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OPERAÇÃO NARCISO
Frequentadoras da loja dizem que, se ela cometeu crime, deve pagar por isso, mas vêem excesso da PF
Clientes vêem dona da Daslu como "vítima"
JOÃO LUIZ VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A clientela que freqüenta a Daslu desde a época em que a loja
funcionava na Vila Nova Conceição, ou mesmo consumidoras de
última hora, entusiastas da nova
casa da Vila Olímpia, são unânimes em apontar a empresária
Eliana Tranchesi como "vítima".
Solidárias, clientes que já foram
"salvas" por Eliana em dia que
precisavam de roupa nova para
esta ou aquela festa acreditam que
ela é um "bode expiatório" e que
"a pegaram para Cristo".
A empresária Kátia Grubisich,
sócia na butique de alta costura de
Rogério Figueiredo, que esteve na
Daslu na noite anterior à prisão
para comprar roupas de lã -em
liquidação- para a filha que mora na Suíça, acha precipitado dizer
se ela está ou não com razão. "Os
fatos precisam ser apurados", diz.
Mas ela pondera que as acusações "não devem ser verdade".
"Se for, acho muito grave porque
a gente que é comerciante sabe
como é difícil competir dessa maneira", disse ela.
Kátia diz que, se ela for culpada,
"tem de pagar pelos erros". "Precisamos cumprir as leis, e não se
pode levar vantagem em tudo." A
empresária diz que "quase caiu
dura" com a notícia e se disse "decepcionada porque a Daslu é um
modelo de negócio". Kátia entendeu que a ação da polícia foi "exagerada, deprimente e lamentável": "Tinha de ser mais discreta".
Revoltada também está a empresária Cecília Neves, uma das
mais animadas no dia da inauguração da loja. "Acho tudo muito
injusto. Eliana é uma mulher que
investe no Brasil, fez uma creche
para funcionários", afirma. "Mas
é um país de altos impostos, e é
impossível pagar todas as taxas.
Alguma não deve ter sido paga."
Cecília acredita na tese de bode
expiatório. "Ninguém pensa no
dinheiro encontrado na cueca daquele petista, no [ex-ministro] José Dirceu, que mudou de cara. Ela
não merecia... Pegaram uma mulher com 50 anos de loja para
Cristo.. É um desvio da atenção
para essa baixaria desse governo
Luís Inácio Lula da Silva", afirma.
A designer e artista plástica Elisa
Stecca, que é fornecedora de peças para a Daslu Casa, acredita
que Eliana sofre uma perseguição
pessoal. "Por outro lado, a Daslu
enquanto mercado de luxo está
na boca do povo. O escândalo foi
proporcional à imagem grandiloqüente que ela própria vendeu."
Elisa raciocina que "há um
componente de raiva contida
contra a violência dos números
desse mercado num país que tem
a pior concentração de renda."
Elas acham injusta a situação,
reclamam dos modos dos policiais, mas deixar de serem clientes
é que não vão. Lucinha Mauro,
sócia do cabeleireiro Marco Antonio de Biaggi no salão MG Hair
Design, aponta "perseguição à
empresa e ao público ligado a
ela". "O sucesso dela incomoda
muita gente. Vou continuar cliente de lá, pois adoro as coisas e admiro a Eliana como empresária."
Empresária como Eliana, Mariana Laskani importa, mensalmente, cerca de dez toneladas de
pedrarias do Leste Europeu para
vender no centro da cidade e se
disse admirada ao saber do tamanho da operação e ressalta que a
PF "não consegue acabar com a
pirataria escancarada na 25 de
Março". Para ela, essa é, de fato, a
maior de todas as contradições.
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