São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2007

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Mercados globais têm dia mais calmo

BCs de UE, EUA e Japão colocaram mais US$ 72 bi no mercado financeiro ontem; desde quinta-feira, foram US$ 355 bi

Mercados da Europa e Ásia fecham em alta, enquanto Bovespa e EUA têm leve queda; analistas esperam que volatilidade prossiga

DA REDAÇÃO

Os bancos centrais dos EUA, da União Européia e do Japão voltaram a agir ontem, colocando mais US$ 72 bilhões no mercado financeiro, e os mercados mundiais tiveram um dia mais calmo, após as perdas agudas da semana passada.
Segundo analistas, o resultado das vendas do varejo nos EUA também colaborou para o dia ter sido mais calmo. Outro fator que também teria ajudado foi a decisão do banco Goldman Sachs (EUA) de injetar, em parceira com outros investidores, US$ 3 bilhões em um fundo de hedge que perdeu mais de US$ 1,5 bilhão, ou 30% do seu valor, na última semana.
A desvalorização foi resultado da turbulência provocada pelos temores de investidores em relação ao mercado de crédito imobiliário americano e suas repercussões no mercado financeiro global.
As Bolsas européias, que foram as que mais que sofreram na última sexta, tiveram altas expressivas ontem. A de Londres subiu 2,99%, após cair 3,71% na sexta. Em Paris, a alta foi de 2,21%, e, em Frankfurt, de 1,78%. Os mercados asiáticos também apresentaram sinais de recuperação. Tóquio teve alta de 0,21%.
Nos EUA, as principais Bolsas operaram a maior parte do dia com leve alta, mas fecharam com pequena baixa. O índice Dow Jones caiu 0,02%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq teve perda de 0,10%. No Brasil, a Bovespa caiu 0,39%.
Para o analista Ryan Detrick, do Schaeffer's Investment Research, o fechamento em queda da Bolsas americanas mostra que os investidores permanecem nervosos. "Nós tivemos um bom começo pela manhã, mas as pessoas ainda estão receosas e não estão dispostas a fazer grandes compras."

Ação dos BCs
Depois de colocar cerca de US$ 213 bilhões à disposição do mercado financeiro na quinta e na sexta da semana passada, o BCE (Banco Central Europeu) emprestou mais US$ 65 bilhões, em uma tentativa de corrigir a falta de liquidez.
O Banco do Japão (o BC local) anunciou empréstimos de US$ 5 bilhões. Já o Fed (BC dos EUA) injetou mais US$ 2 bilhões. Nos últimos três dias de funcionamento dos mercados, esses três BCs emprestaram cerca de US$ 355 bilhões. Outros BCs, como os do Canadá, da Austrália e da Suíça, anunciaram ações semelhantes.
Hoje, após a abertura do mercado local, o BC japonês anunciou que retiraria do sistema financeiro cerca de US$ 5 bilhões em razão do excesso de liquidez após os aportes dos últimos dias.
Alguns analistas crêem que, com a volatilidade nos mercados, os BCs dos países desenvolvidos podem rever seus planos. No BCE, o de elevar sua taxa básica de juros; e, no Fed, de não mexer nela.
As vendas do varejo nos EUA, apontada por analistas como um dos itens que ajudaram para o dia mais calmo, cresceram 0,3% no mês passado, um pouco acima do previsto. Em junho, elas tinham caído 0,7%.
Mas, num sinal de que os problemas no mercado de crédito imobiliário americano podem estar se espalhando, o Fed divulgou pesquisa que mostra que 9 de 16 grandes bancos do país que ainda financiam o setor "subprime" ( para pessoas com histórico de crédito ruim) aumentaram suas exigências para conceder empréstimos.
A maior parte dos analistas acredita que a volatilidade deva permanecer nos próximos dias. "Preocupações sobre onde as perdas e até mesmo insolvências podem aparecer ainda devem continuar incomodando", disse ao "Financial Times" Larry Hatheway, do UBS.
"Enquanto não houver maior clareza sobre aquele setor [de "subprime'], eu acredito que a única coisa que nós podemos ter certeza é que ainda continuará a ter muita volatilidade", afirmou ao "Wall Street Journal" Ted Weisberg, do of Seaport Securities. Para J. Michael Barron, do Knott Capital, os investidores devem agir de maneira defensiva e prestar "muita atenção" aos EUA.


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