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Déficit fiscal dos EUA chega a
US$ 1 tri
Cifra inédita verificada no acumulo de 9 meses é resultado dos gastos para conter a recessão e da queda na receita provocada pela crise
Aumento da dívida pública
leva especialistas a questionar capacidade do governo dos EUA de honrar seus compromissos futuros
DA REDAÇÃO
O déficit no Orçamento do
governo dos EUA alcançou pela
primeira vez a marca de US$ 1
trilhão. O número foi atingido
no acumulado dos nove meses
do atual ano fiscal (período de
12 meses que teve início em outubro), resultado do aumento
dos gastos para conter a recessão e da queda na arrecadação
provocada pela crise.
Desde outubro de 2008, o governo americano já gastou US$
1,086 trilhão (o equivalente ao
PIB da Austrália, a 14ª maior
economia mundial) a mais do
que arrecadou -o déficit para o
mesmo período do ano fiscal
anterior era de US$ 286 bilhões. A previsão da Casa Branca é que o déficit neste ano ficará em US$ 1,84 trilhão -o resultado supera o PIB brasileiro
e equivale a 13% do americano.
Apenas em junho, os gastos
estatais avançaram 36,8% em
relação ao mesmo mês do ano
passado, enquanto a arrecadação recuou 17,1%. No mês, o déficit foi de US$ 94,3 bilhões.
O resultado de junho é um indicador dos problemas vividos
pelos EUA: foi a primeira vez
desde 1991 em que o governo
teve no mês gastos maiores do
que a arrecadação. Algo semelhante ocorreu em abril, quando ocorreu o primeiro déficit
para o mês em 26 anos -no período, a arrecadação costuma
subir por causa do pagamento
do Imposto de Renda.
Com resultados negativos
até em períodos em que tradicionalmente há superávits, os
EUA acumulam nove meses
consecutivos de déficit (algo
que não ocorria desde a recessão de 1991/92), e nada no curto prazo parece apontar para
uma mudança nessa tendência.
O crescimento do déficit
americano vem sendo causado
pelas políticas do governo para
tentar tirar a maior economia
global da recessão que dura 20
meses, como o pacote de estímulo de US$ 787 bilhões aprovado em fevereiro, e de planos
para ajudar empresas (como
GM e Chrysler) e bancos.
Ao mesmo tempo, a arrecadação vem em declínio, com o
aumento do desemprego (quase 6,5 milhões de vagas foram
eliminadas desde o início de
2008) e a consequente queda
no faturamento das empresas.
O aumento da dívida pública
está fazendo com que cresçam
as dúvidas sobre a capacidade
de o governo americano honrar
seus compromissos no futuro.
Alguns especialistas dizem
que não demorará para os EUA
perderem a avaliação máxima
de sua nota de crédito pelas
agências de classificação de risco, o que significa que o governo terá elevar os juros dos títulos do Tesouro (a forma como
os EUA financiam seus gastos)
para atrair investidores para o
que hoje são considerados os
papéis mais seguros do mundo.
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