Governo cria crédito consignado de turismo para aposentados e quer gerar até 1,7 milhão de empregos no setor até 2010

Meta também prevê elevar a estrutura turística de 65 cidades a padrão internacional e gerar US$ 7,7 bi em divisas

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com o objetivo de elevar em 33% as viagens internas até 2010, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, lançou ontem o Plano Nacional de Turismo. O plano inclui linhas de crédito consignado para aposentados e pensionistas e quatro metas para o quadriênio 2007 a 2010.
Além do crescimento das viagens, o governo quer criar 1,7 milhão de empregos formais e informais, elevar a estrutura turística de 65 cidades a um padrão internacional de qualidade e gerar US$ 7,7 bilhões em divisas, um incremento de 78,4% em relação ao obtido pelo país no ano passado.
"Esse espírito de conhecer o país é o espírito que queremos levar ao brasileiro", disse Marta. Segundo ela, as linhas de crédito com desconto em folha de pagamento para os aposentados e pensionistas serão operadas por Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, mas deverão ser oferecidos por todas as agências de viagens.
O crédito consignado poderá ser utilizado até o limite de R$ 600, para viagens de até sete dias, e os juros serão menores que 1% ao mês. O parcelamento será de até um ano, com pagamentos de R$ 50 a R$ 60. Para se beneficiar do plano, o aposentado ou pensionista precisa viajar para Estados mais carentes, como o Nordeste.
Nos primeiros meses, o ministério fará o treinamento de funcionários de agências de viagens de São Paulo e Brasília. A idéia do governo é estimular o turismo interno nos períodos de baixa temporada internacional, o que serviria para auxiliar o setor aumentando taxas de ocupação durante o ano.
Para o presidente da Abav (Agência Brasileira de Agências de Viagem), João Martins Neto, o crédito consignado será uma "experiência". "Vai ser fundamental que haja profundo treinamento dos agentes de viagem para que vendam um produto que entendam do que se trata."
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhou o lançamento do plano e disse que o desafio do governo era "provocar" os brasileiros a viajar mais. Lula minimizou a falta de estrutura para receber estrangeiros em algumas localidades.
"Esse negócio que as pessoas falam que têm que aprender a falar inglês, aprender francês, aprender espanhol, é muito bonito, mas é fantástico como as pessoas mais humildes deste país conversam em qualquer língua por mímica", afirmou.
O bom momento da economia internacional tem auxiliado o setor turístico em todo o mundo. No ano passado, o faturamento do setor cresceu 29,8% no Brasil. Houve expansão dos postos de trabalho em 14% ante o ano anterior. Isso a despeito da crise da Varig e do caos aéreo, que prejudicou passageiros no alta temporada.


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