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Governo libera parceria Furnas/Odebrecht
Para compensar união, estratégia é permitir que outras estatais da Eletrobrás possam se unir a grupos privados no leilão do Madeira
Idéia inicial era limitar licitação de hidrelétrica a empresas privadas, mas construtora revelou ter
fechado acordo com Furnas
HUMBERTO MEDINA
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo descartou a idéia
de limitar a licitação da hidrelétrica de Santo Antônio, no rio
Madeira (RO), a empresas privadas. Para compensar a parceria da construtora Odebrecht
com a estatal Furnas e atrair
outros grupos privados ao negócio, a estratégia agora é oferecer como sócias aos demais
concorrentes outras estatais,
subsidiárias do grupo Eletrobrás, como Chesf e Eletronorte.
A parceria Furnas-Odebrecht, fruto de um acordo sigiloso selado há dois anos, ainda
ameaça levar o leilão da usina a
uma batalha judicial.
"Estamos caminhando para
um modelo no qual Odebrecht
e Furnas podem ficar juntas
por causa do acordo, mas a
Odebrecht abriria mão de uma
cláusula que diz que as outras
empresas do grupo Eletrobrás
não podem participar. Aí as outras empresas do grupo Eletrobrás estariam liberadas para
participar com outros consórcios", disse Maurício Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética,
estatal que planeja o setor).
Com a medida, o governo visa contornar a crise envolvendo as empreiteiras Norberto
Odebrecht, que já assinara
acordo com Furnas para participar do leilão, e Camargo Corrêa, que quer condições isonômicas para entrar na disputa.
A intenção original do governo, anunciada em junho pelo
ministro interino de Minas e
Energia, Nelson Hubner, era
impedir a participação de estatais na licitação e oferecer a
Eletrobrás como sócia da empresa ou consórcio privado que
vencesse a disputa.
No mês seguinte, quando o
empreendimento ganhou a licença ambiental prévia, a Odebrecht tornou público o acordo
com Furnas. E classificou de
"quebra explícita de contrato"
a possibilidade de a Eletrobrás
vir a se associar a alguma outra
empresa privada que vencesse
o leilão. Desde então técnicos
do governo vinham estudando
o acordo Furnas-Odebrecht
para tentar fazer o leilão sem a
participação da estatal. A quebra do acordo imporia a Furnas
uma multa de valor elevado.
O formato sugerido por Tolmasquim já conta com o apoio
da Odebrecht. Representante
da construtora já havia dito não
ver inconveniente em que as
outras subsidiárias da Eletrobrás se associem aos concorrentes. Segundo Irineu Meireles, esse seria um "gesto cívico",
de boa vontade da empreiteira.
A Camargo Corrêa, por outro
lado, já informou que não basta
liberar as demais subsidiárias
da Eletrobrás. O edital precisa
explicitar termos e condições
da participação do sócio estatal,
como a taxa de retorno mínima
que a estatal vai exigir, que teriam que ser nas mesmas condições de Furnas.
Limitação
Mesmo disputando a licitação, a Odebrecht deverá ter sua
participação limitada a 20%.
Segundo a portaria que estabeleceu as diretrizes da licitação,
fornecedores de equipamentos
e construtoras não podem exceder esse limite, para não encarecer a obra e onerar a tarifa.
"Numa obra, muitas vezes o interesse dos investidores não é o
mesmo dos construtores e dos
donos de equipamentos. Quem
investe quer construir pelo menor valor possível, e quem faz a
construção e é dono dos equipamentos quer o maior valor
possível pelo seu trabalho", disse Tolmasquim.
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