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Mercados globais têm dia mais calmo
BCs de UE, EUA e Japão colocaram mais US$ 72 bi no mercado financeiro ontem; desde quinta-feira, foram US$ 355 bi
Mercados da Europa e Ásia fecham em alta, enquanto Bovespa e EUA têm leve queda; analistas esperam que volatilidade prossiga
DA REDAÇÃO
Os bancos centrais dos EUA,
da União Européia e do Japão
voltaram a agir ontem, colocando mais US$ 72 bilhões no
mercado financeiro, e os mercados mundiais tiveram um dia
mais calmo, após as perdas agudas da semana passada.
Segundo analistas, o resultado das vendas do varejo nos
EUA também colaborou para o
dia ter sido mais calmo. Outro
fator que também teria ajudado
foi a decisão do banco Goldman
Sachs (EUA) de injetar, em parceira com outros investidores,
US$ 3 bilhões em um fundo de
hedge que perdeu mais de US$
1,5 bilhão, ou 30% do seu valor,
na última semana.
A desvalorização foi resultado da turbulência provocada
pelos temores de investidores
em relação ao mercado de crédito imobiliário americano e
suas repercussões no mercado
financeiro global.
As Bolsas européias, que foram as que mais que sofreram
na última sexta, tiveram altas
expressivas ontem. A de Londres subiu 2,99%, após cair
3,71% na sexta. Em Paris, a alta
foi de 2,21%, e, em Frankfurt,
de 1,78%. Os mercados asiáticos também apresentaram sinais de recuperação. Tóquio teve alta de 0,21%.
Nos EUA, as principais Bolsas operaram a maior parte do
dia com leve alta, mas fecharam
com pequena baixa. O índice
Dow Jones caiu 0,02%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq teve perda de 0,10%. No Brasil, a Bovespa caiu 0,39%.
Para o analista Ryan Detrick,
do Schaeffer's Investment Research, o fechamento em queda
da Bolsas americanas mostra
que os investidores permanecem nervosos. "Nós tivemos
um bom começo pela manhã,
mas as pessoas ainda estão receosas e não estão dispostas a
fazer grandes compras."
Ação dos BCs
Depois de colocar cerca de
US$ 213 bilhões à disposição do
mercado financeiro na quinta e
na sexta da semana passada, o
BCE (Banco Central Europeu)
emprestou mais US$ 65 bilhões, em uma tentativa de corrigir a falta de liquidez.
O Banco do Japão (o BC local) anunciou empréstimos de
US$ 5 bilhões. Já o Fed (BC dos
EUA) injetou mais US$ 2 bilhões. Nos últimos três dias de
funcionamento dos mercados,
esses três BCs emprestaram
cerca de US$ 355 bilhões. Outros BCs, como os do Canadá,
da Austrália e da Suíça, anunciaram ações semelhantes.
Hoje, após a abertura do
mercado local, o BC japonês
anunciou que retiraria do sistema financeiro cerca de US$ 5
bilhões em razão do excesso de
liquidez após os aportes dos últimos dias.
Alguns analistas crêem que,
com a volatilidade nos mercados, os BCs dos países desenvolvidos podem rever seus planos. No BCE, o de elevar sua taxa básica de juros; e, no Fed, de
não mexer nela.
As vendas do varejo nos EUA,
apontada por analistas como
um dos itens que ajudaram para o dia mais calmo, cresceram
0,3% no mês passado, um pouco acima do previsto. Em junho, elas tinham caído 0,7%.
Mas, num sinal de que os
problemas no mercado de crédito imobiliário americano podem estar se espalhando, o Fed
divulgou pesquisa que mostra
que 9 de 16 grandes bancos do
país que ainda financiam o setor "subprime" ( para pessoas
com histórico de crédito ruim)
aumentaram suas exigências
para conceder empréstimos.
A maior parte dos analistas
acredita que a volatilidade deva
permanecer nos próximos dias.
"Preocupações sobre onde as
perdas e até mesmo insolvências podem aparecer ainda devem continuar incomodando",
disse ao "Financial Times"
Larry Hatheway, do UBS.
"Enquanto não houver maior
clareza sobre aquele setor [de
"subprime'], eu acredito que a
única coisa que nós podemos
ter certeza é que ainda continuará a ter muita volatilidade",
afirmou ao "Wall Street Journal" Ted Weisberg, do of Seaport Securities. Para J. Michael
Barron, do Knott Capital, os investidores devem agir de maneira defensiva e prestar "muita atenção" aos EUA.
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