São Paulo, terça-feira, 14 de julho de 2009

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Déficit fiscal dos EUA chega a
US$ 1 tri

Cifra inédita verificada no acumulo de 9 meses é resultado dos gastos para conter a recessão e da queda na receita provocada pela crise

Aumento da dívida pública leva especialistas a questionar capacidade do governo dos EUA de honrar seus compromissos futuros

DA REDAÇÃO

O déficit no Orçamento do governo dos EUA alcançou pela primeira vez a marca de US$ 1 trilhão. O número foi atingido no acumulado dos nove meses do atual ano fiscal (período de 12 meses que teve início em outubro), resultado do aumento dos gastos para conter a recessão e da queda na arrecadação provocada pela crise.
Desde outubro de 2008, o governo americano já gastou US$ 1,086 trilhão (o equivalente ao PIB da Austrália, a 14ª maior economia mundial) a mais do que arrecadou -o déficit para o mesmo período do ano fiscal anterior era de US$ 286 bilhões. A previsão da Casa Branca é que o déficit neste ano ficará em US$ 1,84 trilhão -o resultado supera o PIB brasileiro e equivale a 13% do americano.
Apenas em junho, os gastos estatais avançaram 36,8% em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto a arrecadação recuou 17,1%. No mês, o déficit foi de US$ 94,3 bilhões.
O resultado de junho é um indicador dos problemas vividos pelos EUA: foi a primeira vez desde 1991 em que o governo teve no mês gastos maiores do que a arrecadação. Algo semelhante ocorreu em abril, quando ocorreu o primeiro déficit para o mês em 26 anos -no período, a arrecadação costuma subir por causa do pagamento do Imposto de Renda.
Com resultados negativos até em períodos em que tradicionalmente há superávits, os EUA acumulam nove meses consecutivos de déficit (algo que não ocorria desde a recessão de 1991/92), e nada no curto prazo parece apontar para uma mudança nessa tendência.
O crescimento do déficit americano vem sendo causado pelas políticas do governo para tentar tirar a maior economia global da recessão que dura 20 meses, como o pacote de estímulo de US$ 787 bilhões aprovado em fevereiro, e de planos para ajudar empresas (como GM e Chrysler) e bancos.
Ao mesmo tempo, a arrecadação vem em declínio, com o aumento do desemprego (quase 6,5 milhões de vagas foram eliminadas desde o início de 2008) e a consequente queda no faturamento das empresas.
O aumento da dívida pública está fazendo com que cresçam as dúvidas sobre a capacidade de o governo americano honrar seus compromissos no futuro.
Alguns especialistas dizem que não demorará para os EUA perderem a avaliação máxima de sua nota de crédito pelas agências de classificação de risco, o que significa que o governo terá elevar os juros dos títulos do Tesouro (a forma como os EUA financiam seus gastos) para atrair investidores para o que hoje são considerados os papéis mais seguros do mundo.


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