São Paulo, Sábado, 14 de Agosto de 1999
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GOVERNO
Para o presidente do Banco Central, divulgação do Orçamento em 31 de agosto pode sanar dúvidas
País vive turbulência, reconhece Fraga

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

Armínio Fraga, presidente do Banco Central, afirmou ontem que o Brasil vive um momento de turbulência. "Isso não é segredo. Muitos têm dúvidas em relação a vários aspectos da economia do país", disse.
Segundo Fraga, isso tem se refletido nas altas do dólar e dos juros no mercado futuro. Entretanto, o presidente do BC se mostra otimista e avalia que essas altas podem ser revertidas.
Para ele, há dúvidas tanto no ambiente interno quanto no externo. Dentro do país, ele citou como uma das principais a preocupação com a capacidade de se manter o ajuste fiscal no ano 2000. "A divulgação do Orçamento em 31 de agosto vai sanar essas dúvidas. Será um Orçamento realista e que já embute a meta de superávit primário para o próximo ano."
Outra área que gera apreensão no mercado, segundo ele, é a agenda do Congresso. "O Congresso continuará discutindo e votando os assuntos importantes", disse ele, acrescentando que essa é sua percepção a partir de conversas com parlamentares.
Fraga defendeu prioridade à discussão sobre os impostos federais na reforma tributária. "É o que me parece ter mais impacto na condução da política econômica. Se conseguirmos resolver esta primeira parte teremos uma grande coisa."
Para ele, a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal vai permitir que o país tenha um orçamento pela primeira vez em sua história. "A noção de responsabilidade fiscal ainda não foi totalmente absorvida por nós."
Em relação à reforma previdenciária, Fraga disse que a previdência do setor privado corre o risco de grande elevação do déficit se as mudanças não ocorrerem. "Hoje o déficit da previdência do setor público é muito maior, mas os números mostram projeções de um déficit explosivo na previdência do setor privado."
Com relação ao ambiente externo, ele disse que o balanço de pagamentos está "saudável". "Hoje (ontem), os investimentos diretos já ultrapassaram US$ 18 bilhões. É um volume extraordinário, que indica que o total do ano mais que cobrirá o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos."
Segundo Fraga, o Banco Central não tem feito intervenções no mercado de câmbio nos últimos dois meses ou mais. Ele disse ainda que, se o país continuar com os ajustes econômicos, tem condições de entrar em um ciclo de crescimento sem medo de inflação e de problemas cambiais. "É natural que, em um momento em que a economia está abaixo do seu potencial, haja desconforto. Ninguém gosta de recessão."


Colaborou o FolhaNews


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