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Alta do leite chega ao campo e anima produtores de MG
Valorização faz os produtores voltarem a investir em animais de qualidade
Federação espera que preço perdure por mais seis meses, tempo suficiente para que
possam ser recuperadas as perdas de 2005 e de 2006
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Responsável pela produção
de 28% do leite brasileiro, o
produtor de Minas Gerais vê
com satisfação a alta do preço
do leite no mercado.
Os ganhos estão chegando ao
campo e não se restringem à indústria, que transforma o leite
em produtos de maior valor
agregado. Mas ainda é pouco
para o produtor mineiro.
Em que pese a alta do leite estar puxando a inflação para cima desde janeiro -na cidade de
São Paulo, por exemplo, segundo a Fipe, as altas acumuladas
no ano são de 25% para o leite
pasteurizado e de 33% para o
longa vida-, o produtor mineiro diz que somente a partir de
maio foi possível iniciar um
processo de capitalização, que
espera durar ao menos mais
seis meses.
Eduardo Dessimoni, da Comissão Técnica de Leite da
Faemg (Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais), disse que esse é o prazo
mínimo para que o produtor
recupere os prejuízos de 2005 e
de 2006.
Esses prejuízos, diz ele, estão
entre as principais causas da
escassez do leite no mercado
brasileiro, cuja produção anual
é de cerca de 27 bilhões de litros. Dessimoni disse que os
preços atingiram o patamar de
maio de 2005 em maio deste
ano, ocorrendo agora a fase da
recuperação.
"De 2005 até o final de 2006,
o preço só caiu. Conseqüência:
o produtor iniciou um processo
de descapitalização. Com a crise, vendeu matrizes e bezerros.
Isso é ruim para todos -do produtor ao consumidor."
A entressafra, o aumento da
demanda mundial, a redução
do subsídio governamental na
Europa e problemas climáticos
em países produtores, como
Nova Zelândia e Austrália, também são causas da elevação do
preço e da oferta menor, no
Brasil e no exterior.
Queda na produção
Segundo o IBGE, a produção
de leite em Minas (7,2 bilhões
de litros em 2006) caiu 11% no
primeiro trimestre deste ano
em relação ao mesmo período
de 2006. E continuou caindo
até maio em todo o país, conforme o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada), da USP.
Foram cinco meses seguidos
de queda, segundo o Índice de
Captação de Leite (Icap-L) do
Cepea -que aponta a entressafra como motivo. Em junho, já
houve alta média de 4,6% sobre
maio. Os produtores vêem nisso reflexos da capitalização.
Dessimoni disse que a capitalização do setor é o primeiro
passo para a regularização do
mercado, já que o produtor fica
incentivado a investir em animais de qualidade e em programas de manejo e sanidade.
Preço estabilizado
A capitalização no setor começou com o preço do litro pago ao produtor mineiro variando de R$ 0,60 a R$ 0,80 em junho, diz o assessor especial do
leite do governo de Minas, Luiz
Afonso de Oliveira. Em julho, o
preço ficou de R$ 0,65 a R$ 0,85
e continua aumentando.
Esse movimento já foi percebido pelo Cepea. No pagamento de julho, o valor médio dos
sete Estados incluídos na pesquisa foi de R$ 0,68 por litro, alta de 9,6% comparado a junho.
Produtores, especialistas e o
governo de Minas prevêem que
o preço do leite não mais retrocederá aos patamares de 2006.
"Agora podemos prever, na
entressafra e na safra, a manutenção da margem de lucro desse setor, de fundamental importância econômica e social",
disse o secretário da Agricultura de Minas, Gilman Viana.
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