São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alta do leite chega ao campo e anima produtores de MG

Valorização faz os produtores voltarem a investir em animais de qualidade

Federação espera que preço perdure por mais seis meses, tempo suficiente para que possam ser recuperadas as perdas de 2005 e de 2006

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Responsável pela produção de 28% do leite brasileiro, o produtor de Minas Gerais vê com satisfação a alta do preço do leite no mercado.
Os ganhos estão chegando ao campo e não se restringem à indústria, que transforma o leite em produtos de maior valor agregado. Mas ainda é pouco para o produtor mineiro.
Em que pese a alta do leite estar puxando a inflação para cima desde janeiro -na cidade de São Paulo, por exemplo, segundo a Fipe, as altas acumuladas no ano são de 25% para o leite pasteurizado e de 33% para o longa vida-, o produtor mineiro diz que somente a partir de maio foi possível iniciar um processo de capitalização, que espera durar ao menos mais seis meses.
Eduardo Dessimoni, da Comissão Técnica de Leite da Faemg (Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais), disse que esse é o prazo mínimo para que o produtor recupere os prejuízos de 2005 e de 2006.
Esses prejuízos, diz ele, estão entre as principais causas da escassez do leite no mercado brasileiro, cuja produção anual é de cerca de 27 bilhões de litros. Dessimoni disse que os preços atingiram o patamar de maio de 2005 em maio deste ano, ocorrendo agora a fase da recuperação.
"De 2005 até o final de 2006, o preço só caiu. Conseqüência: o produtor iniciou um processo de descapitalização. Com a crise, vendeu matrizes e bezerros. Isso é ruim para todos -do produtor ao consumidor."
A entressafra, o aumento da demanda mundial, a redução do subsídio governamental na Europa e problemas climáticos em países produtores, como Nova Zelândia e Austrália, também são causas da elevação do preço e da oferta menor, no Brasil e no exterior.

Queda na produção
Segundo o IBGE, a produção de leite em Minas (7,2 bilhões de litros em 2006) caiu 11% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2006. E continuou caindo até maio em todo o país, conforme o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da USP.
Foram cinco meses seguidos de queda, segundo o Índice de Captação de Leite (Icap-L) do Cepea -que aponta a entressafra como motivo. Em junho, já houve alta média de 4,6% sobre maio. Os produtores vêem nisso reflexos da capitalização.
Dessimoni disse que a capitalização do setor é o primeiro passo para a regularização do mercado, já que o produtor fica incentivado a investir em animais de qualidade e em programas de manejo e sanidade.

Preço estabilizado
A capitalização no setor começou com o preço do litro pago ao produtor mineiro variando de R$ 0,60 a R$ 0,80 em junho, diz o assessor especial do leite do governo de Minas, Luiz Afonso de Oliveira. Em julho, o preço ficou de R$ 0,65 a R$ 0,85 e continua aumentando.
Esse movimento já foi percebido pelo Cepea. No pagamento de julho, o valor médio dos sete Estados incluídos na pesquisa foi de R$ 0,68 por litro, alta de 9,6% comparado a junho.
Produtores, especialistas e o governo de Minas prevêem que o preço do leite não mais retrocederá aos patamares de 2006.
"Agora podemos prever, na entressafra e na safra, a manutenção da margem de lucro desse setor, de fundamental importância econômica e social", disse o secretário da Agricultura de Minas, Gilman Viana.


Texto Anterior: Comércio: EUA levam China à OMC por violação de propriedade intelectual
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.