São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2007

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Lucro da Petrobras cai 20% no semestre

Estatal atribui recuo a câmbio valorizado, queda no preço do petróleo, alta de custos e rombo de fundo de pensão

Maior empresa do país encerra o primeiro semestre com R$ 17,8 bi em caixa, contra os R$ 27,8 bi que tinha ao final de 2006

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras lucrou R$ 10,931 bilhões no primeiro semestre de 2007, resultado 19,8% menor do que o registrado no mesmo período de 2006. No segundo trimestre, o lucro da companhia ficou em R$ 6,8 bilhões, também com queda ante igual período de 2006 -de 2%.
Em relação ao lucro do primeiro trimestre (R$ 4,131 bilhões), porém, o resultado cresceu 64,6%, graças aos melhores preços internacionais do petróleo e ao final do efeito do pagamento extraordinário de R$ 1 bilhão para adesão dos funcionários à repactuação do Plano Petros, fundo de pensão da estatal com rombo bilionário.
Segundo o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, o aumento dos custos, a queda do preço do petróleo e a valorização do real foram os principais fatores para a redução do lucro da empresa, a maior do país.
Na comparação com o primeiro semestre de 2006, os custos de extração de óleo subiram 9,8%, num ritmo mais intenso que a produção de óleo no país, que cresceu 2%.
Os custos mantiveram-se mais altos porque a estatal continuou arcando com investimentos que ainda não produzem a plena capacidade. O mesmo, diz, ocorreu com a contratação de 8.000 empregados, ainda " em treinamento".
"Houve, de fato, um aumento de custos. Ninguém pode negar, mas ele é generalizado em toda a indústria de petróleo", disse o executivo.
Os preços do petróleo também caíram. O barril do brent passou de US$ 65,7 na média do primeiro semestre de 2006 para US$ 63,2 neste ano. Além disso, também aumentou a defasagem do óleo produzido pela Petrobras (mais pesado e de menor valor) em relação ao brent -de US$ 9 para US$ 11.
Do primeiro para o segundo trimestre de 2007, o preço do petróleo de referência reagiu, de US$ 57,8 o barril para US$ 68,8, o que explica a melhora do lucro de abril a junho.
Outro efeito negativo veio do câmbio, que se valorizou em 11% no semestre e em 6% no segundo trimestre. Só a apreciação do real causou uma perda de R$ 1,5 bilhão no balanço da Petrobras no primeiro semestre.
Barbassa afirmou que a empresa assume essa "perda contábil" porque tem ativos e receita em dólar depois convertidos para o real valorizado.
Todos esses fatores, juntos, anularam o efeito positivo do aumento do faturamento do primeiro semestre. No período, a receita líquida cresceu 9,3%, passando para R$ 80,692 bilhões. O incremento decorreu da incorporação da refinaria de Pasadena (EUA), que produz e vende 100 mil barris/dia, e da ampliação das transações de comércio exterior da estatal.
A Petrobras encerrou o primeiro semestre com R$ 17,854 bilhões em caixa, menos do que os R$ 27,829 bilhões que tinha ao final de 2006. A deterioração se deve ao pagamento de R$ 7,4 bilhões em dividendos aos acionistas e ainda ao pagamento aos funcionários para adesão às novas regras do fundo Petros.
Outro motivo é o aumento de 45% nos investimentos no primeiro semestre, inclusive em aquisições como a da Ipiranga (US$ 4 bilhões, em parceria com Ultra e Braskem).
Segundo o especialista Adriano Pires, da CBIE, o resultado da Petrobras no segundo trimestre ficou no pico das projeções (R$ 6,9 bilhões) graças ao aumento do preço internacional do petróleo, que subiu 19%, enquanto o resultado negativo no primeiro trimestre foi causado pela queda do preço do barril.
"As variações do lucro estão sempre mais ligadas ao petróleo. Por isso é que se diz que o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada, e o segundo melhor, uma empresa de petróleo mal administrada", disse Pires.


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