São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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Varig ganha mais uma semana na Justiça de NY

Até dia 21, aviões e turbinas não podem ser apreendidos por falta de pagamento

Juiz recebeu, durante a audiência, a informação de que a aérea obteve outra oferta de aquisição e levou o fato em consideração


VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK

A Corte de Falências de Nova York estendeu ontem, mais uma vez, a proteção à Varig para que a companhia não tenha aviões e turbinas apreendidos em território americano por falta de pagamento. A liminar foi prorrogada até o dia 21.
A decisão decorreu da informação, recebida durante a audiência, de que a empresa obteve uma segunda oferta de compra, no valor de US$ 450 milhões (R$ 1,035 bilhão, pelo câmbio de ontem), que seria paga em dinheiro. O montante é praticamente o mesmo proposto pelo TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) no leilão realizado na semana passada.
O comprador, identificado ao juiz apenas como um "investidor da indústria aérea brasileira", estaria disposto a pagar os US$ 75 milhões (R$ 172,5 milhões) de imediato para garantir a continuidade dos vôos.
O clima na audiência foi tenso. Credores foram mais incisivos na cobrança da implementação imediata do "plano de contingência", possibilidade criada em uma decisão anterior que prevê que os aviões sejam devolvidos a arrendadores.
"A Varig nunca pegou o telefone para mostrar se, como e quando pretende pagar", disse Jon Arnison, advogado da ILFC (International Lease Finance Corporation). "Não há nenhuma razão para estender o prazo de pagamento. Os credores não têm tido nenhum tipo de assistência deste tribunal."
O juiz do caso, Robert Drain, tem se mostrado cada vez mais irritado e descrente de que a Varig possa se reestruturar.
"Há uma esperança, nada além disso, de que o pagamento dos US$ 75 milhões venha a ocorrer nos próximos dias", afirmou durante a decisão.
A preocupação de Drain, reiterada várias vezes, é a de que os arrendadores não vejam suas dívidas pagas ou os equipamentos devolvidos.
A Corte de Falências americana tem agido de maneira a não atropelar o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, responsável pelo processo de recuperação da Varig.

Retomada
Após a prorrogação da liminar, a Varig pediu, sem sucesso, um prazo maior para as dívidas que tem com a ILFC, que beiram US$ 20 milhões (R$ 46 milhões) em leasing e em manutenção de equipamentos e que venciam ontem. Se não pagasse ao menos US$ 3,8 milhões (R$ 8,74 milhões) até o fim da tarde, a empresa teria de devolver 11 aviões de propriedade da arrendadora. Outra menor, a Willis, ganhou da Corte da Flórida o direito de reaver, em 30 dias (a partir de ontem), as turbinas concedidas à Varig.
Por se tratar de instâncias distintas (uma é estadual e a outra é federal), a decisão da Corte de Falências nova-iorquina não invalida outras sentenças contra a Varig. Na sexta-feira, a juíza Karla Moskowitz, da Suprema Corte de Nova York, determinou que a aérea parasse de operar sete aviões da Boeing a partir de ontem e os devolvesse em 1º de julho.
A assessoria de imprensa da Varig informou que, nos três casos, os aviões e turbinas não foram e não serão retirados de operação para serem devolvidos a essas empresas. Segundo a aérea, apesar de as decisões já terem sido tomadas pela Justiça, seus advogados estão negociando com os arrendadores a possibilidade de um acordo.
A Varig ainda negou que cancelará vôos internacionais nos próximos dias para evitar arresto de seus aviões e turbinas.


Colaborou a Reportagem Local

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