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Lucro da Petrobras cai 20% no semestre
Estatal atribui recuo a câmbio valorizado, queda no preço do petróleo, alta de custos e rombo de fundo de pensão
Maior empresa do país encerra o primeiro semestre com R$ 17,8 bi em caixa, contra os R$ 27,8 bi que
tinha ao final de 2006
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras lucrou R$ 10,931
bilhões no primeiro semestre
de 2007, resultado 19,8% menor do que o registrado no mesmo período de 2006. No segundo trimestre, o lucro da companhia ficou em R$ 6,8 bilhões,
também com queda ante igual
período de 2006 -de 2%.
Em relação ao lucro do primeiro trimestre (R$ 4,131 bilhões), porém, o resultado cresceu 64,6%, graças aos melhores
preços internacionais do petróleo e ao final do efeito do pagamento extraordinário de R$ 1
bilhão para adesão dos funcionários à repactuação do Plano
Petros, fundo de pensão da estatal com rombo bilionário.
Segundo o diretor financeiro
da Petrobras, Almir Barbassa, o
aumento dos custos, a queda do
preço do petróleo e a valorização do real foram os principais
fatores para a redução do lucro
da empresa, a maior do país.
Na comparação com o primeiro semestre de 2006, os
custos de extração de óleo subiram 9,8%, num ritmo mais intenso que a produção de óleo
no país, que cresceu 2%.
Os custos mantiveram-se
mais altos porque a estatal continuou arcando com investimentos que ainda não produzem a plena capacidade. O mesmo, diz, ocorreu com a contratação de 8.000 empregados,
ainda " em treinamento".
"Houve, de fato, um aumento
de custos. Ninguém pode negar, mas ele é generalizado em
toda a indústria de petróleo",
disse o executivo.
Os preços do petróleo também caíram. O barril do brent
passou de US$ 65,7 na média do
primeiro semestre de 2006 para US$ 63,2 neste ano. Além
disso, também aumentou a defasagem do óleo produzido pela
Petrobras (mais pesado e de
menor valor) em relação ao
brent -de US$ 9 para US$ 11.
Do primeiro para o segundo
trimestre de 2007, o preço do
petróleo de referência reagiu,
de US$ 57,8 o barril para US$
68,8, o que explica a melhora do
lucro de abril a junho.
Outro efeito negativo veio do
câmbio, que se valorizou em
11% no semestre e em 6% no segundo trimestre. Só a apreciação do real causou uma perda
de R$ 1,5 bilhão no balanço da
Petrobras no primeiro semestre.
Barbassa afirmou que a empresa assume essa "perda contábil" porque tem ativos e receita em dólar depois convertidos para o real valorizado.
Todos esses fatores, juntos,
anularam o efeito positivo do
aumento do faturamento do
primeiro semestre. No período,
a receita líquida cresceu 9,3%,
passando para R$ 80,692 bilhões. O incremento decorreu
da incorporação da refinaria de
Pasadena (EUA), que produz e
vende 100 mil barris/dia, e da
ampliação das transações de
comércio exterior da estatal.
A Petrobras encerrou o primeiro semestre com R$ 17,854
bilhões em caixa, menos do que
os R$ 27,829 bilhões que tinha
ao final de 2006. A deterioração
se deve ao pagamento de R$ 7,4
bilhões em dividendos aos acionistas e ainda ao pagamento
aos funcionários para adesão às
novas regras do fundo Petros.
Outro motivo é o aumento de
45% nos investimentos no primeiro semestre, inclusive em
aquisições como a da Ipiranga
(US$ 4 bilhões, em parceria
com Ultra e Braskem).
Segundo o especialista
Adriano Pires, da CBIE, o resultado da Petrobras no segundo trimestre ficou no pico das
projeções (R$ 6,9 bilhões) graças ao aumento do preço internacional do petróleo, que subiu
19%, enquanto o resultado negativo no primeiro trimestre
foi causado pela queda do preço
do barril.
"As variações do lucro estão
sempre mais ligadas ao petróleo. Por isso é que se diz que o
melhor negócio do mundo é
uma empresa de petróleo bem
administrada, e o segundo melhor, uma empresa de petróleo
mal administrada", disse Pires.
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