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Cortes são bem-vindos, diz Meirelles
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JÚNIOR
DA FOLHA ONLINE
O presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles,
disse que cortes nos gastos
públicos "são bem-vindos"
como medida adicional para
o controle da inflação no
país, minutos antes de o
anúncio ter sido feito pelo
Ministério da Fazenda.
Meirelles participou ontem de seminário sobre o regime de metas de inflação,
organizado pelo BC, no Rio
de Janeiro.
Representantes de bancos
privados também elogiaram
os cortes por entenderem
que a medida alivia o papel
do BC na tarefa de conter os
preços por meio do aumento
de taxa de juros.
"O pacote é extremamente
saudável. É positivo o governo demonstrar a intenção de
melhorar o gasto público",
disse o presidente do HSBC
no Brasil, Conrado Engel.
Já o economista-chefe do
Santander no Brasil e ex-diretor do BC, Alexandre
Schwartsman, classificou-a,
"em tese", como insuficiente
para conter os riscos inflacionários gerados pelo forte
crescimento da economia.
"É preciso saber se os cortes são gastos já feitos ou gastos planejados. Se forem planejados, podem ter um impacto menor. O corte de
R$ 10 bilhões representa
0,3% do PIB. É um número
razoável, mas não para o grau
de aceleração da economia
que estamos vivendo."
Modelo
Durante o seminário, Meirelles elogiou a atuação do
BC durante a crise. Para o
presidente da instituição, o
episódio comprovou a adequação do sistema de metas
de inflação com câmbio flutuante, implantado no país
em 1999, e a atuação da autoridade monetária em meio à
turbulência econômica.
O procedimento do BC
brasileiro vem sendo repetido, de acordo com Meirelles,
pelo Banco Central Europeu
desde o último fim de semana, para debelar os problemas originados na Grécia.
"Avaliações internacionais, de organismos como o
FMI, apontam a atuação do
BC como modelo para atuações de BCs durante crises",
disse Meirelles.
As medidas iniciais, enumerou, foram usar as reservas em dólares e a redução
dos empréstimos compulsórios para restabelecer a liquidez. Na sequência, o Banco
Central buscou aumentar a
disponibilidade de dólares
no mercado e a atuação nos
mercados de derivativos.
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