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BNDES reduz os juros para empresas após queda na Selic
Redução vai ser de 1,5 ponto graças a ajuste em repasse do Tesouro Nacional
Referência para linhas do banco, TJLP, taxa de longo prazo, permanece em 6,25% ao ano, número em vigor desde junho de 2007
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A taxa de juros cobrada pelo
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) para financiar investimentos produtivos no país vai
cair 1,5 ponto nos próximos
dias. Isso porque o governo cortou de 8,75% para 7,25% os juros cobrados para emprestar
dinheiro ao banco estatal. A decisão foi antecipada pela coluna
"Mercado Aberto" no dia 6.
O corte das taxas cobradas do
BNDES será incluído em uma
MP (medida provisória) que será enviada ao Congresso com a
criação de um fundo garantidor
de crédito para pequenas e médias empresas.
O governo efetuou a redução
da taxa do BNDES sem baixar a
TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo), atualmente em 6,25%.
A TJLP é a taxa de referência de
longo prazo, usada como parâmetro para todos os empréstimos do banco estatal.
A mudança efetuada pelo governo foi nos juros cobrados
pelo Tesouro Nacional para
emprestar recursos ao caixa do
BNDES. No início do ano,
quando o governo prometeu
emprestar até R$ 100 bilhões
para o banco, a condição era
que os recursos fossem devolvidos com juros equivalentes à
TJLP mais 2,5%. Agora, serão
TJLP mais 1%.
A redução dos juros do
BNDES terão um custo para o
governo federal. Se o BNDES
usar os R$ 100 bilhões disponíveis, o retorno para o caixa público será reduzido em R$ 1,5
bilhão. O empréstimo já representa um subsídio, uma vez que
o governo capta dinheiro a taxas equivalentes à Selic.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, ao anunciar a medida, que o custo de
captação do governo também
caiu com a redução dos juros
básicos. Por isso, foi possível
reduzir as taxas cobradas para
os empresários.
"Estamos reduzindo os juros
de transferência dos R$ 100 bilhões para o BNDES. O fato de a
Selic ser menor também reduziu o nosso custo de captação",
disse Mantega.
Desde que o Banco Central
começou o processo de redução
da taxa básica de juros, a Selic,
os empresários vêm pressionando o governo para reduzir
também os juros do BNDES.
Um dos argumentos é o de que
o investimento produtivo vinha pagando taxas mais altas
do que a Selic, porque nos juros
finais pagos pelas empresas são
incluídos outras taxas, como os
custos do BNDES e dos bancos
que repassam o empréstimo
para o tomador final.
Alvo de pressão
O principal alvo de pressão
dos empresários era a redução
da TJLP. O setor acredita que
esse é um instrumento que permite aumentar o estímulo aos
investimentos. A taxa é definida a cada três meses em reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), formado pelos
ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do
Banco Central. A taxa está em
6,25% desde junho de 2007,
quando o conselho reduziu a
taxa em 0,25 ponto. No início
de 2006, a taxa era de 9%.
Dos R$ 100 bilhões oferecidos pelo Tesouro Nacional ao
BNDES, o banco já pegou R$ 13
bilhões. O empréstimo dos cofres públicos para o banco estatal vem do chamado superávit
financeiro do governo. Embora
seja um empréstimo, o montante já usado pelo banco estatal aumentou a dívida pública.
Isso porque o governo elaborou
uma engenharia financeira em
que emite títulos públicos para
o BNDES e o banco vende os
papéis em mercado para se capitalizar. A dívida será reduzida
apenas no mesmo valor quando
os títulos vencerem.
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