São Paulo, sábado, 14 de junho de 2008

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Governo prejudicou a Varig, afirma fundação

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Conselho de Curadores da Fundação Ruben Berta (FRB), Cesar Curi, afirma que o governo prejudicou a recuperação da Varig. A fundação é a dona da velha Varig, a fatia da empresa que permanece em recuperação judicial, mas ela foi afastada do controle da empresa em 2005 pela Justiça.
Segundo ele, pouco depois de a Varig ter entrado em recuperação judicial, em junho de 2005, representantes da fundação passaram a discutir com o governo uma solução para a companhia. "Tivemos muitos encontros com o governo, com o vice-presidente José Alencar e com o ministro do Trabalho [na época, Luiz Marinho]."
Ele diz que em outubro de 2005 a fundação publicou fato relevante em que comunicava a disposição de vender o controle da VarigLog, da VEM e do programa de milhagem Smiles. A venda desses ativos foi estimada à época em US$ 500 milhões. Segundo o fato relevante, o valor era resultado de uma avaliação da Ernst & Young.
"Queríamos montar uma estrutura para vender as companhias subsidiárias e evitar arresto de aviões nos EUA. Quando tomamos a iniciativa, o governo acenou com a possibilidade de uma ajuda via BNDES, mas isso nunca se traduziu em uma posição efetiva. O BNDES ia participar do bloco de controle e essa ajuda virou um empréstimo para a TAP."
Para ele, a postergação de uma atitude direta do governo levou à venda das empresas por "preço vil". As duas ex-subsidiárias foram vendidas em novembro de 2005 para a Aero-LB, uma empresa criada no Brasil pela companhia aérea portuguesa TAP, por US$ 62 milhões. O BNDES financiou dois terços do valor da operação. Depois disso, a VarigLog foi revendida para a Volo, empresa que tinha como acionistas três empresários brasileiros e o fundo Matlin Patterson.
Segundo o BNDES, o banco sempre se colocou à disposição para financiar um eventual interessado, mas não podia financiar a Varig porque a empresa não tinha garantias.
A dona da Varig foi afastada do comando após tentar vender o controle da FRB para Nelson Tanure, dono da Docas Investimentos, e de tentar sair do processo de recuperação judicial em dezembro de 2005.
Curi afirma que o que mais incomodou a fundação durante o processo de recuperação judicial foi a posição da 1ª Vara Empresarial e de órgãos do governo, como o BNDES. "Nós estávamos no meio de uma crise, tentando sobreviver e representantes do governo diziam que a empresa iria quebrar."
Com o fim do período de recuperação judicial previsto para o mês que vem, a fundação tem a expectativa de retomar o controle da Varig. Segundo Curi, no período em que ficaram afastados, os curadores elaboraram um plano estratégico para a empresa, que foi rebatizada como Flex e hoje faz operações de fretamento e um vôo regular para a nova Varig.
"O que o governo e a Justiça fizeram com a Varig foi um crime de lesa-pátria." Segundo ele, as denúncias da ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu já eram conhecidas no setor. Questionado se a velha Varig ainda teria solução, disse que, apesar de tudo, a marca Varig ainda é um símbolo forte. (JL)


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