São Paulo, Sábado, 14 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIAÇÃO & CONSUMO - RÉPLICA

Senhor publicitário Francesc Petit...

CLÓVIS CARVALHO

Entre todas as mensagens que recebi, desde que assumi o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, sem dúvida a sua foi uma das que mais me animaram a encarar com otimismo o desafio que tenho pela frente: aumentar de forma significativa as exportações brasileiras e, com isso, dar um forte impulso à geração de empregos, questão que aflige hoje nove entre dez brasileiros.
Talvez por coincidência, ou nem tanto, sua carta aberta de sábado passado inaugura o que pretendo tornar uma rotina deste ministério, que é ouvir e buscar parcerias efetivas com todas as pessoas e representantes dos setores que de alguma forma se interessem ou se vinculem ao esforço de vender nossos produtos e serviços no exterior. Idéias, sugestões, propostas, opiniões e críticas serão, portanto, sempre muito bem-vindas.
No seu caso, vou mais longe. Concordo inteiramente com todas as observações e sugestões feitas em seu artigo-carta. E passo logo a uma proposta objetiva, que dê consequência prática ao que foi escrito. Estou a sua disposição para participar de um "brainstorm", em data e local a ser definidos por você, que reúna, se for o caso, outros publicitários que também queiram dar a sua contribuição. Não tenho dúvidas de que um encontro desses seria capaz de produzir um plano realista, mas criativo, de ações e metas.
À lista de sugestões e idéias que você apresentou -apoiar e orientar os exportadores brasileiros, criar um selo que garanta a qualidade dos produtos, investir meio a meio com os empresários em propaganda e promoção no exterior, convencê-los de que seus produtos precisam ser bons, bonitos e ter preços competitivos, criar um "Espaço Brasil" nas principais feiras internacionais, entre outras- permito-me acrescentar uma que me parece premissa para tudo o mais. Precisamos com urgência reforçar a auto-estima e a autoconfiança do brasileiro, para que o "made in Brazil" seja visto como sinônimo de qualidade.
Gostaria que cada cidadão deste país assimilasse um pouco do espírito dos publicitários brasileiros: estão entre os melhores profissionais do mundo, sabem o que valem e não costumam perder nenhuma oportunidade para afirmar isso, aqui dentro e em todos os festivais que contam. Se não nos acharmos bons para nós mesmos, jamais conseguiremos convencer os outros.
Essa idéia se consolidou há alguns dias, quando assistia a uma excelente reportagem na televisão sobre a percepção dos consumidores brasileiros em relação aos produtos nacionais e importados. Parcela expressiva dos entrevistados declarava ainda preferir os importados, "porque eram melhores". Não sou especialista, mas entendo que nossa primeira tarefa será desfazer essa percepção -se é que ela realmente subsiste, como apontou a reportagem-de que os outros fazem melhor do que nós.


Clóvis Carvalho, 60, engenheiro eletrônico e bacharel em filosofia e letras, é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.


Texto Anterior: Pão de Açúcar preocupa conselheira
Próximo Texto: Luís Nassif: A hora do turismo
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.