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bastidores
Lula deixa mudança maior para sucessor
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nas conversas reservadas, o presidente Lula disse que uma mudança mais
radical nas regras do rendimento da poupança será
assunto do próximo governo. Ele fez a afirmação
ao rejeitar a proposta de
indexar a poupança a um
percentual da taxa básica
de juros, cenário preferido
pela equipe econômica.
"Uma medida dessas a
gente toma no primeiro
ano de governo, quando
tem força política. Não é
assunto para final de governo", disse o presidente,
segundo relato de três auxiliares envolvidos na discussão sobre a poupança.
Predominou o ingrediente político-eleitoral
na decisão de Lula. Ele optou pela fórmula que renderia o menor desgaste
político possível: cobrar
IR a partir de um patamar
elevado, preservando a
imensa maioria dos poupadores, como revelou a
Folha na semana passada.
O próprio Lula disse que
tomaria uma medida
"temporária, de transição", para deixar o tema
para o governo que assumirá em janeiro de 2011.
Na quarta-feira da semana passada, em reunião
com a equipe econômica,
Lula rejeitou as opções
mais radicais de alteração
na poupança. Foi duro
com sua equipe. Disse que
não havia clima político,
num momento em que enfrenta uma crise internacional que reduzirá o crescimento da economia, para tomar uma medida impopular que afetasse as camadas mais pobres da população, justamente aquelas que guardam suas economias na poupança e que
são o esteio da boa avaliação do governo. Também
foi feita a avaliação de que
a oposição teria uma boa
bandeira na eleição presidencial de 2010.
Lula se sentiu acuado
pela propaganda política
do PPS, partido de oposição, que disse que o atual
governo faria bloqueio da
poupança semelhante ao
do governo Collor (1990).
A equipe econômica
tentou demover Lula da
saída de taxar as poupanças acima de R$ 50 mil e
desistir de desonerar os
fundos de investimento,
sob o argumento de que
esta última medida beneficiaria "rentistas". Foi sugerida a fórmula de atrelar
o rendimento da poupança a um percentual da Selic. Lula descartou, dizendo que isso atingiria todos
e que seria mais defensável politicamente a solução divulgada ontem.
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