Presidente é lacônico no comentário, enquanto ministro da Fazenda vê expansão sustentável da economia no ano

Gastos do governo crescem 4% no primeiro trimestre, mas Paulo Bernardo afirma que o aumento não ameaçará contas públicas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao ser questionado, após almoço no Itamaraty, se havia gostado do resultado do PIB no primeiro trimestre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi lacônico: "Mais ou menos".
A expansão de 4,3% em relação ao mesmo período de 2006 ficou no piso das projeções dos analistas de mercado.
Já o ministro Guido Mantega (Fazenda) considerou bom o ritmo de crescimento. Ele comemorou o ritmo mais forte que o observado no ano passado e reafirmou a aposta de que o Brasil deve crescer 4,5% em 2007.
"O resultado foi bom. Esse crescimento é sustentável, são 14 trimestres consecutivos [de expansão]", disse. Mantega rejeitou a afirmação de que os números teriam frustrado o governo, como sugere o comentário de Lula. Para o ministro, é normal que os números oscilem para baixo ou para cima da expectativa.

Meirelles
Por meio da assessoria de imprensa, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que "os dados recém divulgados confirmam que a economia brasileira encontra-se em rota de expansão, liderada pela absorção doméstica".
"Vale notar que não apenas o dado do primeiro trimestre deste ano mostrou crescimento, mas que o IBGE reviu para cima as estimativas para as taxas de crescimento do segundo, terceiro e quarto trimestres de 2006, indicando que desde meados do ano passado a economia já vem crescendo em um ritmo mais intenso do que o observado nos últimos anos", disse Meirelles.
Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o desempenho do PIB "está no nível adequado", mas o segundo trimestre deverá ser melhor.
"Já sabemos de indicadores que estão bons, há aceleração da atividade industrial. A indústria automobilística, por exemplo, cresceu 3,8% no primeiro trimestre e, no quarto e no quinto mês do ano, cresceu 8,3% na comparação com 2006", afirmou.
Mantega destacou que os números mostram ritmo mais forte na comparação com os períodos anteriores. Isso, segundo ele, reforça o cenário de que a economia brasileira deve crescer 4,5% no ano. O ministro também avaliou o desempenho do PIB como equilibrado porque tem sido liderado pelo consumo interno e investimento.
O relatório do IBGE mostra que o consumo do governo teve expansão de 4% no primeiro trimestre na comparação com igual período de 2006. O desempenho foi avaliado pelo ministro como "satisfatório e esperado".
Para ele, o número já reflete o aumento dos investimentos públicos anunciado desde o início do ano, embora os gastos previstos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ainda estejam bem abaixo do prometido no principal projeto econômico do governo.
Bernardo disse crer que os gastos maiores não piorarão as contas públicas. "Se o governo puder contribuir com o maior crescimento da economia não tem nenhum problema desde que o resultado fiscal seja entregue como prometido."
Mantega também disse que o nível de investimento vai manter ritmo "vigoroso" no ano.

Ajuda aos exportadores
Sobre as críticas de timidez ao pacote de ajuda aos exportadores, Mantega disse que "é difícil contentar a todos". "Mas acredito que se eles avaliarem melhor e nós conseguirmos diminuir a valorização cambial [com as medidas do BC], eles ficarão satisfeitos", disse.


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