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Teles devem contestar plano da internet
DA REPORTAGEM LOCAL
O decreto do Plano Nacional de Banda Larga criou
uma confusão jurídica que
poderá ser questionada pelas
teles na Justiça.
A Folha apurou que elas já
têm em mãos pareceres de
juristas contratados para
contestar a forma como a
Telebrás foi reativada.
Segundo Eduardo Levy,
diretor-executivo do SindiTelebrasil, que representa as
operadoras fixas e móveis,
esse decreto exige uma discussão pelo Congresso Nacional. "O decreto muda as
regras do jogo", diz Levy.
"Recorrer à Justiça é sempre o último passo. Vamos
aguardar pelo detalhamento
desse plano, que, até agora,
não ocorreu", afirmou.
A discussão a que se referem as teles tem a ver com o
conflito entre dois incisos de
um artigo da Lei Geral de Telecomunicações.
Um deles determina que a
prestação de serviços de telecomunicações, como a
oferta de banda larga, deve
ser feita pelas subsidiárias da
Telebrás. Com a privatização, elas foram vendidas.
Contudo, um outro inciso
diz que a Telebrás poderia
desempenhar "outras atribuições" definidas pelo Ministério das Comunicações.
Foi com base nele que o decreto reativou a Telebrás.
"Existe um conflito evidente entre os dois incisos",
diz Juarez Quadros, ex-ministro das Comunicações.
"Independentemente de
questionar a reativação ou
não da Telebrás, ela continua sendo uma holding." Para Quadros, seria preciso
criar uma subsidiária para
prestar o serviço de internet.
Faltou plano
O decreto define também
que, a partir de agora, as empresas estatais e de economia mista serão atendidas
pela Telebrás. Ela também
será concorrente das teles
onde a oferta não for considerada adequada.
As operadoras ainda não
fizeram as contas, mas estimam que, na média, o governo represente menos de 10%
de suas receitas. Se ocorrerem, as perdas serão amortizadas ao longo do tempo já
que os contratos, em geral,
têm vigência de cinco anos.
"Isso não chega a ser problemático. O pior é que esperávamos as regras e diretrizes do plano. Só vimos a reativação da Telebrás e a definição de como será a contratação dos serviços pela administração pública", diz Levy.
"Há uma frustração, porque até a definição do que é
banda larga será pelo comitê
criado para definir ações e
prioridades. Continuamos
sem saber quais são as metas
do plano", afirmou.
(JULIO WIZIACK)
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