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Governo prejudicou a Varig, afirma fundação
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do Conselho de
Curadores da Fundação Ruben
Berta (FRB), Cesar Curi, afirma
que o governo prejudicou a recuperação da Varig. A fundação
é a dona da velha Varig, a fatia
da empresa que permanece em
recuperação judicial, mas ela
foi afastada do controle da empresa em 2005 pela Justiça.
Segundo ele, pouco depois de
a Varig ter entrado em recuperação judicial, em junho de
2005, representantes da fundação passaram a discutir com o
governo uma solução para a
companhia. "Tivemos muitos
encontros com o governo, com
o vice-presidente José Alencar
e com o ministro do Trabalho
[na época, Luiz Marinho]."
Ele diz que em outubro de
2005 a fundação publicou fato
relevante em que comunicava a
disposição de vender o controle
da VarigLog, da VEM e do programa de milhagem Smiles. A
venda desses ativos foi estimada à época em US$ 500 milhões. Segundo o fato relevante,
o valor era resultado de uma
avaliação da Ernst & Young.
"Queríamos montar uma estrutura para vender as companhias subsidiárias e evitar arresto de aviões nos EUA. Quando tomamos a iniciativa, o governo acenou com a possibilidade de uma ajuda via BNDES,
mas isso nunca se traduziu em
uma posição efetiva. O BNDES
ia participar do bloco de controle e essa ajuda virou um empréstimo para a TAP."
Para ele, a postergação de
uma atitude direta do governo
levou à venda das empresas por
"preço vil". As duas ex-subsidiárias foram vendidas em novembro de 2005 para a Aero-LB, uma empresa criada no Brasil pela companhia aérea
portuguesa TAP, por US$ 62
milhões. O BNDES financiou
dois terços do valor da operação. Depois disso, a VarigLog
foi revendida para a Volo, empresa que tinha como acionistas três empresários brasileiros
e o fundo Matlin Patterson.
Segundo o BNDES, o banco
sempre se colocou à disposição
para financiar um eventual interessado, mas não podia financiar a Varig porque a empresa
não tinha garantias.
A dona da Varig foi afastada
do comando após tentar vender
o controle da FRB para Nelson
Tanure, dono da Docas Investimentos, e de tentar sair do processo de recuperação judicial
em dezembro de 2005.
Curi afirma que o que mais
incomodou a fundação durante
o processo de recuperação judicial foi a posição da 1ª Vara Empresarial e de órgãos do governo, como o BNDES. "Nós estávamos no meio de uma crise,
tentando sobreviver e representantes do governo diziam
que a empresa iria quebrar."
Com o fim do período de recuperação judicial previsto para o mês que vem, a fundação
tem a expectativa de retomar o
controle da Varig. Segundo Curi, no período em que ficaram
afastados, os curadores elaboraram um plano estratégico para a empresa, que foi rebatizada
como Flex e hoje faz operações
de fretamento e um vôo regular
para a nova Varig.
"O que o governo e a Justiça
fizeram com a Varig foi um crime de lesa-pátria." Segundo
ele, as denúncias da ex-diretora
da Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) Denise Abreu já
eram conhecidas no setor.
Questionado se a velha Varig
ainda teria solução, disse que,
apesar de tudo, a marca Varig
ainda é um símbolo forte.
(JL)
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