ganha fôlego para crescer mais no
futuro, já que o investimento de
hoje aumenta a capacidade produtiva de amanhã.
A projeção da Tendências é ainda mais forte: a expansão do investimento deve atingir taxa de
4,4%. Confirmada a recuperação
dos investimentos, abre-se caminho para queda mais significativas das taxas de juros, já que com
expansão da capacidade produtiva não há risco de o aumento do
consumo levar à inflação.
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