São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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bastidores

Lula deixa mudança maior para sucessor

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nas conversas reservadas, o presidente Lula disse que uma mudança mais radical nas regras do rendimento da poupança será assunto do próximo governo. Ele fez a afirmação ao rejeitar a proposta de indexar a poupança a um percentual da taxa básica de juros, cenário preferido pela equipe econômica.
"Uma medida dessas a gente toma no primeiro ano de governo, quando tem força política. Não é assunto para final de governo", disse o presidente, segundo relato de três auxiliares envolvidos na discussão sobre a poupança.
Predominou o ingrediente político-eleitoral na decisão de Lula. Ele optou pela fórmula que renderia o menor desgaste político possível: cobrar IR a partir de um patamar elevado, preservando a imensa maioria dos poupadores, como revelou a Folha na semana passada.
O próprio Lula disse que tomaria uma medida "temporária, de transição", para deixar o tema para o governo que assumirá em janeiro de 2011.
Na quarta-feira da semana passada, em reunião com a equipe econômica, Lula rejeitou as opções mais radicais de alteração na poupança. Foi duro com sua equipe. Disse que não havia clima político, num momento em que enfrenta uma crise internacional que reduzirá o crescimento da economia, para tomar uma medida impopular que afetasse as camadas mais pobres da população, justamente aquelas que guardam suas economias na poupança e que são o esteio da boa avaliação do governo. Também foi feita a avaliação de que a oposição teria uma boa bandeira na eleição presidencial de 2010.
Lula se sentiu acuado pela propaganda política do PPS, partido de oposição, que disse que o atual governo faria bloqueio da poupança semelhante ao do governo Collor (1990).
A equipe econômica tentou demover Lula da saída de taxar as poupanças acima de R$ 50 mil e desistir de desonerar os fundos de investimento, sob o argumento de que esta última medida beneficiaria "rentistas". Foi sugerida a fórmula de atrelar o rendimento da poupança a um percentual da Selic. Lula descartou, dizendo que isso atingiria todos e que seria mais defensável politicamente a solução divulgada ontem.


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